20:56Paulo Baier

Paulo Baier parecia não ser Paulo Baier hoje durante boa parte do jogo. Errava passes, as chuteiras pesavam como bolas de ferro, os companheiros não ajudavam, ele se deslocava mas a bola ou vinha quadrada ou se vinha redonda escapava-lhe do controle. E as faltas não aconteciam para ele meter na gaveta. E os tiros de canto em tentativas de gol olímpico morriam nas mãos dos goleiro carioca. Mas ele jamais colocou as mãos na cintura ou balançou a cabeça maldizendo a jornada ruim num jogo decisivo, de fica ou despenca, desistindo. Parece saber que o momento sempre chega para predestinados. Formiguinha incansável tentava, tentava, até o primeiro instante mágico do deslocamento pela direita e o passe açucarado para a conclusão de Wallyson ainda no primeiro tempo. Na fração de segundo estava ali esse simplório exuberante em toda sua dimensão. Na frieza que controla o momento, que olha tudo o que acontece em volta e decide. Depois, continou do mesmo jeito que estava, mas não é qualquer um que ganha música especial da torcida na apresentação. Aí veio o gol consagrador, o do alívio, o que elevou todos ali às nuvens brancas e ao céu de ferir os olhos que cobria a Baixada neste domingo. No cruzamento da esquerda, a bola voando em câmera lenta para os corações aflitos, ele se preparou para subir no tempo exato, mas como a trajetória daquela que lhe é fiel a fez se dirigir um pouco atrás da linha de sua coluna, ele foi foi para trás e, com o toque sutil de cabeça, colocou-a no canto direito do goleiro, fora do alcance deste, mas no ponto certo para deflagrar a explosão da alegria mais pura, a alegria que engoliu o medo do rebaixamento, a alegria proporcionada por um jogador que merece vestir a camisa rubro-negra.

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