9:33A longa e sofrida batalha de Pierpaolo Petruzziello

do Fantástico, da Rede Globo

Brasileiro é escolhido para testar mão artificial na Itália

http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1405488-15605,00.html

Em 2006, Pierpaolo Petruziello sofreu um acidente e foi levado em estado grave para o hospital, com parte do braço esquerdo mutilado.
 
Boa notícia vinda da Itália: cientistas apresentaram esta semana a mão artificial! Isso mesmo: essa mão é robótica, e é comandada pelo cérebro. Você vai conhecer agora o brasileiro que perdeu parte de um braço e foi escolhido para testar a novidade.

Domingo, 6 de agosto de 2006. Pierpaolo Petruziello dirigia por uma rodovia que liga Curitiba ao interior do Paraná. Ao desviar de um homem bêbado que invadiu a pista repentinamente, ele perdeu o controle do veículo e capotou. Foi levado em estado grave para o hospital, com parte do braço esquerdo mutilado.

O médico que atendeu Pierpaolo em Curitiba conta que o rapaz chegou ao hospital correndo risco de vida. “Havia perda muito grande de sangue, ele estava inconsciente, com uma lesão importante, traumática, no membro superior esquerdo, especificamente no antebraço. E estava com risco iminente de vida. Nestas situações, você tende inicialmente a salvar o paciente”, explica o cirurgião vascular Wilson Michaelis.

Parte do braço esquerdo teve de ser amputada. O pai de Pierpaolo, que é italiano, começou então a procurar na internet pesquisas que pudessem ajudar o filho de alguma forma. Ele descobriu que a Universidade Biomédica de Roma vinha desenvolvendo, há seis anos, uma prótese acionada pelo cérebro e os pesquisadores precisavam de voluntários.

“O que eu fiz, fiz com sentimento de amor, sentimento de pai e esperando que desse resultado também evidentemente para outras pessoas”, conta Walter Petruziello.

Em Roma, o médico que chefiou a pesquisa explicou à correspondente Ilze Scamparini por que o brasileiro foi escolhido para a experiência. “Pierpaolo foi selecionado entre 30 voluntários que viram o nosso trabalho pela internet”, diz o neurologista Paolo Maria Rossini, “porque a lesão era relativamente recente e estava limpa, os nervos a serem usados estavam bem conservados e Pierpaollo é jovem”.

O brasileiro foi submetido a uma cirurgia para colocar eletrodos – terminais elétricos – em dois nervos do braço que controlam os movimentos dos dedos. Os fios dos eletrodos são, então, ligados a um equipamento computadorizado que interpreta os sinais do cérebro para acionar a mão artificial, feita de titânio e fibra de carbono.

Essa tecnologia custou cerca de R$ 6 milhões para ser desenvolvida. Depois da cirurgia, Pierpaollo passou um mês usando o equipamento, de quatro a seis horas por dia. Cientistas dizem que essa foi a experiência mais longa já feita com eletrodos implantados no corpo.

Pierpaolo diz que não foi fácil fazer a mão artificial funcionar: “Você tentar abrir e fechar algo que não existe parece até meio utópico, você não consegue fazer. Você tem de imaginar que tem um membro que não tem. Teu cérebro uma hora não consegue entender nada mais do que você está fazendo. Eu sei que ali eu estou no meu limite”.

O doutor Paolo Maria explica que outras mãos artificiais acionadas do mesmo modo fazem apenas o movimento de pinça. A mão testada pelo brasileiro é capaz de mais movimentos. Ele diz que, no futuro, uma pessoa precisará de dois meses para fazer todos os movimentos manuais necessários no dia a dia.

A mão testada por Pierpalo ainda é pesada demais para ser implantada no que restou do braço dele: 16 quilos. Os pesquisadores esperam conseguir em até cinco anos fazer com que a prótese tenha o peso médio de um braço humano, cerca de três quilos.

Quanto isto acontecer, Pierpaollo ganhará de presente dos pesquisadores a mão artificial. De volta a Curitiba, o brasileiro afirma que está contente com o sucesso da experiência e que não precisa de prótese: “Eu estou muito tranquilo com a minha atual situação, eu não precisaria nem usar uma outra prótese na verdade. Agora eu até digo para a minha mãe, para a minha esposa: se eu tivesse que passar por isso de novo eu pensaria duas vezes, mas eu faria”.

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