18:04Sebastiana trovadora

sebastianacleversonbeje

Sebastiana Alves de Souza – Foto de Cleverson Beje

História paranaense contada por Cynthia Calderon

Há 13 anos um incêndio consumiu a casa do casal Marcelino Luciano (76 anos) e Sebastiana Alves de Souza (54 anos), numa localidade próxima ao municipio de Pitanga. Entre uma carona e outra, Marcelino, Sebastiana e os 11 filhos  chegaram a Ubiratã. Uma das filhas traz no corpo a marca da tragédia. Sem casa e nem emprego, tentaram “anestesiar” a dor na cachaça. Cada um enchia a cara como podia. Foi quando Sebastiana foi encontrada pela irmã Teresinha (que hoje vive no Peru), da congregação Camelianas. Com a ajuda do Pão da Vida, entidade beneficente sem fins lucrativos, eles conseguiram mudar o rumo da vida. Sebastiana foi internada, participou dos Alcoólicos Anônimos (AA) e nunca mais colocou uma gota de álcool na boca. Analfabeta, ela sonha em aprender as palavras.
Na sala de chão batido do barraco em que hoje vivem, ela conta em trova a sua história. Numa cama de solteiro ao lado da janela, o marido enfartado e  sofrendo com a cirrose, herança deixada pela bebida.

Eu era uma pessoa que não pensava em nada não
Só pensava na cachaça
Que nela tava a solução
Até que um dia uma pessoa veio falar
Eu vou ti arrumar um serviço e a vida vai melhorar

Entrei no grupo Pão da Vida
A vida tem solução
Ali batizei meus filhos
Veja só que comunhão

Hoje estou casada
A igreja é freqüentada
E agradeço a todos
Que fizeram me ajudar.

Sorridente e sem vergonha do passado, Marcelino e Sebastiana vivem da aposentadoria dele, que sempre trabalhou na roça. O dinheiro é consumido pelos remédios. Sebastiana não se abala e não deixa de sonhar. Um deles é conhecer o  presidente Lula por acreditar que ele a entenderá, afinal ‘ele já foi pobre’, diz. Sem  esperança de realizar seu sonho, ela manda o recado:

…eu peço para o governo:
Vem me ajudar
Já estou ficando velha
Preciso me aposentar
Pra ajudar meu esposo
Que não pode mais trabalhar

Se o senhor me der uma ajuda
Contente vou ficar
Porque os “pãos” dos meus filhos
Não vai faltar.

Compartilhe

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.