20:37Paquetá

Pode derreter, sol dos tempos do abafão. Finalmente vou a Paquetá, a ilha que sempre esteve dentro e veio de fora de todas as formas sonoras e visuais. Pode derreter a moleira porque lá me esperam Café com Leite e a charrete com bancos acolchoados cor de laranja e o paraibano Manoel de Souza a nos levar pela viagem sentimental. Ele tem 1,95 m e a voz e a tranquilidade de quem aprendeu com o silêncio dos casarões, as pedras, a mata e o mar, pelo menos na imagem, pois poluído está. Baobá do beijo e pedra dos desejos, namoros quantos e casamentos e filhos quantos ali desde que José Bonifácio, o da história, olhava tudo da sacada do casarão branco e azul? Pedalinhos pretos e rosas, música de quinta categoria e o povão alucinado não atrapalham o que é a ilha. Fazem parte. Porque Paquetá olhou de perto Luz del Fuego em ilha no caminho dos barcos, das balsas, muito antes da ponte gigantesca do milagre dos milicos brasileiros. Paquetá é letra de música, é Dalva de Oliveira cantando, é Aldir Blanc escrevendo e tomando um conhaque embaixo de uma árvore e sentindo o sentimento do bolero da vida. Paquetá é Paquetá porque é sonora, não sonífera. Quando bateu a primeira vez no coração, foi para sempre. E hoje, quando recebeu mais um no meio daquela leva de gente saindo da barca, se tranformou no amor que sempre foi.

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