por Zé da Silva

Áries

Ele estava lá tinindo no azul metálico. As grades da frente feito dentes de bandido na boca aberta. Janelas estreitas e as rodas traseiras quase totalmente cobertas  pelos paralamas, o que dava mais charmes aos pneus com faixa branca. Nasceu em 1951 nos Estados Unidos e resistiu mais de meio século para encantá-lo. O desenho tinha entrado na cabeça num filme violento, onde o mocinho tinha permissão para matar e pilotar a máquina toda preta, como se ela fosse a própria urna funerária. Olhou, olhou, mas resistiu. Voltou tempos depois e o Mercury não tinha saído do lugar. Era seu!, pensou. Nem perguntou preço. Mandou embrulhar, pagou com cartão de crédito, levou a miniatura para casa e decidiu presentear o irmão, um pouco mais novo, com apenas 50 anos e gêmeo na mesma paixão. Agora pensa em realizar o sonho do autorama que nunca teve. Pista em 8, uma curva inclinada. Mas quer Fittipaldi e Stewart para os pegas da saudade.