Manifesto do “Movimento Atlético Mais Futebol” enviado ao governador Roberto Requião, ao Secretário de Segurança Luiz Fernando Delazari e ao coronel Anselmo José de Oliveira, comandante da Polícia Militar do Paraná por conta do lamentável episódio da guerra das bombas ocorridas no Atletiba de domingo passado e que resultou em multas e perda de mando de jogo aos dois times. Confiram:
Uma partida de futebol precisa representar um momento de lazer e de diversão para as famílias paranaenses. Há muitos anos pais de família compram seus ingressos na Arena da Baixada para assistir espetáculos de futebol. Brincadeiras, palavras de ordem, hinos são sempre normais quando o assunto envolve uma grande paixão, como o nosso Atlético Paranaense. O que não nos parece normal, como integrantes de um movimento legítimo nascido no seio atleticano (Movimento Atlético Mais Futebol), é a desordem provocada por alguns arruaceiros disfarçados de torcedores sem qualquer tipo de fiscalização, controle ou verificação na entrada dos estádios.
O que vimos no último Atletiba, no dia 19 de julho, foram momentos lamentáveis de violência dentro da Arena entre pretensos torcedores do Coritiba e do Atlético Paranaense. Violência sem qualquer tipo de contenção. As torcidas, de forma despropositada, foram separadas por duas fileiras de cadeiras – ou seja, poucos metros. Os seguranças do Atlético perfilavam em torno da torcida atleticana e os policiais militares (bem poucos, aliás) estavam ao lado da torcida alviverde, mas não demonstravam qualquer tipo de reação, mesmo diante das inúmeras bombas que foram disparadas entre as torcidas.
Não se trata de qualquer tipo de exagero. Foram inúmeras bombas entre as torcidas. Ao contrário do que sempre vemos no Couto Pereira, não houve qualquer policial que fizesse menção de parar o que parecia inevitável: o aumento da violência no estádio e o inconseqüente desfecho nas ruas (com a morte de torcedores no bairro Santa Felicidade). As crianças que ali estavam ficaram apavoradas com a violência. As mães de família estão com medo de levar seus filhos para o estádio – coisas que não víamos mais.
O que houve? Foi falta de planejamento para a partida mais importante para os dois times rivais do Paraná? Por que não havia policiamento suficiente do lado de dentro do campo? Por que não houve uma revista eficiente de homens e mulheres? Por que se permite que na Arena os torcedores da Império (facção organizada) entrem com bombas e luminosos enquanto os torcedores atleticanos são impedidos de levar bandeiras, por exemplo, no estádio Couto Pereira?
Poderia ter sido muito pior do que foi.
O que não se entende é como o policiamento no Alto da Glória é feito sempre com rigor. Nos últimos atletibas, temos visto a atuação firme da polícia na repreensão de pequenos tumultos, com o uso de gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, cães para contenção. O que faz da Baixada um local menos digno de atuações firmes (e sem violência) da Polícia Militar?
Queremos o cumprimento do acordo assinado em setembro do ano passado entre os clubes paranaenses, a Federação Paranaense de Futebol (FPF) e o Ministério Público (MP). Cada um fazendo a sua parte para evitar a violência nesta campanha que tem que ser de cada um de nós. Onde estava a Polícia Civil que precisa estar com um escritório volante atuante para atendimento de ocorrências detectadas pela Polícia Militar (PM) em cada um dos jogos? Será que as ocorrências não foram detectadas? Por que a Polícia Civil não pode fazer nada, mesmo diante do pedido de torcedores atleticanos indignados com a troca de bombas entre as torcidas? Será que parceria das polícias, do Ministério Públicos, dos clubes e da Federação Paranaense de Futebol (FPF) são apenas uma forma de se conseguir holofotes da imprensa?
Precisamos saber com urgência quem é o responsável pela aprovação da realização do Atletiba com um efetivo tão reduzido. Queremos explicações, para entendermos os motivos que levaram a este péssimo planejamento visto por nós, atleticanos, na Arena. Além de um efetivo reduzido, muitos policiais ficaram nos corredores, enquanto eram poucos os que estavam na divisa entre as torcidas.
Como paranaenses, eleitores, atleticanos, exigimos uma resposta das autoridades estaduais!
Não é possível que nada mude para melhor neste Brasil!
Não é possível que o cidadão de bem não possa contar com a ação policial, com a segurança pública, que é um direito constitucional!
MOVIMENTO ATLÉTICO MAIS FUTEBOL