9:56Aos que ainda sofrem

Eles partem assim, sem a gente poder segurar firme as mãos, os braços, o corpo, a alma, o coração, para puxar e mostrar a luz que conseguimos enxergar nos olhos, na aura, mesmo diante de tanta distância, de tanto martírio expressado pelas marcas no corpo. Como é difícil e triste este momento do não poder fazer mais nada, principalmente para quem já percorreu quase todo o caminho até chegar bem próximo do desfecho, do corte abrupto, do desligamento, da passagem para o outro lado do espelho, para o desconhecido, para a escuridão, para o antes do nascer, como disse alguém um dia. E o que dói mais é porque, ao sairmos das trevas, ao retomar o próprio controle, ao ganharmos a liberdade da escolha, tomamos conhecimento do valor da vida, porque somos privilegiados por poder comparar. E nos entregamos para tentar passar isso, mesmo sabendo do quanto é difícil para o outro lado receber alguma coisa que faça o milagre acontecer. As partidas dos amigos, dos desconhecidos, dos que sofrem, contudo, reforçam ainda mais nossa determinação de permanecer sóbrios, por hoje, só por hoje, para sempre tentar, sempre tentar, sempre tentar.

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