15:57Horóscopo

por Zé da Silva

Touro

O velhinho estava do outro lado da rua, dois andares abaixo. Da pequena sacada da cobertura no prédio antigo, ele olhou a janela e viu, do lado direito do senhor de cabelos grisalhos que olhava o trânsito lá embaixo, um paleto branco; à esquerda, camisas duas camisas sociais. No mapa do mundo aquele pedacinho recortado pertencia a uma grande cidade do litoral do Brasil. Ele ficou imaginando muitas coisas para aquele paletó branco e aquele senhor. Era um aposentado, com certeza, mas podia fazer um bio omo garçom em qualquer restaurante antigo e tradicional como aquele bairro. O senhor que morava no apartamento minúsculo era solitário, pois o observador passou horas e horas e não notou outra pessoas circulando ali dentro. Mas o paletó, branco como a nuvem que passou logo ali acima, acima do morro que estava logo atrás daquele prédio, era tão imaculado que ele, o observador, pensou se tratar de uma preparação para a passagem do ano, a acontecer alguns dias depois. O velhinho apareceu várias vezes naquela janela. O paletó e as camisas nunca saíram de lá. O trânsito continuou caótico e barulhento lá embaixo. O ano novo se aproximou como os outros e como os futuros.

Compartilhe

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.