11:53Menos monóxido de carbono

Do jeito que veio:

Biocombustível já  reduziu em 30% emissões de CO na Linha Verde

Resultados do projeto iniciado há um mês foram apresentados em visita técnica promovida pela Urbs no 17º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito

Os seis ônibus da Linha Verde que há um mês estão rodando apenas com biocombustível, sem mistura de diesel, apresentaram resultados que surpreenderam até mesmo os coordenadores do projeto, pioneiro na América Latina e, até onde se tem notícias, também no mundo. Medições técnicas mostraram um índice de opacidade (emissão de fumaça) 25% menor e redução de 19% de oxido de nitrogênio e uma redução de 30% nas emissões de monóxido de carbono (CO).

     Os resultados foram apresentados nesta segunda-feira (28) durante visita técnica programada pela Urbs, Urbanização de Curitiba S/A, que integra a programação do 17º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito. Promovido pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) o Congresso reunirá em Curitiba, até sexta-feira (2) em torno de 2,5 mil participantes.

      Os ônibus – três da Scânia e três da Volvo – foram abastecidos 100% com biocombustível à base de soja no dia 27 de agosto e a previsão era de um consumo de combustível até 8% maior do que os ônibus abastecidos com diesel. “Mas o que se verificou é que o consumo aumentou apenas 5%, com índices melhores que os esperados neste início de programa.”, disse Elcio Luiz karas, gestor da Área de Vistoria e Cadastro da Urbs, durante apresentação a técnicos e especialistas em transporte e trânsito reunidos no auditório do Mercado de Orgânicos de Curitiba.

     Coordenador do projeto, Karas comemorou os resultados. “O desempenho, potência, consumo e emissões de poluentes estão sendo acompanhados dia a dia”, afirma. “E os primeiros resultados são animadores”, disse ele, destacando que o projeto B100, como é definido pelos técnicos, só foi possível graças à determinação da administração municipal e à ampla parceria com empresas e institutos de tecnologia.

     São parceiros da Urbs neste projeto, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente; as empresas Cidade Sorriso e Viação Redentor, operadoras do transporte na Linha Verde; as fabricantes de chassis Scânia Latin América e Volvo do Brasil; o Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar); o Programa Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico e Combustíveis (Probiodiesel); e as empresas BSBios Indústria e Comércio de Biodiesel Brasil Sul S/A, sediada em Passo Fundo (RS), que produz o combustível; e a RDP, Distribuidora de Petróleo Ltda, sediada em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, responsável pelo transporte.

     Os ônibus do B 100 fazem a linha Pinheirinho-Carlos Gomes, pela Linha Verde e rodam em média, por dia útil, em torno de 200 quilômetros. A fase experimental vai durar 18 meses e a intenção é ampliar o uso do biocombustível para toda a frota da Linha Verde e, se comprovada a viabilidade, para o restante da frota da cidade.

     Esta é a primeira vez, até onde se tem notícias, de ônibus operando em frota de transporte coletivo sem uso de diesel. O marco brasileiro prevê a mistura obrigatória ao diesel de 4% de biocombustível, abaixo do que já foi testado em Curitiba, de 5% e 20% os chamados B5 e B20.

     A cidade optou pelo combustível à base de soja, explicou Karas aos participantes da visita técnica porque não há risco de cristalização a baixas temperaturas. “Combustível que tenha alguma gordura animal pode cristalizar quando usado em locais de temperaturas mais baixas, o que é o caso de Curitiba. Assim, o uso exclusivo de soja é um dos requisitos essenciais do projeto.

     O uso de biocombustível em ônibus da Linha Verde já estava previsto no projeto do novo eixo de transporte inaugurado em maio deste ano pelo prefeito Beto Richa. “Estes ônibus foram desenvolvidos especialmente para a Linha Verde em Curitiba, com motores que tanto podem rodar com diesel quanto com biocombustível”. São veículos equipados com elevadores, painéis eletrônicos com nome da linha, sistema de monitoramento por satélite GPS, bancos com cores diferenciadas para idosos, deficientes ou gestantes e balaústres táteis entre outros itens de segurança e conforto para os passageiros.

     A Linha Verde é o mais novo eixo de transporte da cidade. A primeira etapa tem quase 10 quilômetros de canaletas exclusivas dos ônibus do sistema Expresso. A avenida tem quatro faixas de tráfego em cada sentido e, no trecho em operação, cinco estações de transporte, 2.5 mil árvores, seis quilômetros de ciclovia exclusiva e quatro de ciclovia compartilhada, além de nova iluminação e paisagismo. A segunda etapa, prevista para ser iniciada no ano que vem terá mais nove quilômetros e permitirá a implantação de mais duas linhas do Expresso, a Pinheirinhio-Atuba e a Atuba-Centro.

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