10:57A pesquisa da Gazeta do Povo

Da Gazeta do Povo, em reportagem de Rosana Felix:

A dez meses da eleição para o governo do Paraná, cada um dos três principais candidatos ao cargo mostra que tem cacife eleitoral para ficar em vantagem sobre os outros dois concorrentes diretos. Levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas com exclusividade para a Gazeta do Povo mostra que os dois pré-candidatos tucanos – Beto Richa e Alvaro Dias – aparecem com pequena vantagem sobre Osmar Dias (PDT). Por outro lado, o pedetista se destaca pelo menor índice de rejeição, tecnicamente empatado com o prefeito (a margem de erro da pesquisa é de 2,5 pontos porcentuais para mais ou para menos).

O cenário apontado pela pesquisa, realizada em todo o estado, é de uma disputa acirrada em 2010. Nem mesmo a preferência do candidato do PSDB está definida.
O Paraná Pesquisas fez o levantamento do cenário eleitoral para a Gazeta do Povo entre os dias 16 e 21 de dezembro, com 1.830 eleitores. A pesquisa foi feita em 65 municípios do Paraná. Para a seleção da amostra utilizou-se o método de amostragem estratificada proporcional, conforme o mapeamento do estado em dez mesorregiões homogêneas, segundo os critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O grau de confiança do levantamento é de 95,5% e a margem de erro, 2,5%. Na estratificação por região metropolitana ou interior, a margem de erro varia de 3% a 4%.

Rejeição complica Pessuti

O levantamento do Paraná Pesquisas mostra que a candidatura do PMDB é fraca
e que o PT não tem nome viável para disputar o Palácio Iguaçu, de acordo com
os especialistas consultados pela Gazeta do Povo. Para Murilo Hidalgo,
diretor do instituto, a rejeição a Orlando Pessuti (PMPDB) é bastante alta
(17,9%) por causa da relação com o governador Roberto Requião (PMDB).

“A pesquisa mostra que o Pessuti não tem muita força e que não é
com­­­petitivo para disputar o cargo de governador”, observa o professor
Ricardo Oliveira. Segundo ele, isso pode levar mais peemedebistas a aderirem
à candidatura de Beto Richa (PSDB), como já vem ocorrendo. “E o PT não tem
nomes viáveis, apenas nanicos. O caminho para sus­­­tentar a candidatura de
Dilma à presidência será se aliar com outros partidos”, acrescenta

 

Beto supera Requião em aprovação

A imagem de bom administrador que o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB),
conquistou após a reeleição, quando conquistou mais de 70% dos votos, já não
é só vista pelos curitibanos. A gestão do tucano é considerada ótima ou boa
por 70,9% dos entrevistados pelo Paraná Pesquisas em todo o estado. A
performance é bem superior à do governador Roberto Requião, cuja
administração foi apontada como ótima ou boa por 52,5%.

A pesquisa revela que outros 14,9% consideram o trabalho do prefeito regular
e 4,4% ruim ou péssimo. A avaliação mantém a média não apenas entre os
curitibanos, que podem acompanhar e enxergar de perto a atuação do prefeito
Beto Richa. O levantamento mostra que 28,3% dos entrevistados de Curitiba,
região metropolitana e litoral consideraram ótima a gestão de Richa e 49,1%
boa. No interior, 17,8% das pessoas ouvidas na pesquisa disseram que é ótima
e 49,9% acham boa a gestão Beto Richa. Ou seja, o prefeito continua bem
avaliado na capital e, ao mesmo tempo, vem crescendo no cenário estadual.
Apesar dos resultados, quando comparada a primeira gestão com a atual, a
maioria dos entrevistados (48,3%) acham que Beto Richa tem feito uma
administração igual a anterior – nem pior nem melhor.

 

Mais conhecido

Os números também desmentem a mística de que o tucano é forte em Curitiba e
região metropolitana e pouco conhecido no interior do estado. Após a eleição
municipal no ano passado e a disputa de 2006, quando Osmar Dias (PDT) perdeu
para Requião para o governo do estado, o cenário indicava que Osmar tinha
força no interior do estado e Richa na capital e região metropolitana. O
resultado da pesquisa, com destaque para a boa avaliação da gestão no
interior do estado, pode já ser o resultado da maratona que Richa tem
enfrentado principalmente no segundo semestre deste ano. O prefeito tem
viajado constantemente, aos fins de semana, para municípios do interior do
Paraná enquanto Osmar tem centralizado forças em Curitiba e região.

Passado melhor

O professor Emerson Cervi, da Universidade Federal do Paraná (UFPR),
ressalta que a avaliação positiva de Richa, em outras circunstâncias, chegou
a 80%. “Claro que, nesse patamar muito elevado, o caminho mais provável é
cair. Mas ele se mantém com uma taxa bastante alta.” Para Ricardo Oliveira,
cientista político e professor da UFPR, Richa tem conseguido passar a imagem
de bom administrador. “Mesmo quem não mora em Curitiba tem essa percepção.”
Para ele, a taxa de 70% é muito próxima ao porcentual de votos que Richa
obteve na última eleição.

O diretor comercial da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, diz que o fato de
Beto Richa ter sido o prefeito mais votado do país e eleito o melhor
prefeito do Brasil ajudaram a ampliar a boa imagem dele no interior do
estado. “Isso é um bom sinal, mas não significa votos. O eleitor pode achar
boa a gestão de Richa, mas votar no Osmar”, afirmou.

Requião

Das 1.830 pessoas ouvidas na pesquisa, 27,4% acham o governo Requião regular
e 17,3 ruim ou péssimo. O levantamento mostra que mesmo restrito à políticas
municipais, Richa é visto como melhor gestor que o governador Requião. No
entanto, ressalta Hidalgo, as atribuições do governador são muito maiores
que as do prefeito. A força do governador está no interior do Paraná. A
maior parte dos entrevistados que avaliaram como ótima ou boa a gestão de
Requião está no interior. Da capital e região, 11,1% acham ótima a
administração do peemedebista e 34,9% consideram boa. Nos municípios do
interior, os índices são de 12,7% e 42,8%, respectivamente. Quase metade dos
ouvidos na pesquisa acha que a administração Requião nesse segundo mandato é
igual a anterior, enquanto que 23,6% consideram pior e 23,5% melhor.

 

Eleitores consideram governador arrogante e Richa competente

Competente, trabalhador e determinado. Essas são as três características
mais citadas pelos eleitores paranaenses quando questionados sobre a palavra
que melhor descreve o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB). Já descrição
do governador Roberto Requião (PMDB), feita a partir das pessoas ouvidas na
pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas, é de uma pessoa arrogante,
trabalhadora e competente.

Num rol de 18 características apresentadas aos eleitores, eles tiveram de
escolher a que mais se encaixava em Beto Richa e Requião. Dos 1.830
eleitores ouvidos, 20,4% disseram que o prefeito é competente, 19,8%
trabalhador e 11,4% determinado. As palavras menos citadas pelos
entrevistados foram vingativo (0,1%), raivoso e desumano (0,2%). Para
Requião, a característica menos citada é carismático, com apenas 1,37%,
seguido de desumano (1,53%) e desonesto (1,69%).

 

Na opinião do cientista político Emerson Cervi, os eleitores preferem
gestores que passem a impressão de competentes e trabalhadores. “Isso mostra
que o impacto eleitoral de escândalos como mensalão, dinheiro na meia, é
menor do que o estimado, pois os eleitores procuram outras coisas nos
governantes”, afirma ele. Segundo Cervi, uma prova disso é que a honestidade
não está entre os primeiros itens citados. E, mesmo assim, os governantes
tiveram um bom índice de citação desse quesito. A qualidade de honesto foi a
palavra escolhida para definir Richa por 6% dos paranaenses. A honestidade
de Requião foi citada por 3,4% dos entrevistados.

Em relação à arrogância de Requião, apontada por 14% dos paranaenses como a
palavra que melhor define o governador, Cervi faz ponderações. “Quem disse
que ser arrogante é negativo para o eleitorado paranaense, que é conservador
e machista?”, questiona o cientista político.

“As respostas mostram que Requião conseguiu, através de várias atitudes e
gestos, um núcleo de rejeição bem explícito”, observa Ricardo Oliveira,
sociólogo da UFPR. “Se o governador ficasse quieto, ele poderia ter uma
popularidade muito maior. Mas é o estilo dele, de fazer muitas brincadeiras,
das quais a maioria é de mau gosto”, acrescenta. Apesar disso, diz Oliveira,
Requião tem uma “legião” de eleitores, que vem garantindo a manutenção dele
em cargos políticos importantes.

 

Na disputa tucana, prefeito tem vantagem

O levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, feito com exclusividade para a
Gazeta do Povo, mostra que o prefeito Beto Richa está com uma leve vantagem
na disputa interna com o senador Alvaro Dias para ser o candidato do PSDB ao
governo do Paraná. Os eleitores do estado, quando perguntados qual dos dois
nomes preferem, mostram-se divididos: 46,3% dizem preferir Richa e 43,7%,
Alvaro. Como a margem de erro da pesquisa é de 2,5 pontos porcentuais para
mais ou para menos, os dois estão tecnicamente empatados.

Porém, a rejeição dos paranaenses a Alvaro é maior do que a Richa: 15,3%
contra 9,1% (veja todos os números no gráfico da página anterior).

 

Para Alvaro, os números não são bons, pois ele vem afirmando que a definição
do candidato tucano deve ser feita a partir de pesquisas de opinião pública.
Como Richa tem o apoio explícito da cúpula do PSDB no Paraná, nos meios
políticos especula-se que a Alvaro restará torcer para que a executiva
nacional do PSDB puxe para si a responsabilidade da escolha do candidato no
Paraná. A lógica é a seguinte: com Richa na disputa, Osmar Dias (PDT) será
candidato com um possível apoio do PT. O objetivo seria dar um palanque
presidencial forte para Dilma Rousseff. Já com Alvaro como candidato, Osmar
tenderia a não disputar, pois eles são irmãos. E Dilma não teria um bom
palanque no estado.

Deixar o cargo

Já a possibilidade de Richa deixar a prefeitura para concorrer ao governo
divide o eleitorado de Curitiba e de todo o estado. Para 51,7% dos eleitores
curitibanos e 51% dos paranaenses, ele deve disputar a eleição em 2010. Mas
outros 43,6% dos moradores da capital e 43,9% dos paranaenses dizem que ele
deve ser “fiel” ao cargo para o qual foi eleito no ano passado.

De acordo com Murilo Hidalgo, diretor do Paraná Pesquisas, Beto Richa tem a
vantagem de não ser visto como traidor pelo seu eleitorado. É porque entre
as pessoas que declararam o voto nele, 70% apoiam a saída dele para
concorrer ao cargo de chefe do Executivo paranaense.

Opinião semelhante tem o professor de Ciência Política Ricardo Oliveira, da
UFPR. “Aqueles que não querem Richa na disputa são os eleitores de outros
candidatos. Ou não querem porque não têm interesse ou até porque temem que
ele concorra.”

Espontânea

A Paraná Pesquisas pediu ainda aos elei­­­tores paranaenses que apontassem,
de forma espontânea, em quem votariam para governador do estado, caso as
eleições fossem hoje. O nome mais lembrado pelos paranaenses foi justamente
o de Beto Richa, com 9,8% das preferências. Em segundo lugar, aparece Osmar
Dias (PDT), com 5,5%. Roberto Requião (PMDB) – que não pode concorrer a
outra reeleição -, é citado por 5%, na frente de Alvaro Dias, com 4,2%.
Orlando Pessuti (PMDB) teve 1%.

Mas a grande maioria – 72,5% dos paranaenses – não soube apontar nenhum nome
espontaneamente. Para Hidalgo, isso mostra que a eleição de 2010 ainda está
muito distante para os eleitores. “A disputa está muito viva para os
políticos, mas para a população é um assunto que ainda não pegou. Ainda tem
carnaval e Copa do Mundo antes da agenda eleitoral, antes de começarem a
pensar mais atentamente nisso.”

Apoio de Requião

Apesar de o pré-candidato do PMDB, Orlando Pessuti, ser citado por uma
pequena parcela do eleitorado (7,9% no máximo), o levantamento do Paraná
Pesquisas mostra que o apoio do governador Roberto Requião pode ser o fiel
da balança em uma disputa acirrada. Trinta e oito por cento dos paranaenses
disseram que o apoio de Requião a um candidato aumentaria a chance de votar
nesse nome. Por outro lado, outros 30% declararam que a adesão do governador
diminuiria as chances justamente pelo apoio dado por Requião. Ou seja, na
média, Requião pode angariar os votos de 8% dos paranaenses para algum
candidato.

A influência do peemedebista é mais forte no interior. Para 39,3% dos
paranaenses que vivem no interior, Requião pode influenciar o seu voto.

 

Saúde é vista como prioridade

Para os paranaenses, o próximo governador do Paraná deve dar prioridade para
a saúde. Essa área teve citação de 59,4% dos paranaenses no levantamento
feito pelo Paraná Pesquisas. Bem atrás aparece a segurança pública (32,2%),
seguido por educação (30,2%). Cada entrevistado poderia citar duas opções.

A atração de empresas e geração de empregos foi apontada por 13,4% dos
paranaenses como área prioritária para o próximo governador. No interior, os
pedidos para que isso ocorra são ainda maiores: 16,2%, contra apenas 7,6% em
Curitiba, região metropolitana e litoral.

 

A habitação popular, por 9,5%, bem próximo ao combate à corrupção (9,2%).
Uma das bandeiras do governador Roberto Requião desde que assumiu o cargo,
em 2003, a redução das tarifas de pedágio contabilizou 6,7% citações.

Entre os assuntos menos citados pelos entrevistados como prioridade para o
próximo governador, estão o diálogo com a sociedade (1,8%); cultura (1,5%);
combate ao nepotismo (1,4%); apoio à agricultura (1,4%) e turismo (1,1%).

Peso do interior

De acordo com Murilo Hi­­dalgo, diretor do Paraná Pes­­­quisas, o eleitorado
das cidades de pequeno e médio porte foi o responsável por colocar a saúde
no topo das prioridades para o próximo governador. No interior, a parcela
que cita essa área como a que deve receber mais atenção é de 62%. Por outro
lado, os moradores de Curitiba, região metropolitana e litoral tendem a se
preocupar mais com segurança. O porcentual de pessoas que quer ver essa área
como prioridade é de 41,2%.

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