9:22Aloprados no ninho

Em artigo publicado na quinta-feira passada no jornal “O Estado do Paraná”, Edson Gradia, braço direito do senador Alvaro Dias, de quem foi secretário de Esporte e Turismo, alerta no fina do texto para algo que Ruth Bolognese informou ontem aqui neste Jornale: a possibilidade de tiroteio feroz dentro do ninho tucano. Vai aqui a parte que interessa no texto de Gradia, que poderia ter sido assinado por Alvaro Dias, pois não seria publicado sem o consentimento deste. A íntegra do artigo vai na sequência:

… Ninguém, com um mínimo de inteligência, pode negar o desejo e legítima aspiração dessas lideranças postularem o direito o direito de governar o Paraná. Ambos têm credenciais e vida pública de inegável credibilidade. Quem quer que venha a ser o ungido para a disputa eleitoral, não pode prescindir do apoio do outro. Uma cisão será fatal para qualquer dos disputantes. Daí ser um ato de estupidez e grande incompetência alimentar polêmicas estéreis envolvendo os dois atores políticos. Nem Alvaro será governador sem o apoio de Beto e nem este chegará ao Palácio Iguaçu sem o apoio e a militância ativa do outro. É preciso recolocar o bom senso, a inteligência e a compostura política na articulação daquelas candidaturas.

Repetiria o lugar comum: quem avisa amigo é. Nenhum dos dois postulantes pode ser colocado no canto do ringue, imaginando possível nocaute. O prefeito Beto Richa deve alertar um grupo de “aloprados” que, ao hostilizar com gratuidade o senador, imagina estar asfaltando uma grande estrada em seu favor. Quando, na verdade, estão construindo um gigante “mata-burro”.


Provincianismo e “aloprados”
Edson Gradia

O viver de província, não obstante o dinamismo econômico de muitos estados brasileiros, vem sendo uma marca da política nacional nos últimos tempos. A inexpressividade política torna-se suprapartidária e aparentemente vitoriosa. Como consequência, a marca do provincianismo atrasado passa a ser expressão dominante na vida política regional.

Tudo que é péssimo, ganha dinamismo próprio e se expande com velocidade de fórmula um. A política do “Yes, man” prevalece sobre os verdadeiros fundamentos de uma administração pública moderna e inovadora. O conservadorismo patrimonialista impede o voo da transformação, potencializando as composições políticas onde o não ter opinião formada é fundamental.

O viver de província passa a ser cultivado com ares de excelência e sabedoria. Esconde a mediocridade, onde os espaços dos temas políticos ficam reduzidos à individualização dos seus homens públicos. A ação substantiva das estratégias políticas cede lugar à vulgarização adjetiva. Os elogios fartos e amestrados transformam-se em cachoeiras com grandes quedas d’água. O culto ao poder predomina.

O Paraná é um estado de grande progresso econômico, sendo responsável pelo quinto Produto Interno Bruto (PIB) do País. A sua população, integrada por etnias de variadas origens e brasileiros de todas as regiões, testemunha no cotidiano a construção de uma realidade empreendedora e desenvolvimentista. Estado generoso pelo trabalho da sua gente que integrou, nos últimos 80 anos de maneira pioneira, dois terços da sua geografia, dando ao Brasil um exemplo de colonização competente. O povo paranaense é respeitado e admirado além fronteiras, como exemplo, o desafiador do progresso. Não é cultivador do viver provinciano, ao contrário, é dotado de humanismo e espírito solidário, quando se envolve no ofício de construir uma sociedade democrática e antioligárquica. E universalista, por origem.

Infelizmente, nos últimos anos, o viver de província passou a ter presença forte na sua realidade política. Ausentou-se de uma presença nacional à altura da importância que tem o Estado. Vilipendiando os poucos líderes que tem ação afirmativa na política nacional. A autofagia penetrou forte na dinâmica política estadual. E na sua estrutura principal o conservadorismo patrimonialista passou a vigir. Veja o exemplo do que vem ocorrendo no PSDB estadual. Partido no qual sou filiado. E que tem no senador Alvaro Dias e no prefeito de Curitiba Beto Richa duas expressões de indiscutível liderança.

Ninguém, com um mínimo de inteligência, pode negar o desejo e legítima aspiração dessas lideranças postularem o direito o direito de governar o Paraná. Ambos têm credenciais e vida pública de inegável credibilidade. Quem quer que venha a ser o ungido para a disputa eleitoral, não pode prescindir do apoio do outro. Uma cisão será fatal para qualquer dos disputantes. Daí ser um ato de estupidez e grande incompetência alimentar polêmicas estéreis envolvendo os dois atores políticos. Nem Alvaro será governador sem o apoio de Beto e nem este chegará ao Palácio Iguaçu sem o apoio e a militância ativa do outro. É preciso recolocar o bom senso, a inteligência e a compostura política na articulação daquelas candidaturas.

Repetiria o lugar comum: quem avisa amigo é. Nenhum dos dois postulantes pode ser colocado no canto do ringue, imaginando possível nocaute. O prefeito Beto Richa deve alertar um grupo de “aloprados” que, ao hostilizar com gratuidade o senador, imagina estar asfaltando uma grande estrada em seu favor. Quando, na verdade, estão construindo um gigante “mata-burro”.

Edson Gradia é ex-secretário de Estado do Esporte e Turismo do Paraná e graduado em Odontologia.

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