17:03Quando a malandragem é demais…

 Do observador dos Planaltos: 

Ao aparecer no “Jornal Nacional” na noite de quinta feira, debulhando o decreto do presidente Lula chamado “Programa Nacional de Direitos Humanos”, a senadora Kátia Abreu (DEM) abriu os olhos de muita gente. Esperta, além de apontar a maluquice de que em caso de invasões de terras o decreto determina “audiências públicas” com a participação dos invasores, ela seguramente avisou aos caciques da Globo de que a mídia também é alvo do decreto de 73 páginas. E aí o baile começou.

No caso das invasões, é como você ter sua casa invadida e aí, dispensando-se a Justiça, você convoca o invasor para uma audiência para discutir se tua escritura vale ou não. O decreto, para quem o destrinchou, é curiosíssimo, no mínimo.

Sob o pretexto da criação de um programa governamental dos direitos humanos, Lula alinhou promessas para este ano eleitoral: desde a regulação da situação dos ciganos, das hortas comunitárias à revisão na Lei de Anistia; da taxação de grandes fortunas às mudanças nas regras dos planos de saúde; da legalização do casamento homossexual, do aborto à fiscalização de pesquisas de biotecnologia e nanotecnologia. 

Como só faltam 358 dias de governo, Lula esqueceu a “Carta aos Brasileiros”, quando ele renegou todas as maluquices do PT, tornando-se um neoliberal na economia, e voltou a 2002. 

O problema é que os milicos estão alvoroçados com a revogação da anistia, a Igreja arrepiada com aborto, casamento gay e proibição de crucifixos em repartições, os ruralistas em pé de guerra sobre as tais audiências públicas com o MST. 

O argumento do secretário de Direitos Humanios Paulo Vanuchi é que tudo isso foi discutido, mas o cara-pálida não revela se foi com Tarso Genro, com a Dilma Rousseff, com Franklin Martins, ou com todos. O fato é que 17 ministros assinaram o decreto que o presidente também assinou sem ler, o que não é novidade. Lembremo-nos que leitura dos jornais dá azia em Lula, imagine o que poderia lhe causar ler 73 páginas de artigos e parágrafos com foco na “intersetorialidade, ação comunitária, intergeracionalidade e diversidade”, como diz o decreto.

Os companheiros xiitas botaram Lula e Dilma numa gelada. Conseguiram unir a grande mídia, os milicos, a Igreja e os ruralistas na mesma panela. Se Lula mantiver o decreto, essa turma vai ficar mais assanhada ainda. Se revogar, se desmoraliza. Com ele, 17 ministros, inclusive a companheira Dilma. Quando a maladragem é demais, acaba comendo o malandro.

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