8:59A identidade dos moradores da Vila Fuck

O DataFuck resolveu fazer uma pesquisa para revelar a identidade do morador daquela vila. Todos gostam de comida, seja ela qual for – e de preferência em prato fundo. Cataratas, ali, só é conhecida pelos mais velhos, que estão na fila do INSS para a cirurgia. Praia eles sabem que existe, mas o máximo de turismo que fazem, uma vez por ano, no é viajar no caminhão de mudanças do Toninho Lusitana até as cavas do Iguaçu, onde duas dezenas de jovens resolveu ficar embaixo d’água para sempre. Todos se acham extrovertidos, principalmente depois de vários goles da “mardita” nas biroscas locais. Mas o extrovertimento muitas vezes passa dos limites e o pau come firme nos botecos e santos lares. O estilo musical preferido é o religioso. Ali, gospel não existe porque ninguém sabe pronunciar a palavra. Virou guspe e isso não pegou bem na paróquia. Um especialista em comportamento local afirma que a preferência tem uma explicação: como sabem que vão empacotar antes da média de idade nacional, a maioria acha que cantando a louvação carimba o passaporte para o céu. Sobre o futebol, metade é atleticana, metade coxa-branca, uns gatos pingados torcem pelo Paraná, mas sentem saudades do Ferroviário, e também são Mengo e Corínthians. 99% informam que não trabalham com carteira assinada. Vivem de bicos. Quem ganha Bolsa Família divide com o vizinho, o que revela espírito de fraternidade e prova que miséria pode ser compartilhada. Na Vila Fuck não há brancos ou negros. Todos se consideram da cor “foveira”, ou seja, indefinida.

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