16:18Hospital Evangélico, 50 anos

Do jeito que veio:

Maior hospital filantrópico do Estado completa meio século de serviços prestados à saúde dos paranaenses 

No dia 05 de setembro, o Hospital Universitário Evangélico de Curitiba completa 50 anos. O que era um sonho da Sociedade Evangélica Beneficente – SEB em 1943 em construir um hospital para atender pessoas carentes se tornou realidade em 1959, e hoje, os 38 leitos iniciais transformaram-se num complexo hospitalar com mais de 660 leitos, sendo um grande centro de excelência na saúde do Paraná.

Em seus 50 anos de atividades, o Evangélico tornou-se um hospital de referência nacional e internacional em várias especialidades. O serviço neurocirurgia é considerado, desde 2008, um centro de referência classe “A” em cirurgia da base do crânio pela Federação Mundial de Neurocirurgia. É um hospital geral com atuação nas áreas de alta complexidade pelo SUS, sendo inclusive referência para atendimento de gestação de alto risco, grandes queimados, transplante renal, trauma, entre outros.

“É muito gratificante acompanhar o crescimento do Evangélico e ver toda transformação que ele sofreu durante estes anos”, comenta Dr. Constantino Miguel Neto, diretor geral do Evangélico, que há 40 anos dedica sua profissão a esta instituição, onde acompanhou todas as grandes conquistas e também as dificuldades passadas desde sua criação. “Fui aluno da primeira turma da Faculdade Evangélica, quando ingressei em 1969. Tenho orgulho de fazer parte de uma instituição universitária reconhecida e certificada pelos Ministérios da Saúde e Educação e que se tornou um grande hospital”, ressalta.

O complexo hospitalar do Evangélico resulta em mais de um milhão de atendimentos prestados ao ano, sendo 85% via SUS, onde é maior parceiro da Prefeitura Municipal de Curitiba. Dispõe de 45 mil metros quadrados, 660 leitos, UTI Geral, UTI cirúrgica, UTI coronariana, UTI neonatal, totalizando 60 leitos de UTI, 22 salas cirúrgicas, 450 médicos e 3.500 funcionários. Em média, são realizados diariamente: 110 cirurgias, 30 partos, 100 internamentos, 3.800 exames, gerando um movimento diário aproximado a 7.000 pessoas em suas dependências.

 

Nesses 50 anos, o Evangélico manteve viva a missão dos pioneiros de prestar à comunidade um atendimento cristão e humanizado. Há 20 anos mantém um serviço de voluntariado que conta com a participação da comunidade tanto em atividades dentro do hospital para o bem-estar dos pacientes carentes, como também em atividades que visam arrecadação financeira para melhoria dos serviços hospitalares. Conta também com os serviços de capelania, assistência social e atendimento psicológico para pacientes e familiares 24 horas.

 

Há 40 anos trata de queimados, adultos e crianças, numa média de 20.000 atendimentos por ano. Para diminuir o tempo de tratamento e recuperação, encontra-se em fase de implantação de um banco de pele humana, que será o terceiro no Brasil. Já realizou mais de 1.200 transplantes renais em 10 anos de atividade. É o serviço mais atuante do Paraná e figura entre os 10 mais ativos do Brasil, sendo também, um importante centro de captação de órgãos para transplantes em todo o Estado.

 

O pronto socorro atende em média 50% das urgências e emergências de Curitiba e Região Metropolitana. São cerca de 350 atendimentos diários, nas áreas clínica, cirúrgica, trauma, infantil e queimados. Para atender a esta crescente demanda, já está em fase de construção o novo pronto socorro, que contará com uma área superior a 1.000m2, inserido numa área total de ampliação de 4.500 m2, previstas para atender o serviço de imagem, central de materiais, entre outros. “Pretendemos que o novo pronto-socorro seja o maior e melhor equipado do sul do país”, afirma o diretor.

 

Recentemente o antigo prédio da faculdade de medicina transformou-se no moderno edifício para abrigar a Unidade Alta Complexidade, exclusivamente para pacientes do SUS. Integrado ao prédio principal através de uma passarela, esta obra foi construída sobre os conceitos de acolhimento e sustentabilidade e seus três andares ampliam a capacidade em 92 leitos, aguardando apenas a parceria governamental para equipar esta nova ala.

 

“O Evangélico, durante estes 50 anos de atividades, sempre buscou a tecnologia hospitalar e, ano a ano, tem investido em seu parque tecnológico para manter a qualidade no atendimento à população do Paraná jamais perdendo o foco do atendimento cristão”, conclui Dr. Constantino.

 

A História

Formação da SEB – Sociedade Evangélica Beneficente:

 

No dia 25 de junho de 1943, sete senhores evangélicos representados pelas igrejas: Metodista, Batista, Presbiteriana e Congregacional se reuniram para mobilizar a formação de uma instituição de cunho beneficente, voltada ao atendimento médico-hospitalar, mas que também proporcionasse assistência à população. Era um tempo de guerra, e Curitiba não dispunha de muitas opções para tratamento especializado de saúde.  Os doentes, principalmente do interior, só contavam com a Santa Casa ou precisavam viajar até São Paulo.

 

Conforme as atas das primeiras reuniões a necessidade era de estudar uma proposta de criar um órgão beneficente de amparo aos enfermos dos estados de Santa Catarina e Paraná. Todos os presentes na reunião foram unânimes em fundar uma organização com tal finalidade. E assim se fundou a Sociedade Evangélica Beneficente – SEB que tinha como principal missão a construção de um Hospital. Nascia aí o começo da história do Hospital Evangélico.

O Dr. Parísio Cidade era pastor em São Francisco do Sul, veio morar em Curitiba e, sendo médico, sentiu-se desafiado por este sonho. Assim que constituída a sociedade, partiu-se para a busca de um terreno e de recursos para a construção junto à comunidade. Várias pessoas se envolveram na causa e as doações começaram a surgir de diversas fontes.

 

No final da década de 30, o dono de um cartório havia feito a doação de um terreno junto à prefeitura, destinado à construção de um hospital na cidade. Mais de 20 anos se passaram sem que o terreno fosse ocupado. Quando a SEB pediu ajuda ao poder público para a construção do hospital, contou com o apoio do desembargador Clotário Portugal e recebeu do Prefeito Algacyr Munhoz Maeder exatamente este terreno como doação.

 

O projeto de construção do hospital Evangélico mobilizou a cidade inteira. Milhares de pessoas da comunidade evangélica e não evangélica contribuíam mensalmente através de um carnê, cuja cobrança era feita por líderes das igrejas, casa a casa.

 

Pedra fundamental     

Em evento solene, no dia 07 de setembro de 1947, realizou-se o lançamento da pedra fundamental do Hospital da Sociedade Evangélica Beneficente, no qual estiveram presentes muitas autoridades. Como forma de marcar a importância de tal evento foi criada uma urna de zinco, na qual foram guardadas uma bíblia, jornais do dia, cópia de um Estatuto e de uma proposta para sócio da SEB, uma Constituição Federal do Brasil, uma constituição Estadual do Paraná, moedas brasileiras da época, um exemplar do livro” Circulo de Oração” e uma cópia da ata.

A planta, em forma de estrela, foi projetada nos Estados Unidos nos moldes dos hospitais norte-americanos e obtida gratuitamente através da Sra. Izabel Gomm.  

Curiosidades:

    * Uma toalha com o nome de 939 benfeitores foi bordada pelas mãos habilidosas da senhora Olinta Palmquist. Esta toalha é usada até hoje nas reuniões do Conselho da SEB para relembrar daqueles que a tornaram realidade. A classe médica também se uniu e levantou doações em dinheiro para compra de mais um terreno anexo ao hospital, visando futuras ampliações.
    * As mulheres tiveram um papel preponderante nesta fase de arrecadação. Vários eventos sociais, culturais e religiosos foram promovidos em prol do hospital Evangélico. Muitas rifas foram também realizadas para angariar fundos. Uma delas tinha como prêmio um bolo no formato de estrela, representando a planta baixa do hospital. No dia do sorteio, este bolo ficou em exposição nas Livrarias Ghignone, na Rua XV.  O vencedor da rifa foi um estudante universitário que, na época, morava na Cajobapa – Casa do Jovem Batista Paranaense. Ele e todos os rapazes desta república de estudantes comeram bolo durante uma semana. Uma curiosidade: o ganhador do bolo foi André Zacharow, que, 30 anos mais tarde, tornou-se presidente da SEB.
    * O prefeito de Curitiba, na época, Dr. Iberê de Matos, desceu do carro para participar da solenidade, mas seu dedo ficou trancado na porta. Foi atendido prontamente, sendo considerado o primeiro paciente deste hospital.

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