6:24Assembleia começa a limpeza da Casa

Do jornal Gazeta do Povo em reportagem de Karlos Kohlbach, Katia Brembatti, James Alberti e Gabriel Tabatcheik
http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/diariossecretos/ 

AL exonera 237 comissionados
Direção da Casa publicou três diários oficiais que mostram a demissão, com datas retroativas a março, de funcionários citados na série de denúncias da Gazeta do Povo e RPCTV 

A Assembleia Legislativa do Paraná publicou a exoneração de 237 servidores comissionados em três diários oficiais dos dias 5, 6 e 7 deste mês. Muitos desses atos são retroativos – algumas decisões da Mesa Executiva são de 1.º de fevereiro de 2010, mas só foram publicadas dois meses depois. A medida antecipou a demissão dos funcionários em cargos de confiança, anunciada para o fim do mês de abril. Entre os 237 exonerados pela Assembleia, estão 22 servidores que foram mostrados na série “Diários Secretos” da Gazeta do Povo e RPCTV.
De acordo com os Diários Oficiais 31, 32 e 33, os comissionados teriam sido demitidos em atos retroativos nos primeiros quatro dias de março – antes do início das reportagens da Gazeta do Povo e da RPCTV. Na lista de exonerados da Assembleia paranaense constam 14 funcionários em cargos de confiança que recebiam supersalários – acima de R$ 20 mil por mês.
 A publicação de atos retroativos foi alvo de uma das denúncias da Gazeta do Povo e da RPCTV. As reportagens mostraram também casos de servidores recebendo supersalários, funcionários fantasmas e laranjas que supostamente eram usados em um esquema de desvio de dinheiro público montado dentro da Assembleia.
Ontem, reportagem da Gazeta do Povo e da RPCTV mostrou que mesmo após todas as denúncias da série “Diários Secretos”, a direção da Casa mantém a mesma forma de administrar a Assembleia. Os diários 31, 32 e 33 revelaram que a Casa manteve 36 atos secretos e utilizou o mesmo ato da Mesa Executiva, o de número 332/2010, para demitir duas servidores distintas – uma delas a agricultora Vanilda Leal.
 Demitido
Um dos demitidos pela Assembleia é o motorista Wilson Schabatura, de 76 anos. Ele foi exonerado do gabinete da administração, que era chefiado por José Ary Nassiff – diretor afastado após as denúncias. Em 18 de março deste ano, a Gazeta do Povo e a RPCTV mostraram que o motorista encabeçava a lista das 73 pessoas que entre 2004 e 2009 receberam salários acima de R$ 20 mil – o que contraria a lei aprovada pelo Legislativo paranaense. Na conta de Schabatura, a Assembleia creditou R$ 1,3 milhão nesse período. O motorista foi procurado pela reportagem na época das denúncias, mas segundo informações de vizinhos, Schabatura teria mudado para Porto Seguro, na Bahia.
A Assembleia demitiu também Alessandro Gbur, Clori de Oliveira Gbur e Pierre José Gbur, que apareceram em reportagens da série “Diários Secretos”. Junto, o trio recebeu R$ 3,7 milhões da Assembleia. Pierre trabalha como garçom numa casa noturna em Curitiba. Ao ser abordado pela reportagem, ele admitiu que nunca trabalhou no Legislativo. O elo da família Gbur com a Assembleia é o servidor Daor Afonso Marins de Oliveira, que também está na lista de demissões. Daor foi encontrado pela reportagem numa imobiliária que funciona no mesmo endereço de uma das empresas de Abib Miguel, diretor-geral afastado da Assembleia, no centro de Curitiba.
Na relação de exonerados aparece integrantes da família de Douglas Bastos Pequeno, contador da fazenda de Abib Miguel. Mariles Prevedelo Pequeno, que foi casada com Bastos Pequeno, e as filhas Lorete e Gina foram demitidas. As três apareciam na relação de servidores da Assembleia, mas moravam em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina. Sem saber que estavam sendo gravadas, admitiram que moram na praia há pelo menos cinco anos. Além delas, dois netos de Bastos Pequeno, a atual mulher do contador e a filha dele perderam o cargo na Assembleia.
  

Rede Justus
Os três diários publicados neste mês trazem a exoneração de seis funcionários ligados ao presidente da Casa, deputado Nelson Justus (DEM). Os servidores integravam redes de familiares de dois assessores de Justus: Sérgio Roberto Monteiro, chefe de gabinete, e Luiz Alexandre Barbosa. Os assessores conseguiram emprego para mais de 30 parentes. Para Justus, as contratações eram uma coisa “perfeitamente normal”.
A reportagem procurou a direção da Assembleia para comentar as exonerações publicadas em abril, mas a Diretoria de Comunicação da Casa informou que deve se manifestar sobre o assunto apenas hoje. 

 Deputado diz que Assembleia errou ao demitir funcionáriaKarlos Kohlbach e Katia Brembatti 

O deputado Elio Rusch (DEM), líder da oposição na Casa, afirmou ontem que a Assembleia Legislativa do Paraná errou ao publicar que a funcionária comissionada Cintia Beal foi exonerada do gabinete dele. O Diário Oficial da Casa 31, de 5 de abril de 2010, traz o ato da Mesa Executiva número 368 que demitiu Cintia do gabinete de Rusch. O parlamentar negou que ela foi exonerada e afirmou que vai pedir para a Assembleia retificar o ato oficial. 

Documentos obtidos com exclusividade pela Gazeta do Povo e pela RPCTV revelaram que a Assembleia Legislativa depositou salários na conta bancária de Cintia em janeiro, fevereiro e abril de 2009. Em março do ano passado, a Assembleia divulgou a lista de servidores e Cintia não apareceu na relação.  

O diretor legislativo da Casa, Severo Sotto Maior, foi procurado pela reportagem para explicar a demissão do funcionário Daor Afonso Marins de Oliveira do gabinete comandado por ele, mas não foi encontrado. Um funcionário informou que Severo não foi trabalhar por motivos médicos. 

Daor foi exonerado pelo Ato 130 publicado no Diário Oficial 31. Reportagem da Gazeta do Povo e da RPCTV mostrou que o comissionado trabalha como corretor imobiliário na mesma sala comercial que funciona uma empresa do diretor-geral afastado da Casa Abib Miguel, no centro de Curitiba.

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Diário oficial desmente versão de Nelson Justus
por Karlos Kohlbach e James Alberti
 

Os diários oficiais 31, 32 e 33, de abril de 2010, desmentem as versões que Assembleia Legislativa do Paraná e o presidente da Casa, deputado Nelson Justus (DEM. foto), deram para tentar explicar algumas das irregularidades mostradas pela Gazeta do Povo e pela RPCTV na série “Diários Secretos”.

A primeira reportagem mostrou o caso das agricultoras Jermina Maria Leal e Vanilda Leal, que receberam depósitos da Assembleia que somados totalizam cerca de R$ 1,6 milhão. As duas, que moram em uma casa de chão batido em Cerro Azul, região metropolitana de Curitiba, negam ter ficado com o dinheiro. Vanilda foi exonerada no diário 32, de 6 abril de 2010, do gabinete da administração. A demissão está em um ato retroativo a 1.º de março deste ano.

A data de demissão não bate com uma nota oficial da Assembleia assinada pelo então diretor-geral Abib Miguel. O documento, com data de 16 de março, informava que Jermina e Vanilda eram ocupantes de cargo em comissão. A nota de Abib Miguel desmentiu uma informação da diretoria de comunicação da Casa, que afirmou que Vanilda estava lotada no gabinete do deputado Jocelito Canto (PTB).

O diário que mostra a exoneração de Vanilda ainda coloca em xeque uma declaração do presidente Nelson Justus. Em entrevista à Gazeta do Povo e à RPCTV, Justus confirmou que em 19 de março Vanilda Leal ainda era funcionária da Casa. “[Ela] Foi nomeada na administração. Eu determinei na mesma hora a exoneração dela e a apuração por esta comissão que está apurando o fato”.

Cabeleireira

O Diário Oficial 32 mostra que a assessora de Nelson Justus, a cabeleireira Tereza Ferreira Alves, foi demitida em 2 de março de 2010 do cargo que ocupava no gabinete da presidência. No dia 13 de abril, a reportagem localizou Tereza em um salão de beleza que ela tem em Curitiba. Ela confirmou que era funcionária da Assembleia, mas não soube responder que tipo de trabalho fazia na Casa. Tereza disse ainda que, em 13 de abril, estava de licença médica – declaração que contradiz o Ato da Mesa Executiva 249, assinado por Justus e impresso no Diário Oficial 32. “[Trabalho para o] Nelson Justus. Tô de licença para fazer uma cirurgia. Tão decidindo o que fazem comigo lá”, disse a cabeleireira.

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Deputado diz que Assembleia errou ao demitir funcionária
por Karlos Kohlbach e Katia Brembatti

O deputado Elio Rusch (DEM), líder da oposição na Casa, afirmou ontem que a Assembleia Legislativa do Paraná errou ao publicar que a funcionária comissionada Cintia Beal foi exonerada do gabinete dele. O Diário Oficial da Casa 31, de 5 de abril de 2010, traz o ato da Mesa Executiva número 368 que demitiu Cintia do gabinete de Rusch. O parlamentar negou que ela foi exonerada e afirmou que vai pedir para a Assembleia retificar o ato oficial.

Documentos obtidos com exclusividade pela Gazeta do Povo e pela RPCTV revelaram que a Assembleia Legislativa depositou salários na conta bancária de Cintia em janeiro, fevereiro e abril de 2009. Em março do ano passado, a Assembleia divulgou a lista de servidores e Cintia não apareceu na relação. 

O diretor legislativo da Casa, Severo Sotto Maior, foi procurado pela reportagem para explicar a demissão do funcionário Daor Afonso Marins de Oliveira do gabinete comandado por ele, mas não foi encontrado. Um funcionário informou que Severo não foi trabalhar por motivos médicos.

Daor foi exonerado pelo Ato 130 publicado no Diário Oficial 31. Reportagem da Gazeta do Povo e da RPCTV mostrou que o comissionado trabalha como corretor imobiliário na mesma sala comercial que funciona uma empresa do diretor-geral afastado da Casa Abib Miguel, no centro de Curitiba.

 

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