7:53Parabéns aos repórteres da RPC

O aniversário de um mês do início das denúncias sobre os porões e sótãos da Assembleia Legislativa do Paraná precisam ser comemorados, sim. Está de parabéns a equipe de repórteres que rasgaram a cortina da hipocrisia que cerca os poderes públicos do Paraná e mostraram um tico da podridão que corrói os cofres públicos desde sempre em benefício de homens que não são públicos, mas sem caráter. Está de parabéns a Rede Paranaense de Comunicação (RPC) por bancar a série e, assim, mostrar a importância do jornalismo competente na defesa dos interesses da população, que sempre bancou a esbórnia daqueles que acham acima do bem e do mal e intocáveis, num paradoxo surreal, pois, no caso da Assembleia, estão ali pela vontade dos mesmos cidadãos a quem não respeitam e se aproveitam da benevolência, da falta de reação, do comodismo, da “boa vontade”, características marcantes deste povão brasileiro que sofre resignado. O compadrio entre os poderes concentrados naquele Centro Cívico, que deveria ser chamado mesmo de Centro Cínico, compadrio este reforçado pelo silêncio da maioria dos chamados órgãos de comunicação e jornalistas comprometidos ou medrosos, que silenciaram quando a porta foi arrombada, com a desculpa esfarrapada e comum na imprensa brasileira, de que quem enfiou o dedo na ferida é que tem exclusividade de abri-la mais, este compadrio, esta conivência, montou rapidamente uma barreira e uma rede de boatos para tentar se proteger das denúncias, que caíram neste mês como pingos de água benta nos demônios de terno, gravata e caras de pau. Para que? Para que a esbórnia continuasse. O Ministério Público do Paraná precisou levar uma bordoada de um único promotor, integrante da linha de frente deste verdadeiro Exército de Brancaleone, para acordar para os seus verdadeiros deveres. Dentro da Assembleia, os deputados se viram nus diante dos fatos – e até agora se agarraram de forma absurda na defesa da “Instituição”, num silêncio quase total, conivente, ou seja, que aprova esta cena surreal apresentada todo dia na abertura dos trabalhos: são comandados por um presidente enxovalhado de denúncias e que se mantém na cadeira principal do parlamento como se vivesse no mundo da própria fantasia, como se ali, naquela casa, como foi mostrado e provado pelas denúncias, não existissem fantasmas e pelo menos um cadáver a trabalhar para encher os bolsos de pessoas indignas. Ao som da música do momento, Reboletion, a chamada “Casa” se mexeu diante dos fatos. Esqueceu-se a encenação da lista da transparência do ano passado e está-se fazendo aquilo que deveria existir desde que a Assembleia passou a existir. O recadastramento para se saber quem trabalha de fato (e aqui é preciso mesmo um parêntesis para separar os funcionários públicos e os comissionados que honram com trabalho o dinheiro que recebem, e por isso mesmo estão comemorando o que está acontecendo) é, por si só, o reconhecimento do descontrole total que ali existe – e que beneficiava o que mesmo? Por isso, o trabalho dos repórteres da equipe da RPC que trabalha há dois anos nos “Diários Secretos” não é só um marco na história do jornalismo do Paraná, é um marco na história política deste Estado. Sim, é provável que poucos sejam os que pagarão na Justiça pelos atos abjetos que cometeram, mas a verdade é que, desde que, há um mês, a luz dura da verdade baixou sobre o Legislativo, os seus ocupantes e os dos prédios adjacentes, os vizinhos da Justiça, do Governo do Paraná, da Prefeitura de Curitiba e, também, os do Tribunal de Contas, com certeza passaram a pensar diferente e, agora, daqui pra frente, antes de cometer bobagens, de se omitirem, pensarão duas vezes. E isso, aqui na Província, é muita coisa.

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