18:47Livro Sobre o Nada

por Manoel de Barros

*Com pedaços de mim eu monto um ser atônito.

* Tudo que não invento é falso.

* Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.

* Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.

* É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.

* Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas se não desejo contar nada, faço poesia.

* Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário.

* A inércia é o meu ato principal.

* Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.

* O artista é um erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.

* A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.

* Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.

* Por pudor sou impuro.

* Não preciso do fim para chegar.

* De tudo haveria de ficar para nós um sentimento longínquo de coisa esquecida na terra — Como um lápis numa península.

* Do lugar onde estou já fui embora.

Compartilhe

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.