18:28Governo Requião responde artigo de Mailson da Nóbrega sobre uso palavras estrangeiras

Da Agência Estadual de Notícias:

Governo do Paraná responde artigo que critica lei sobre uso de palavras estrangeiras

O Governo do Paraná enviou nesta quarta-feira (29) carta à Redação da revista Veja respondendo artigo do ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega. O ex-ministro, que entregou o cargo com o País vivendo sob uma inflação de 80% ao mês, erra na interpretação da Lei 16.177, que disciplina o uso de palavras estrangeiras em propagandas. O texto não proíbe o uso de termos em outras línguas, mas exige que eles sejam acompanhados da tradução, para serem compreendidos pelas dezenas de milhões de brasileiros que não falam outros idiomas.

Leia a carta.
Ao diretor de Redação da revista Veja

Em resposta ao artigo “Ludopédio no gramado”, do ex-ministro da hiperinflação, Maílson da Nóbrega, o Governo do Paraná esclarece que:

· A Lei Estadual 16.177 trata, apenas e tão somente, do uso de palavras estrangeiras em propagandas. Não se refere a quaisquer outros usos da língua, como títulos de filmes, discos, livros ou clubes de futebol, como parece acreditar o ex-ministro. Também não proíbe o uso de quaisquer expressões estrangeiras. Antes, apenas pede que elas sejam traduzidas, em favor das dezenas de milhões de brasileiros que não falam — e nem precisam — inglês, francês, alemão, italiano ou outros idiomas.

· O governador Roberto Requião, graduado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e em Jornalismo pela antiga Universidade Católica do Paraná, hoje PUC-PR, tem pleno conhecimento de que um idioma como o português brasileiro é algo vivo, de propriedade de centenas milhões de falantes e, por isso mesmo, em constante mutação, sujeito à influência de palavras e expressões de outras línguas.

· Não é para impedir tal influência que se editou a Lei 16.177. O que querem o governador e os deputados estaduais do Paraná que votaram a favor dela é coibir o ridículo, abusivo e, não raro, inculto e ignorante uso do inglês e de outros idiomas estrangeiros no afã de “sofisticar” mensagens publicitárias. Atribuir à Lei 16.177 efeitos tão perversos como os que cita o ex-ministro é o mesmo que culpar, exclusivamente, Maílson da Nóbrega pela inflação de 80% ao mês durante sua gestão à frente do Ministério da Fazenda.

· Requião quer, apenas, resgatar o bom senso e evitar o ridículo de ver cidades brasileiras coalhadas de propagandas em inglês, apregoando sale, off, delivery, rent, drive thru, personal stylist, personal trainer etc. Fariam melhor a Veja e outros veículos brasileiros se saíssem às ruas e perguntassem aos cidadãos se entendem o que dizem tais palavras.

· Vejamos alguns exemplos do uso abusivo — e, pior, incorreto — de idiomas estrangeiros no Paraná. Um dos shopping centers de Curitiba chama cada um dos vários andares de seu estacionamento de “Deck Park”. Está errado. Em inglês correto, se escreveria Parking Deck.

· Outro caso: um dos hotéis de luxo da cidade, em propaganda de rádio veiculada há algum tempo, convidava executivos para seu café da manhã pomposamente batizado de “Morning Coffee”. Novo erro. Café da manhã, em inglês, é breakfast. Pior ainda — o locutor, provavelmente não versado em inglês, pronunciava coffee sem acentuar a última sílaba. Ouvia-se, assim, cough, tosse, em inglês. Um cidadão britânico ou norte-americano de passagem por Curitiba ouviria, assim, um convite para uma sessão de “tosse de negócios”, o que quer que seja isso. Há inúmeros outros exemplos, mas não vemos a razão de nos estendermos, aqui.

· Chamamos a atenção, por fim, para a sanha com que os que agora falam em “atentado à liberdade de expressão” se voltam contra o uso do português do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Homem de formação simples, Lula traz em seu falar inúmeras marcas do português da Garanhuns de sua infância e do chão de fábrica e das reuniões sindicais do ABC paulista. Nada de errado com isso, concordam os linguistas. O idioma, afinal, é algo vivo, está em constante mutação. Não nesse caso. A liberdade de expressão vale para publicitários, que se autodenominam “criativos”, se apropriando de um adjetivo que travestem de substantivo para se autoglorificarem. Mas nunca, jamais, para a gente simples. Que democracia é essa, ex-ministro?

Atenciosamente

Governo do Paraná

Compartilhe

15 ideias sobre “Governo Requião responde artigo de Mailson da Nóbrega sobre uso palavras estrangeiras

  1. jango

    Perguntar, não ofende:

    Se fizer propaganda citando “Aqui del Rey !” precisa traduzir ?

  2. The Book Is on The Table

    “Breakfast” é uma refeição matinal rápida, com ovos, bacon, sucrilhos e suco (café é opcional). É coisa de estadounidense.
    “Café da manhã” tem que ter café, leite, pão com manteiga, margarina ou banha. Coisa típica nossa. Portanto, está certo escrever “Morning Coffee”.
    Escrever errado (qualquer que seja o idioma) não é crime, nem pode ser punido com multa. E certamente não é desculpa para a tal 16.177. Esta sim é abusiva, ridícula, inculta e ignorante.

  3. Jeremias Bueno

    Responder ao Mailson da Nóbrega?

    É dar muito valor a quem nada merece. A capacidade dele é inversamente proporcional à sua obra: a maior inflação da Via Láctea em todos os tempos.

  4. JJ

    Ele não foi macho de assinar como autor da carta…

    Assinou Governo do Paraná, nesta missiva ridícula – que Veja não precisa publicar como direito de resposta, pois esta carta é mais ofensiva á inteligência do que o artigo de Maílson (que, aliás, foi atacado como é hábito do Rei Quião).

    O Governo do Estado não tem posição.

    Quem tem que ter é o Governador, pois é dele esta sandice.
    Este idiotismo do filho de Wallace e Lucy (assim mesmo, com y).

    Ainda bem que não vai durar muito – nem a Lei, nem o mandato dele.

    Será esquecido, pela imensidão de obras e promessas não realizadas.

    Só vai nos legar as dívidas das ações judiciais, todas, que perdeu em nome do Estado.

  5. Doc Tuoto

    Prezado The book is on the table:

    Provavelmente o senhor interpretou “breakfast” como “refeição matinal RÁPIDA” considerando que o complemento “fast” da palavra “breakfast” se referiria ao adjetivo “rápido”.

    Entretanto, o complemento “fast” refere-se ao substantivo inglês “jejum”, portanto “breakfast” literalmente seria traduzido por “quebra-jejum ou desjejum”.

    Recomendo-lhe revisar o seu “the book in on the teiboul ?!”

    Nota 10 para o Governador Requião.

  6. josé

    Então tá.

    Quero ver a tradução de:

    – yakissoba,
    – champignon, –
    – pierog,
    – rolmops,
    – capuccino,
    – café espresso (sim, é assim que se escreve no original);
    – pizza;
    – spagheti;
    – capeletti;
    – agnolini;
    – rondeli;
    – chopp;
    – fondue;
    – tender;
    – bacon;

    E tantas outras mais

    Ridículo…isto não é nacionalismo, é burrice mesmo…aliás, que tal se preocupar em educar nossas crianças?

    Que tal ensinar a sério Português e também outras línguas, hoje algo tão fundamental quanto matemática?

    Com tanta coisa importante pra se fazer e os caras se preocupando com besteira…

  7. eurípedes

    É difícil admitir que concorde com o governador, mas neste caso está coberto de razão. Uma coisa é usar o inglês, francês, alemão, mandarim para o trabalho, outra bem diferente querer empurrar goela abaixo dos outros que não precisam ou não gostam de idiomas estrangeiros. Falar outro idioma hoje em dia é uma coisa positiva, porém conduzir a força a população a adotar um idioma estrangeiro é burrice. Eu prefiro falar um bom português e um inglês ruim do que falar um bom inglês e um português ruim. Hoje em dia é bem comum ouvir jovens dizendo que falam melhor inglês do que português, mesmo tendo nascido no Brasil, país onde até eu saiba a língua oficial é o português, ao contrário do que muitos estadunidenses analfabetos de geografia e conhecimentos gerais acham que se fala o espanhol.

  8. The Book Is on The Table

    Doc Tuoto, você escreveu errado seu gracejo “the book IN on the teiboul ?!”. O correto é “the book IS on the teiboul ?!”. Qualquer coisa consulte a Wikipedia. Mas não se preocupe, não será cobrado a multa desta vez. 😉
    Não estamos falando de traduções, substantivos ou adjetivos. Estamos discutindo a importância ou a praticidade de uma lei que é um claro retrocesso. Duvido que isso vá ensinar nossos filhos a escreverem ou falarem melhor o português (que também não é o legítimo português, já que incorporamos ao idioma palavras de origem tupi-guarani e africanas).

    Gudi Bái!

  9. Cidadao

    Sendo assim teremos de pedir tambem para os economistas mudarem os seus textos e simplifica-los (Selic, Tags, deficit).
    Somente o Joelmir Beting faz isto, a maioria da ninguenzada conhece termos referentes a isto tendo influencia direta no dia a dia do trabalhador, entao que tal ele fazer uma lei obrigando tambem aos economistas, juristas e politicos pararem de falar e escrever palavras que nao sao interpetradas pela maioria e simplificar os seus discursos.

  10. Cassandro

    Wallace = Uólace
    Lucy + Lucia.
    É só requerer e o Juiz autoriza a mudança. Simples assim.

  11. Bruno Aleixo

    “Morning Cough” não quer dizer, como afirma o artigo requiocriptopseudopoliglótico, “tosse de negócios”, mas algo como “tosse da manhã”. Burros!

  12. leitor

    ô, dêbúquisondetêibou, estás totalmente errado nessa tua explicação de breakfast e coffee. breakfast é o nome em inglês da refeição que chamamos de café da manhã. não importa o que esteja à mesa. nos eua, a tigrada adora panqueca com xarope de bordo (ou maple syrup, em inglês). na inglaterra, o tradicional é mandar aquele feijão com molho de tomate e salsichas. mas, em ambos os lados do atlântico, é breakfast. estás em teu pleno direito de espinafrar a lei do requião (que é uma bobagem, mesmo), mas não precisa maltratar o léxico por conta disso. cheers!

  13. Jurídiqueiro....

    Independente das discussões de outra natureza (pelas quais também me interesso), adianto para os eventuais multados que tal lei é formalmente inconstitucional porque o Estado legislou sobre matéria de competência privativa da União. Salvo engano é o último inciso do artigo 22 da Constituição de 1988….Abraços e segue a discussão….

  14. The Book Is on The Table

    Não querendo ser “syrup”, mas até o próprio exemplo que o release do Governador citou se contradiz quando defende “breakfast” ao invés de “morning coffe”. Só para ter uma idéia de que isso não vai dar certo e só vai causar confusão.

    É claro que tanto nos EUA como na Inglaterra o termo “breakfast” refere-se a primeira refeição matinal destes países, pois um foi colonizado pelo outro! Ma spor aqui eu não tomo “bréquifesti”, tomo café-da-manhã (morning coffe) e sem panqueca!

    Resumindo, por mim gringo pode até comer merda no desjejum e chamá-lo do que quiser que eu não ligo, o que não me desce é esta lei indigesta do Requião. Nem coberta com feijão ao molho de tomate e salsichas…!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.