Cena curitibana vivida por uma amiga do blog:
Na tarde desta segunda-feira, 04, uma cidadã foi até a agência Bradesco do Alto da XV, em Curitiba, para retirar a quantia de R$ 2,5 mil. ara a cidadã, uma fortuna, é claro. Mas para o Banco, irrisória, não é mesmo?! Pois foi uma enorme “burrocracia” conseguir retirar esta “fortuna”. Primeiro, a cidadã teve de mostrar documentos, depois fazer seis assinaturas, pois a jovem do caixa sempre achava as letras diferentes umas das outras. E, finalmente, a bancária deu um documento oficial para a cliente assinar. Nele, entre outras coisas, dizia o seguinte: “a cidadã se responsabiliza pela retirada desta quantia em dinheiro, uma vez que foi aconselhada pela ‘funcionária do Banco’ sobre os riscos que representam sacar e sair da agência com alto valor em dinheiro”.
– Você me disse isso? perguntou, espantada, a cliente à jovem do caixa.
– Bem, não falei, mas está escrito aí…
– Espera aí, moça? A quantia que eu quero sacar é de R$ 2,5 mil, não é mesmo?!
– Ah! É sim!
– Nossa! Pensei que você havia entendido R$ 2,5 milhões…
(Que não existe na tal conta, é evidente…)
Ora! Ora! A moça nada falou sobre os riscos da retirada daquele dinheiro. Mas estava no documento, enfim, também assinado pela cliente. Cuidadosa, finalmente, a funcionária colocou os R$ 2,5 mil dentro de uma propaganda institucional do Bradesco para que ninguém na fila, imensa, pudesse ver aquele “dinheirão”… Embora todos já estivessem com os ouvidos, olhos e o pescoço esticados para desvendar o valor da fortuna em questão… Assim, quase meia hora depois, ao sair de dentro da agência com “aquela fortuna” nas mãos, a cliente sentiu até calafrios na espinha. Todos os olhos a seguiram… Pensou em quanto tempo levaria para ser assaltada ou, até, morta… Teria sorte? Sobreviveria? Conseguiria chegar, até o carro, a salvo? Seria seguida?
Esta é a Curitiba, dos tempos modernos, da suposta inviolabilidade dos direitos do cidadão… É a ambigüidade que instaura brechas neuróticas no ser civilizado, preso a uma impotência inexorável de poder e violências diversas… Ou é a onipotência moderna dos poderosos sobre o cidadão? Pô! Quanta solidão! Daí, a cidadã se lembrou: “pôxa! e eu que queria ganhar a Mega da Virada… o que será que me pediriam para retirar um pouco daquele dinheirão… ”
Oh! Vida! Oh! Sorte!