7:55O repórter mentiu no Jornal Nacional

Do ombudsman:

Talvez seja a indiscutível audiência da Rede Globo que leva a alguns de seus repórteres assumirem posturas arrogantes, embora, reconheça-se, ainda existam grandes e belas figuras que não são boçais. Preferem ser humildes e generosos na convivência dentro e fora do trabalho. Nesta semana, Wiliam  Bonner disse uma grande verdade ao abrir o ciclo de apresentações de repórteres do “Jornal Nacional” e seus 40 anos de existência: “Sem repórter não há jornalismo”. Mas ontem à noite, havia um repórter nordestino, Francisco José, sediado em Recife, que em terno sob medida e cabelos alinhados cometeu o pior dos deslizes de quem pratica a reportagem: a mentira. Disse ele ser o “único correspondente” em Comodoro Rivadávia, região da Patagônia argentina, quando transmitiu uma matéria “de dentro de um guarda- roupas”. De fato, ele assim agiu no móvel de seu apartamento no pequeno hotel daquela gelada cidade. Havia duas testemunhas. Ele não era o ” único correspondente” naquele cenário da Guerra das Malvinas. Outros dois estava lá: Núnzio Briguglio, pela revista “Isto É”, e o paranaense Helio Teixeira, pela “Veja”. Que tomaram goles de Jack Daniels e comeram lagostins pelo sucesso da matéria do guarda roupa do “companheiro” global. Era abril de 1982. Obs.: Quando a gente vê matérias prontas, redondinhas, na tela da Globo, não imagina que aquilo tem a cabeça, troncos e membros de anônimos profissionais da rede de televisão: os produtore(a)s. Ser repórter global é a maior moleza, se comparado aos coleguinhas dos jornais. Esses, cultivam e batalham fontes, sozinhos.

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