8:34Manifesto em defesa das barangas

Do blog  “Sobre Nada“, de Ewandro Schenkel, no site da RPC (www.rpc.com.br):

A beleza é subjetiva. Gisele Bündchen é considerada bela. Tão bela quanto Guernica. Não tem fórmula e nem ranking. A beleza é algo intraduzível e, ao mesmo tempo, explícita. Todos a apreciam. Eu também. Mas não é por isso que tudo que não é extremamente coeso esteticamente deve ser evitado, aviltado e achincalhado. Até porque existe algo mais belo que a própria beleza. É a beleza da sacanagem.
Não existem argumentos técnicos que me permitam dizer que Geisy Arruda, a garota da Uniban, é mais feia que a cantora Beyoncé, por mais evidente que isso seja. Sempre acho inválido estes rankings de revistas masculinas com as 100 mais sensuais do mundo e coisas do tipo. O que leva Juliana Paes a ficar atrás de Grazi Massafera? Eu não faço a menor ideia. As duas são lindas e pronto. Como diriam em uma mesa de bar: “pegava”.
Foi inevitável escutar os primeiros comentários logo após começar a pipocar na internet as imagens de Geisy. Todos queriam saber como era aquela mulher que mexeu com os hormônios e os nervos de toda uma instituição. Qual o corpo seria responsável por fazer a patuleia subir pelas paredes? Foi então que apareceu uma mulher de 20 anos, normal, um pouco acima do peso, com cabelos pintados e sorriso maroto. Impossível evitar a frustração. “Só isso?”, muitos se perguntaram em pensamentos.
Nestes dias ouvi diversos comentários, partindo de ambos os sexos, desmerecendo Geisy. Das mulheres saem sempre os piores. “É baranga, olha a banha no braço”. Dos homens, mais comedidos, a avaliação foi de que ela não estava a altura da proporção que o caso tomara. Em público, na frente dos colegas, o tom de reprovação. Lá no fundo, tenho certeza, pensavam: “comia”.
Este texto, como os caros leitores já notaram, não é para fazer nenhum tipo de consideração sobre o tumulto em si. O mundo inteiro já fez isso. Venha na humildade tentar defender a sacanagem arte. Tentar jogar um pouco de honestidade no discurso elitista-estético que ronda a superficialidade de um bate-papo entre amigos.
Geisy é baranga sim, mas isso é um elogio. Ela é o tipo de mulher que poderia se encontrar em cada esquina, não é rara. Desperta sensualidade de baixo nível, animalesca e gutural. Gisele Bündchen ganha aplausos nas passarelas. Mas é a Geisy quem arranca o assovio dos pedreiros. É a atendente que te atrai só pelo jeito de dar o troco. É a empregada que todo adolescente gostaria de ter em casa.
Talvez isso ajude a explicar o furdunço que os estudantes da Uniban promoveram. Se fosse uma modelo de ranking os alunos se intimidariam. Apreciariam de longe. Já a garota da minissaia rosa é real. É sensual. Rebola com maldade. Provoca a ira das colegas simplesmente por ser mulher. Pois até as mais belas estudantes da Uniban sabem que Geisy representa o perigo real e imediato. Geisy tem a sacanagem nos olhos. Ela não é uma demoiselle d’Avignon. É da laje.

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