13:30Para Washington

 O ex-jogador Washington está agora em Copacabana. Emocionado pela homenagem que vai receber logo mais antes do jogo entre Fluminense e Atlético Paranaense, dois dos times que defendeu como centroavante. Na sexta-feira passada o Jornal Nacional mostrou, na reportagem principal, o drama do jogador, que tem uma doença degenerativa que travou as pernas com que fez tantos gols, e a disposição de Fred, centroavante do Flu, em ajudá-lo, leiloando camisas com o número 9 às costas. Em Curitiba, o bar Folha Seca, de Carlinhos Neves, preparador físico do São Paulo  que trabalhou com Washington no excepcional time do Atlético Paranaense de 82/83, entrou na corrente e faz, todo domingo, leilão de uma camisa autografada do time que trabalha agora. Mas, aqui, tenta-se fazer justiça a quem primeiro mostrou a situação do craque. Foi a jornalista Luciana Pombo, presidente do  Movimento Atlético Mais Futebol (MAMF), que publicou, em seu blog (http://blogs.abril.com.br/lucianapombo), no dia 29 de outubro, o relato de seu encontro com o grande e doce baiano. No final do texto que segue, há o número da conta da filha de Washington, onde  quem desejara pode depositar a colaboração. Confiram:

washington

Washington

 
Washington, lição de vida!…
Há quem diga que quem vive de passado é museu!

Eu ouso dizer que não devemos viver do passado, mas precisamos saber valorizar o que um dia foi bom, nos deu alegrias, entrou para história e hoje é relembrado com eterna felicidade. É assim que a nação rubro-negra lembra-se de Washington – craque matador da década de 80.

Nosso ídolo que foi fonte de tantas alegrias, hoje cai no esquecimento e é vitima do descaso e falta de reconhecimento da diretoria atleticana. O parceiro de Assis sofre com uma grave doença degenerativa do sistema nervoso e precisa de tratamentos com medicação cara. “Eu tentei entrar em contato com a direção do Atlético, mas ninguém me atende. Ninguém abre as portas para eu ir ver a Arena, nem para eu andar pelo Centro de Treinamento”, diz o jogador, com olhar triste.

Aquele olhar de matador ainda está lá, com a mesma alegria e encanto que existia há mais de 20 anos. Brincalhão, Washington não perde piadas e mostra tristeza apenas ao falar do Atlético – time que promete que guarda no peito para a vida inteira. “Claro que só não gosto de ter que escolher o time quando jogam Atlético e Fluminense. Normalmente daí torço para o time que precisa mais!”, confessa.

A direção do Movimento Atlético Mais Futebol (MAMF) resolveu conhecer de perto a situação de vida de Washington. Ao contrário do que havia nos informado a direção do Atlético Paranaense, ele não vive numa casa alugada pelo Furacão. Ele mora numa casa simples, com o filho – que é jogador atleticano. Logo que chegamos, fomos recepcionados por representantes do site www.flueternoamor.com, uma página criada por torcedores do Fluminense – clube que Washington jogou – e que vieram do Rio de Janeiro somente para prestigiar o jogador.

Washington estava lá nos esperando. Sentado na área numa cadeira de rodas, na sombra que a garagem proporcionava, transparecia uma calma e paz de espírito digno de um mestre budista. Fomos acomodados por seu filho em cadeiras, perto do jogador. Na nossa frente, estava um lutador. Homem que não se deixou abater por causa de um pesado diagnóstico. “Eu fiquei bravo com o Assis”, contou o jogador em tom de brincadeira, “ele ficou quase dois anos sem me visitar e bastou saber das notícias de minha doença e quis saber de mim. Eu disse para ele, qual é? Só agora?”.

Não, não foi uma visita triste. Ao contrário. Washington sorria e o tempo inteiro e contava suas histórias orgulhoso: “Nunca perdi um Atletiba. Tenho orgulho de dizer isso. Era de intensa rivalidade sempre, mas éramos vencedores todos os jogos. Podia ser onde fosse. Difícil mesmo era jogar contra o Colorado!”, lembrou.

Washington mora junto com o filho desde que soube do diagnóstico. A casa é humilde, fica numa rua tranqüila e sem saída. O craque aparenta bem mais que os seus 49 anos e está muito magro. Papo vai, papo vem, Washington relembrava com o torcedor carioca alguns jogos memoráveis pelo Tricolor das Laranjeiras. E com um sorriso de quem voltou no tempo e transbordou de felicidade, lembrou da música que era entoada no Maracanã em sua homenagem: “ÃO…ÃO…ÃO… NA CABEÇA DO NEGÃO!” Era a extraordinária habilidade de cabeceador também sendo reconhecida em terras cariocas.

Quando se aposentou, Washington não pensou em outra coisa: quis voltar para Curitiba, onde construiu a carreira que o levou a ser um dos grandes craques do futebol nacional. “Eu ganhei muito dinheiro como jogador e também brinquei muito. Não dá para dizer. Não dá para se arrepender. Dinheiro a gente gasta. O que não dá é para rasgar”, disse ele, com a alegria de quem ainda é um pouco menino. E de meninos, ele conhece bem. Por ter sido ídolo do Furacão, escuta sempre brincadeirinhas de torcedores rivais na porta de casa. “Eles vem até aqui para tirar sarro de mim quando estamos perdendo. Mas eu dou risada. Sei que eles sempre vão se lembrar dos jogos que ganhamos lá. E quem ganha é o grupo. O time só vai bem quando todo o grupo vai bem. Não tem time que ganhe campeonato com brigas e disputas internas. Eu quando vejo um time sem união já sei que não vai longe”, ensina.

Serviço: Washington tem uma doença neurodegenerativa chamada de Esclerose Lateral Amiotrófica. Para combater a doença, ele usa o medicamento riluzol – que retarda a evolução dos sintomas. A caixa com 56 comprimidos custa em torno de R$ 1,6 mil. Se você quer ajudar o jogador pode depositar qualquer quantia na Conta Poupança 7237-0 / Agência 2926-2 / Banco do Brasil (número 001). A titular da conta é a fillha do Washington, Geovana de Souza Santos (CPF 165.634.415-72).

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