7:46Os deputados disseram amém

Para não esquecer: a lei que obriga a tradução de palavras estrangeiras em publicidade foi aprovada pela maioria dos nobres deputados estaduais, iluminados que foram pela sabedoria do governador Roberto Requião, que copiou o projeto que não deu certo no Rio de Janeiro. O próximo passo deverá ser a obrigatoriedade da dublagem de todos os filmes nos cinemas e nos canais a cabo. Depois, quem sabe, a tradução dos nomes e sobrenomes estrangeiros. E sabe-se lá mais o quê. É o horror!

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6 ideias sobre “Os deputados disseram amém

  1. Carlos Cesar

    Por favor, gostaria que vc publicasse quais foram os deputados que votaram contra isso, ou se todos votaram a favor? Foram os 54 que concordaram ou teve alguma crítica na hora? Será que ninguém viu isso Zé?

  2. Delcio

    O que é lei?

    Durante séculos, temos procurado “evoluir” de todas as formas, seja com novas invenções, avanços científicos, tanto na área tecnológica quanto médica, e, é claro, com a criação de novas leis. Leis essas que deveriam ajudar a criar aquilo que por volta de 1516 foi colocado num livro como “algo fantástico” pelo renomado escritor Thomas More em seu livro denominado Utopia, que nada mais era senão um termo cunhado para se referir à ideia de civilização perfeita, ideal, imaginária.

    Saindo da literatura e voltando ao presente momento vivido em nosso estado, surge o nosso governador com a “sensacional ideia” de fazer com que todos os estrangeirismos colocados em vitrines de lojas e demais instituições fossem traduzidos para a Língua Portuguesa do Brasil. E, o que é pior, algo aprovado por nossa Câmara.

    Aqui, faço as seguintes perguntas a esses indivíduos que deveriam criar leis no intuito de ajudar o povo, criar leis pensando que seria possível transformar aquilo que More se referiu como Utopia em realidade: “Qual o conhecimento de língua que eles possuem?”, “O que é para eles ‘estrangeirismo’?”, “Eles questionaram o que os nossos renomados linguistas acham disso?”. Provavelmente, não! Pois, se o tivessem feito, com certeza essa lei não “sairia do papel”.

    brasil sem futebol

    A prisão da língua

    Avança o projeto de lei que proíbe palavras estrangeiras. A vítima será o idioma português

    Por Rafael Corrêa e Vanessa Vieira
    Revista Veja – 26/12/2007

    A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados deu um passo atrás há uma semana. O grupo aprovou por unanimidade o projeto do deputado federal Aldo Rebelo, do Partido Comunista do Brasil, que pretende banir o uso de palavras estrangeiras em anúncios publicitários, meios de comunicação, documentos oficiais, letreiros de lojas e restaurantes. Caso o projeto se torne lei, quem for comprar um mouse para o computador terá de procurar na prateleira por um “rato”. Aliás, ao comprar o próprio computador, terá de pedir ao lojista por um “ordenador”. Não se poderá mais promover shows, e sim apresentações musicais… e por aí afora.

    O projeto de Rebelo, que já passou pelo Senado, será agora encaminhado à votação no plenário da Câmara. Caso ele seja aprovado, o Congresso terá deflagrado um retrocesso sem precedentes na história da língua portuguesa. O projeto se baseia na premissa desmiolada de que o português estaria ameaçado pela invasão de termos em inglês usados pela população, principalmente aqueles trazidos pelas novidades tecnológicas.

    A percepção de que a língua de Camões estaria perdendo a guerra contra um ataque incessante de estrangeirismos é equivocada e despreza a natureza dos idiomas. A história mostra que todos eles absorvem palavras de outros idiomas para ampliar seu vocabulário. Nesse processo, as línguas evoluem, tornam-se mais ricas, e não o contrário. Além do mais, segundo os especialistas, o projeto de Rebelo é inviável. “O projeto do deputado Rebelo está fadado ao fracasso porque quem manda nos rumos do idioma é a língua falada”, diz o filólogo Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras. “Já passou a época em que o estrangeirismo era considerado um invasor. Hoje, sabe-se que ele enriquece o léxico”, ele completa. O nacionalismo lingüístico é uma parvoíce, mas volta e meia surge quem o defenda no Brasil.

    No século XIX, foi a vez de Rui Barbosa. O jurista criticou duramente o escritor português Eça de Queiroz por usar galicismos em seus romances. As palavras que escandalizavam Rui na prosa de Eça eram massacre, detalhe e envelope, as três de origem francesa. “Nessas degradações da palavra, continuará ele a exercer seu ofício de atuar criadoramente sobre o idioma? Não pode ser”, escreveu o Águia de Haia. Hoje, as palavras que lhe causavam repulsa estão perfeitamente incorporadas ao português. Como se vê, Aldo Rebelo desconhece a forma como as línguas funcionam.

    Historicamente, a multiplicação dos vocábulos nos idiomas se dá nas conquistas de territórios, nas migrações de populações e na exportação de componentes culturais dos países. Na Idade Média, a língua portuguesa contabilizava apenas 15.000 palavras. No século XVI, período marcado pelas grandes navegações, esse número dobrou. No fim do século XIX, os dicionários já registravam 90.000 vocábulos. Hoje, a Academia Brasileira de Letras calcula em 400.000 o total de palavras da língua portuguesa. A origem dos vocábulos incorporados ao português ao longo dos séculos variou conforme o tipo de contato mantido com outros povos.

    Entre os séculos VIII e XV, o idioma absorveu muitos termos de origem árabe por causa da ocupação moura na Península Ibérica. Durante o Renascimento, a arte e a arquitetura italianas universalizaram várias palavras relacionadas a elas. No século XIX e nas primeiras décadas do século XX, a França ditava a moda no Ocidente, e várias palavras de origem francesa foram incorporadas ao português.

    A tentativa de proteger idiomas das influências estrangeiras é característica de governos autoritários (veja o quadro). “Na Alemanha nazista, o projeto de arianização da cultura alemã teve sua imagem simbólica na queima pública dos livros não alemães”, lembra o historiador Wagner Pinheiro Pereira, pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da Universidade de São Paulo. De autoritarismo, Aldo Rebelo entende. Durante muito tempo ele e o PCdoB teceram loas ao comunismo ao estilo albanês, que produziu um dos países mais atrasados da Europa.

    Nas democracias modernas, a principal tentativa de promover um nacionalismo lingüístico ocorreu na França. Em 1994, o presidente François Mitterrand sancionou a Lei Toubon, que determinava a substituição geral de termos estrangeiros por seus equivalentes em francês. Primeiro, a lei foi ridicularizada pelo povo, que a apelidou de Lei All Good – tradução para o inglês da sonoridade do nome do ministro Toubon, que a propôs. A seguir, vários de seus artigos foram considerados inconstitucionais e hoje vigora apenas uma versão mais branda da lei. E em que Aldo Rebelo se inspirou para criar seu projeto esdrúxulo de cercear o avanço do português? Na Lei Toubon, é claro. O deputado poderia começar sua sanha nacionalista mudando o nome da agremiação em que milita. Afinal, a palavra “comunista” é um imperdoável galicismo.

    TRADIÇÃO AUTORITÁRIA
    As tentativas mais extremadas de isolar a língua nacional ocorreram nas piores ditaduras

    Itália -O regime fascista de Mussolini proibiu termos estrangeiros na língua falada e na escrita. Os idiomas dos países inimigos na II Guerra, em especial o inglês e o francês, foram banidos das escolas. No cinema, todos os filmes estrangeiros tinham de ser dublados.

    Alemanha – O regime nazista de Hitler determinou que as palavras de origem estrangeira fossem substituídas por termos arcaicos em alemão. Jornais de outros países foram proibidos. Tornou-se obrigatório dublar os filmes estrangeiros. Nas escolas, em vez de línguas estrangeiras, ensinavam-se línguas mortas, para realçar a idéia de que o regime nazista estava associado a uma tradição cultural antiga.

    Irã – O presidente Mahmoud Ahmadinejad criou um índex com palavras estrangeiras que devem ser proscritas e substituídas por equivalentes. No idioma farsi, “pizza” virou “massa elástica” e “celular” tornou-se “comunicador companheiro”.

    A percepção de Requião de que é preciso “traduzir” os estrangeirismos é muito equivocada, visto que as línguas são vivas e, como tal, mudam, desenvolvem-se, ampliam-se. Por isso, caro governador, os estrangeirismo enriquecem o vocabulário de uma nação, eles não o prejudicam! Passam a fazer parte dele!

    O que seria dos homens se não existisse a palavra “futebol” ou das mulheres sem o temo “sutiã”? O primeiro tem sua origem no inglês, já o segundo no francês. E o que seria de nós hoje sem a “internet”? Ou sem o nosso querido “mouse”? Também originados do inglês.

    Por que, em vez de leis que punam os bandidos, os policiais corruptos e também os nossos deputados, governadores, senadores, etc. corruptos, nossos governantes ficam brincando do que é melhor ou pior num assunto que é muito mais complexo do imaginam?

    Realmente necessitamos de leis, pois não sabemos viver sem elas. No entanto, precisamos de leis que nos ajudem a evoluir como pessoas, como indivíduos melhores do que somos hoje, leis que nos façam refletir sobre nossos atos.

  3. John

    Nada como dividir as responsabilidades, não é mesmo? Sinal de que concordam com a proposição do governo. E sinal de que o governador não é o único maluco aqui no Paraná.

  4. Olho vivo

    Qual vai ser a multa?
    Eles vão fazer o que?
    Prender?
    Não prendem nem ex deputado bebado com carteira vencida a 190kmh que sai matando e parece que nada aconteceu!!!!
    Vão fazer o que? Eles não tem moral pra nada!

  5. -Noviski-

    A publicidade é o novo “moinho” do Dom Requixote. E os deputados que aprovaram são os Sanchos Pança…

  6. andreia politica

    sem comentarios,é aqui pelo jeito voltou o atraso de vida enquanto tiver uma praga desta comandando o estado é isto,tenho pena dos paranaenses e curitibanos,que as vezes passam por ignorantes ao ao aceitar uma babaquiçe desta,lá no meu querido rio grande do sul uma praga desta nao se cria,é dos 3 estados do sul ainda aqui no paraná,continuam a defender e fazer leis de tremenda asneira,uma pena.

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