8:25A ordem no PT é esperar

Do analista dos planaltos

Em diversas reuniões e contatos realizados no finalzinho do ano, os comandos estadual e nacional do PT acertaram a estratégia do partido para 2010: a ordem é de esperar, pelo menos até abril, antes de encaminhar qualquer definição quanto às eleições. A decisão unificada já foi passada a todas as lideranças do partido no Paraná.
 
Depois de estarem a ponto de acertar com o PDT, o recuo do PT se deu por vários motivos. Em primeiro lugar, o senador Osmar Dias -e, com ele, o comando do PDT estadual – refutaram a possibilidade de acordo antecipado porque, na visão de lideranças petistas, ele ainda acalenta o sonho de ser o candidato numa aliança com o PSDB, hipótese em que Beto Richa ficaria na prefeitura de Curitiba e se converteria no principal cabo eleitoral de Osmar.
 
Em segundo lugar, sentiram os comandantes do PT que, mesmo numa coligação com o partido, Osmar dificilmente entraria para valer na campanha de Dilma, preferindo manter-se em situação de neutralidade para buscar os votos dos eleitores de Serra que, pelo menos no quadro atual, são maioria no Paraná.
 
Além disso, mesmo com a candidatura de Beto Richa, Osmar sente-se forte para enfrentá-lo, pois tem a garantia do apoio de Álvaro Dias e do seu grupo dentro do PSDB. Assim, o interesse pela coligação com o PT se tornou menor Até porque ninguém imaginaria Álvaro e os petistas num mesmo palanque. É demais até para o infiel e maquiavélico jogo político.
 
Raciocinam os líderes do PT que, se Osmar se acertar de alguma forma com o PSDB, restará a eles a coligação com o PMDB, apoiando Pessuti. Essa não é uma opção bem vista, porque sabem que o PMDB não vai apoiar efetivamente o Pessuttão. Boa parte da bancada estadual peemedebista já está correndo atrás do comboio de Beto Richa, tentando salvar o que for possível. Quanto a Requião, fala, fala em candidatura a presidente, mas o está de olho mesmo é no Senado.
 
É certo que Requião faz vistas grossas às iniciativas de aproximação entre seus deputados e os tucanos, com a condição de que Gustavo Fruet não seja candidato ao Senado. Assim, seu caminho ficaria livre para garantir oito anos de mandato e de imunidade parlamentar.
 
Então o que fará o PT? Reconhece que não preparou uma liderança forte e reconhecida para a disputa ao governo. O melhor nome de que dispõe o time paranaense do Presidente Lula é o de Gleisi Hoffmann, atual presidente do partido. Mas Gleisi será candidata ao Senado.
 
Por isso é que a ordem atual é de esperar. Mesmo não dispondo de nome forte, os petistas apostam que terão peso na eleição para governador. Seus líderes citam os casos de 2002 e 2006, quando Requião bateu Álvaro e Osmar respectivamente. Em 2002, Requião surfou na onda Lula, especialmente no segundo turno, quando foi apoiado oficialmente (no primeiro turno, Padre Roque fez 16% dos votos e Flávio Arns foi eleito senador pelo PT).
 
Em 2006, com Lula em desvantagem no primeiro turno no estado, Requião manteve prudente distância. Mesmo no segundo turno, recusou-se a receber o presidente, que buscava a reeleição. Muitos petistas se posicionaram contrários ao apoio a Requião, depois de um histórico de críticas ácidas no primeiro mandato. Mas Osmar Dias resolveu o problema de Requião, ao declarar apoio a Alckmin, logo após o primeiro turno.
 
Lula veio a Curitiba, onde foi recebido por Pessutti e, diante da declaração de Osmar pró-Alckmin, pediu votos para Requião. O próprio senador Osmar reconhece que perdeu diversos pontos nas pesquisas, após a vinda de Lula. Especialmente porque Requião levou para o programa de televisão a declaração do presidente e conseguiu se salvar por pouco mais de 500 votos.
 
Por tudo isso, a ordem no PT continua sendo a de esperar. Caso Osmar não tenha acerto com os tucanos, isso não lhe dará apoio automático dos petistas. O PT exigirá apoio a Dilma, de maneira inequívoca. O que, segundo as lideranças partidárias, não será nenhum sacrifício para Osmar, até porque avaliam que, em junho, a ministra estará empatada ou mesmo na frente de Serra. Além disso, o presidente Lula vai sair para a campanha, sendo possível que se licencie para trabalhar por Dilma em tempo integral, por cerca de uns dois meses. E também porque o PT quer uma das vagas para o Senado, para Gleisi. Na outra, deve concorrer Ricardo Barros.
 
Está programada para os próximos dias, no Litoral, nova reunião, onde essa disposição será divulgada de forma ampla. Enquanto isso, ficam mantidas as pré-candidaturas de Nedson Micheleti e de Lygia Pupatto no PT nativo.

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