8:47Noel Rosa na madrugada

Era um sonho na tela ali a dois metros. Antes, o pesadelo de um passado negro e o choro diante do filho confessando a recaída. Mas no meio da madrugada quem chamou para acordar e entrar na realidade que faz Martinho da Vila sempre ter o rosto iluminado e  encantado? Ele! O Poeta de Vila. Noel Rosa centenário e eterno. O maior de todos. O que ensinou a ver cinema através das letras. O gênio que foi embora aos 27 anos e nos deixou 300 músicas. Pois estava ali, na passarela do Sambódromo, nas arquibancadas, nos casebres podres em volta, na baía, nas favelas, nas coberturas de milhões da Vieira Souto, abraçao ao Cristo Redentor, em cima do Pão de Acúcar, na Baixada Fluminense, no Dedo de Deus, nos barcos e navios atracados na Baía, na África, na China, na Europa, na Rússia, no Oriente Médio, em todo o Continente Americano, no céu. Noel do amor, do veneno, da ironia, do fino humor, da madrugada. Noel nascido a fórceps para sofrer e ter alegria, como todo mundo, mas escolhido para transformar isso em versos que cantamos aqui, dele, para ele: “Nosso amor que eu não esqueço, e que teve seu começo…” Que festa, poeta, te conhecer e acordar numa madrugada qualquer, cem anos depois do seu nascimento, e ver uma comissão de frente que era você em vários, com violão, a mesa do botequim que imortalizastes numa conversa que é a mais pura expressão da arte, essa comissão de frente que tinha a cabrocha que você tanto cantou e por quem tanto sofreu. Noel, este carnaval é todo seu, é só seu. A escola de samba da sua Vila Isabel fez um pouco do que você merece. Martinho da Vila compôs o samba para te reverenciar como discípulo humilde a agradecido de ser de lá, assim como nós todos que te amamos. Obrigado.

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