A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) informa:

 EXPORTAÇÕES PARANAENSES FECHAM 2009 COM QUEDA DE 26,4%

Crise econômica e taxa de câmbio influenciaram resultado. Apesar da redução nas vendas para outros países, balança comercial teve superávit no ano 

Ainda sentindo as consequências da crise econômica mundial e pressionada por uma taxa de câmbio desfavorável, a indústria paranaense fechou 2009 com uma queda de 26,4% em suas exportações em relação ao ano anterior, totalizando U$ 11,222 bilhões em produtos vendidos para outros países. Apesar da redução, o saldo líquido da balança comercial do Paraná no ano ficou positivo em U$ 1,604 bilhão, já que as importações também apresentaram queda, de 33,98%, atingindo U$ 9,618 bilhões. Os dados fazem parte de um levantamento do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), divulgado nesta segunda-feira (25). 

No ano passado, a maior redução nas exportações paranaenses atingiu os produtos manufaturados, cujas vendas para o exterior caíram 37,41% quando comparadas com 2008. “Esse comportamento é típico de momentos como o que observamos atualmente: a crise afeta, em maior medida e em qualquer ambiente econômico, produtos cuja manifestação de consumo pode ser postergada, preservando relativamente imunes os produtos de consumo corrente”, explica o coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt.

 Comprovando a tese, os produtos básicos foram os que tiveram a menor retração nas exportações em 2009, com uma queda de 13,86%. Além disso, superaram os manufaturados em termos de participação relativa, seguindo uma tendência de alteração nas exportações paranaenses quando se leva em conta o grau de elaboração dos produtos. Os manufaturados, que chegaram a representar 57,41% das exportações do Estado em 2006, atingiram 42,06% em 2009. Assim, perderam a primeira colocação para os produtos básicos, que saltaram de 29,30% em 2006 para 44,42% em 2009.

 

“O Paraná voltou a ser principalmente exportador de matérias-primas”, afirma Maurílio Schmitt. Para o economista, a redução no nível de competitividade dos produtos manufaturados se deve, em grande parte, à atual política cambial. “A valorização do real, somada a outros fatores como carga tributária e elevados custos financeiros de investimento e operacionais, torna os produtos industrializados paranaenses e brasileiros não competitivos”, justifica.

 

Em termos de grupos de produtos, o “Complexo Soja” continuou na liderança de valor exportado em 2009, respondendo por 29,19% do total.  Em seguida, aparecem “Carnes”, com 14,81% de participação, e “Material de Transportes”, com 12,96%. Dentre os quinze principais grupos de produtos pesquisados pela Fiep, apenas um apresentou aumento em suas exportações em relação a 2008. Foi o de “Açúcares e produtos de confeitaria”, cujas vendas ao exterior cresceram 28,56%, passando a ocupar o quarto lugar em termos de participação nas exportações paranaenses, com 6,38% do total.

 

Importações – A redução no valor exportado pelo Paraná em 2009 foi seguida também por uma queda nas importações. No ano passado, empresas paranaenses compraram um total de U$ 9,618 bilhões em produtos do exterior, 33,98% a menos do que em 2008 (U$ 14,569 bilhões).

 

Mesmo com uma redução de 49,73%, os “Produtos Químicos”, especialmente adubos, fertilizantes e outros produtos destinados à agricultura, continuaram no topo da lista das importações paranaenses, respondendo por 18,92% do total de 2009. Em seguida aparecem “Material de Transporte” (18,31%), que teve queda acumulada de 24% em 2009; e “Petróleo e derivados” (13,84%), com redução de 58,30%.  Os grupos de produtos que apresentaram aumento nas importações no ano passado foram “Produtos Têxteis” (2,64%), “Cereais” (4,04%), “Carnes” (13,15%) e “Preparações Alimentícias Diversas” (31,45%).

 

Em se observando as importações por Categoria de Uso, as maiores reduções nas importações paranaenses em 2009 foram registradas no grupo “Combustíveis e Lubrificantes” (-58,30%), seguido de “Bens Intermediários” (‑36,01%). Já a compra de “Bens de Capital”, que incluem máquinas e equipamentos para a indústria, teve queda de 15,51% no ano passado, índice parecido ao dos “Bens de Consumo” (-15,92%).

 

Parceiros comerciais – A posição dos países dos quais o Paraná mais importa também apresentou mudanças em 2009 quando comparado com 2008. A Argentina, mesmo com queda de 6,20% nas vendas a empresas paranaenses, passou do terceiro para o primeiro lugar. A Nigéria, que ocupava a primeira colocação em 2008, passou para segundo, com queda de 55,26%. Em terceiro lugar aparece a China, com retração de 10,44%. As novidades na lista dos países dos quais o Paraná mais importa ficam por conta do Paraguai (8º lugar) e Taiwan (9º), deslocando Rússia e o Canadá.

 

Em termos de fluxo de comércio (exportações mais importações), a China continua com a posição de principal parceiro comercial do Paraná, com U$ 2,505 bilhões de intercâmbio em 2009 (exportações de U$ 1,234 bilhão mais importações de U$ 1,270 bilhão). Em segundo lugar vem a Argentina, que possui intercâmbio de comércio com o Paraná na ordem de U$ 2,161 bilhão, seguida pela Alemanha (U$ 1,627 bilhão).

 

Dezembro – No último mês de 2009, as exportações paranaenses subiram 3,35% frente a novembro. Ainda assim, ficaram abaixo de um bilhão de dólares pelo quarto mês consecutivo. O valor exportado no período atingiu a marca de US$ 793 milhões, 18,96% abaixo do alcançado em dezembro de 2008. Já as importações diminuíram 13,67% no último mês frente a novembro, situando-se em US$ 881 milhões, marca inferior em 14,72% à de dezembro de 2008.

 

Em termos de média dos últimos doze meses, foi a 12ª queda consecutiva nas exportações, atingindo U$ 935 milhões (média de janeiro a dezembro de 2009), valor equivalente ao registrado em junho de 2007.