21:27Walter Alfaiate, adeus

walter-alfaiate4

walteralfaiate-771960

walter-alfaiate1

walter-alfaiate

Walter Alfaiate

A notícia está aí embaixo, para quem quiser ler. Seca, fria, não condizendo com as imagens acima, de alguém que viveu a vida e transmitia tudo no rosto sorridente. Nunca consegui ouvir ao vivo o senhor Walter Alfaiate. Era um dos meus projetos desde que o ouvi pela primeira vez, no primeiro disco que gravou quando lhe deram uma chance – isso depois dos 60 anos. Nunca deu certo, por aqueles motivos que a gente não sabe explicar, mas é assim mesmo. Na última, só soube que ele veio ao Teatro Paiol no dia seguinte, e olha que a programação sempre chega com antecedência e os cadernos de Cultura são os lidos primeiro, porque importantes como alimento de saber. Foi assim nas inúmeras vezes em visita ao Rio de Janeiro dele. Sempre um cartaz anunciava um show para um dia impossível. Mas o Walter sempre esteve perto. Porque Botafogo. Onde nasceu e viveu. Onde, quem sabe, talvez, cruzou na rua São Clemente ou na Casa São Luiz, no Largo do Machado, com o Zé Luis, meu pai, e o cumprimentou, porque simpatia nunca lhe faltou. Botafogo também do time, aquele, de Heleno de Freitas e, estrela pulsando no coração, Nilton Santos, Didi e Garrincha, para sempre uma admiração. Alfaiate sempre foi alfaiate, desde os 13 anos. E quando seu vozeirão ecoou pelo Brasil, para alguns privilegiados, ele já era mestre dos mestres na arte que nunca abandonou e sempre praticou em Copacabana. Até seu telefone tentei, não como repórter, mas para apenas dizer obrigado, como já fiz com Guilherme de Brito, que também já se foi depois de gravar disco velhinho, ele, monstro sagrado e companheiro de Nelson Cavaquinho (A flor e o espinho, O bem e o mal, Folhas Secas, Quando eu me chamar saudade), outro monstro sagrado do samba carioca e do mundo. Também não deu, porque também não forcei. Achava que seria natural o encontro, quando o encontro já havia acontecido. Desde o dia que ouvi “Olha aí” e fiquei olhando para sempre meu amigo que hoje partiu.

Do G1

O sambista carioca Walter Alfaiate, de 79 anos, morreu neste sábado (27), por volta das 17h, no Rio de Janeiro. O músico estava internado em estado grave há cerca de dois meses no Hospital da Lagoa, na Zona Sul da cidade.  

Alfaiate, que teve falência múltipla dos órgãos, sofria de enfisema pulmonar, ineficiência cardíaca, arritmia, insuficiência renal, gastrite e esofagite.

O sambista havia sido transferido para a unidade de saúde em dezembro. Anteriormente, ele foi internado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Instituto estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, no Humaitá, também na Zona Sul, por quase um mês.

O corpo do músico deve ser velado na sede do clube Botafogo, em Botafogo, na Zona Sul. O cantor e compositor deixa sete filhos.

Mais de 200 sambas

Com mais de 50 anos de carreira, Walter Alfaiate compôs mais de 200 sambas. Na juventude, o sambista começou criando músicas para blocos de carnaval cariocas e participando de rodas de samba de destaque na época. Mas só foi descoberto pelo grande público nos anos 1970, quando teve três de suas canções gravadas por Paulinho da Viola — “Coração oprimido”, “A.M.O.R. Amor” e “Cuidado, teu orgulho te mata”. Desde a década de 1980, Alfaiate integrava a ala de compositores da Portela.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               

Compartilhe

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.