18:47General Jobim

por Rogerio Distefano, no Maxblog (www.maxblog.com.br):

O ministro Nelson Jobim, da Defesa, em uniforme de campanha. Na gola a placa com quatro estrelas que o transforma em general na patente máxima do Exército – só no uniforme, porque de estratégia e comando militares Jobim entende tanto quanto eu, reservista de terceira categoria, rejeitado na conscrição militar.

Pela primeira constituição republicana como na atual o cargo é civil, não privativo de militares de carreira, na ativa ou na reserva. Antes de Jobim o Brasil teve apenas um ministro civil da Defesa (na época, da Guerra): Pandiá Calógeras, que exerceu o cargo entre 1919 e 1922, no governo de Epitácio Pessoa.

No Brasil passa batido o uniforme que Jobim enverga em inspeções militares. Calógeras nunca usou o uniforme; valorizava a direção civil da defesa e o símbolo democrático que representava, de o militar estar sob a tutela civil – o que começou a desaparecer já em 1922, com o levante militar do Forte de Copacabana.

Como entender a atitude de Jobim, que não é absolutamente um tolo (como alguns no ministério), nem um ignorante da História do Brasil (como o presidente)? Desconte-se a egolatria e a vaidade do ministro, que assistimos desde que assumiu seu primeiro ministério no governo FHC, e transbordou na presidência do STF.

A resposta que ocorre não abona a inteligência do ministro: usa o uniforme para ser aceito pelos militares. Então devia se pôr no branco de almirante e no azul de brigadeiro quando visita as duas forças. No mínimo ofenderia uma e outra na preferência descarada pela fatiota de campanha do Exército.

Continua mal para o ministro, pois como jurista, relator da constituição e ministro do supremo tribunal, deveria saber que vestido de general – ou mesmo de cabo faxineiro ou sargento eletricista – viola dolosa e escancaradamente o art. 172 do código penal militar, que proíbe usar farda a quem não tem patente e posto militares.

Desisto. Certo está o empresário Gerson Guelmann, de Curitiba: o ministro não conseguiu ser escoteiro na infância e resolveu a frustração fantasiando-se de general. Ainda bem que – ao contrário do Haiti, onde Jobim desembarcou fantasiado -, nosso exército não tem a patente de general da banda.

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