11:20Revivendo

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Sempre achei que ele cultivava aqueles cabelos compridos para demonstrar que era mesmo um guerreiro cabra da peste. Nunca entendi porque na terra em que escolheu para viver, seu monumental trabalho pela memória da música brasileira era praticamente ignorado. Deve ser por causa daquele pensamento imbecil de que tudo que é do passado é saudosismo barato e o mofo causa alergia aos modernosos. Um dia entrei no seu templo para registrar nas páginada da falecida “Veja Paraná”, a “Vejinha”, um pouco da história. Na casa do Alto da Glória, tinha 50 mil discos. Na Casa Sartori, na Barão do Rio Branco quase esquina com a Rua XV de Novembro, em meio aos instrumentos musiciais, ele colocou há anos os primeiros discos vinis que remasterizou. Nunca mais parou. Entrou para a era dos CDs e meu grande sonho, um dia confessado num encontro fortuito, era ter toda a coleção, verdadeiro tesouro com quase 300 títulos – e aqui cito as preciosidades dos discos de Francisco Alves, Luiz Gonzaga, Orlando Silva, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Pixinguinha, Lupicínio Rodrigues, Tonico e Tinoco e Cascatinha e Inhana, só para citar alguns da minha modesta coleção. No dia em que passei na loja e vi discos de vinil a R$2,00, arrematei todos. Faz um tempo. Perguntei por ele, soube que estava doente. Os filhos é que tocavam os negócios. Uma filha é a que está levando adiante a missão a que o pai se incumbiu. Leon Barg, um dos grandes colecionadores e historiadores da música popular brasileira, deixa um legado que não há como descrever, tal a importância. Ao colocar ao nosso alcance o trabalho de milhares de cantores, músicos, técnicos de som, etc, fez o que tão bem significa nome da sua gravadora. Leon Barg reviveu nossa música e, como isso, tornou-se também imortal como o objeto de sua paixão.

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