de Jorge Luis Borges
Não tenho mais teus arredores, minha pátria, mas ainda guardo tuas estrelas.
O mais remoto firmamento as trouxe e agora se perdem em sua graça os mastros.Soltaram-se das altas cornijas como um assombro de pombos.
Vêm do pátio onde o poço é uma torre invertida entre dois céus.
Vêm do viçoso jardim cuja inquietude sobe ao pé do muro como água sombria.
Vêm do lasso entardecer de província, manso como amarantos. São imortais e veeementes; nenhum povo vai medir sua eternidade.
Diante de sua firmeza de luz todas as noites dos homens vão se curvar como folhas secas.
São um claro país e de algum modo minha terra habita seu espaço.