Deu no blog do Juca Kfouri (http://blogdojuca.blog.uol.com.br):
por Roberto Vieira
O telefone toca.
Urgência.
O oftalmoscópio indireto busca na escuridão.
Por entre o edema bipalpebral.
Um milagre.
24 de setembro de 1969.
O Cruzeiro seguia irregular.
O Corinthians de Rivelino era o favorito.
O Pacaembu reaberto.
Com cinco minutos Fontana arrepiou Ivair.
Suingue quase marca.
Palhinha perde um gol cara a cara.
E novamente Suingue, agora de pênalti.
Inaugura o placar eletrônico da Seiko.
Atropina.
Repouso absoluto durante oito dias.
Segundo tempo Tostão se machuca e é substituído.
Os jornais citam apenas a contusão.
Ignoram que o futebol brasileiro jamais será o mesmo.
Uma bola chutada por Ditão atinge o olho esquerdo de Tostão.
Viagem de avião.
Exame em Belo Horizonte.
Descolamento de retina.
Houston, tivemos um problema!
A maior esperança brasileira para a Copa de 70 viaja.
Sob o olhar triste da mãe.
Sob o olhar surpreso de todo o país.
Não se sabia. Nem do milagre de Tostão na Copa de 70.
Nem que naqueles dias de escuridão.
Nascia o Dr. Eduardo Gonçalves de Andrade.
E entrava para a história o craque Tostão…