5:37Descrença geral

Do jornal Gazeta do Povo, em reportagem de Karlos Kohlbach e Heliberton Cesca

64% acham que medidas adotadas são insuficientes
Levantamento da Paraná Pesquisas revela que 80% dos curitibanos estão descrentes na punição dos envolvidos nos escândalos da Assembleia

As medidas tomadas até agora pelo presidente da Assembleia do Paraná, deputado Nelson Justus (DEM), para apurar as denúncias mostradas na série de reportagens Diários Secretos, da Gazeta do Povo e da RPCTV, não são suficientes para melhorar a transparência do Legislativo. Tampouco para dar uma resposta à sociedade diante do escândalo. É o que revela uma pesquisa de opinião pública encomendada pela Gazeta do Povo ao Instituto Paraná Pesquisas.

Quase dois terços dos curitibanos (64%) acham que as medidas tomadas pela As­­sembleia não foram adequadas. Desde que as denúncias vieram à tona, há três semanas, Justus anunciou a abertura de uma sindicância interna e um reenquadramento de todos os funcionários da Assembleia do Paraná. Além disso, três diretores pediram afastamento do cargo: o diretor-geral Abib Miguel, José Ary Nassiff (administrativo) e Cláudio Marques da Silva (de pessoal).

Mais grave ainda é que 80% dos curitibanos consultados no levantamento não acreditam que os envolvidos nas denúncias serão devidamente punidos.

O diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, avalia que os escândalos políticos não chocam mais os curitibanos. “[A corrupção] passou a fazer parte do cotidiano. Não choca mais”, diz ele.

Para o professor de Ciência Política Sérgio Braga, da Universidade Federal do Paraná, a pesquisa reflete a imagem que a população tem do Legislativo paranaense – que, segundo ele, atingiu a pior de sua história. “A população está usando o bom-senso e vendo que está se formando uma enorme pizza”, diz Braga. “A única saída [para evitar isso] é a renúncia de todos os deputados que integram a mesa executiva [os dirigentes da Assembleia]”, afirma o cientista político. Outra medida saneadora da Casa, completa Braga, seria uma intervenção urgente do Ministério Público Federal (MPF) no caso.

O MPF, vinculado à União e não aos poderes estaduais, ainda não entrou no caso. O Ministério Público do Paraná (MP) e a Polícia Federal já abriram investigação para apurar as denúncias mostradas na série Diários Secretos.

Na avaliação do cientista político Carlos Strapazzon, do Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba), o resultado da pesquisa reflete negativamente o trabalho do MP. “Há uma percepção muito forte de que o Legislativo é antirrepublicano, que joga contra os interesses públicos. E, ao dizer que não acredita na punição, a sociedade diz ter uma percepção muito negativa do MP”, afirma Strapazzon.

As reportagens da Gazeta do Povo e da RPC TV relevaram um suposto esquema de desvio de dinheiro público dentro da Assembleia utilizando funcionários fantasmas e laranjas – alguns ligados diretamente a Abib Miguel. Mostrou ainda o depósito de quase R$ 60 milhões em 74 contas bancárias, sendo que parte dos beneficiários admitiram nunca ter trabalho no Legislativo.

Metodologia

O Instituto Paraná Pesquisa entrevistou 680 moradores da capital paranaense, maiores de 16 anos, entre os dias 29 e 31 de março. O levantamento tem 95% de grau de confiança e uma margem de erro de 4%.

http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/diariossecretos/):

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