11:52Radares escancarados

Para o bem da verdade, fica aqui registrado que as falhas nos radares da Urbs já tinham sido noticiadas há tempos pelo jornal Folha de Londrina em reportagens da excelente jornalista Rosiane de Freitas, portadora de diploma. A última foi publicada na segunda-feira passada (ver abaixo) e mostra que a Urbs admite que carros que transitam entre faixas não são registrados. A média de eficiência dos equipamentos é de 60%, segundo a empresa. Ou seja, 40% dos carros que passam, passam batido. Hoje, no Informe Folha, saiu um esclarecimento, porque a Urbs diz que o fato de o equipamento não conseguir identificar o veículo não é falha, é um comportamento esperado do equipamento. Ah bom!26/06/2009
INFORME FOLHA
Falha não

A Urbanização de Curitiba (Urbs), empresa responsável pelo sistema de radares de fiscalização eletrônica de velocidade da capital, contestou o uso do termo ”falha” na reportagem ”Falha em radares pode impedir registro de veículos”, publicada pela FOLHA no último dia 24. A instituição admite que em determinadas condições o equipamento pode até registrar a imagem de um veículo, mas não a placa completa, o que impede a identificação do carro.

Eficiência

Segundo a Urbs, os radares curitibanos são eficientes – ou seja, conseguem identificar o veículo através da placa – em mais de 60% dos casos, um índice acima do aceito pelo Conselho Nacional de Trânsito. Para a empresa, a não identificação de um carro não constitui uma falha, e sim um comportamento esperado do equipamento em determinadas condições, tanto com veículos que transitam dentro dos limites de velocidade quanto naqueles que extrapolam esse limite.

– As imagens registradas pelos radares nas quais não é possível identificar a placa completa do veículo também seriam armazenadas pelo sistema, mesmo que não sejam úteis para a aplicação de sanções a infratores.

Sem rastro

A Urbs informa também que na noite do acidente do ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho no último dia 7 de maio os equipamentos instalados na rua Ivo Zanlorenzi não registraram imagem do Volkswagen Passat dirigido por ele. Nem mesmo com identificação parcial da placa. O carro também não foi reconhecido pelo sistema de Leitura Automática de Placa dos radares.
24/06/2009
Falha em radares impede o registro de veículos
Diretora de Trânsito da Urbs admite a possibilidade de carro não ser registrado pelos equipamentos de monitoramento eletrônico de velocidade
Curitiba – No último dia 7 de maio o veículo Volkswagen Passat dirigido pelo então deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho colidiu violentamente com um Honda Fit na esquina das ruas Ivo Zanlorenzi com Paulo Gorski, em Curitiba, deixando dois mortos e muitas dúvidas sobre a eficiência do sistema de monitoramento eletrônico de velocidade das vias da cidade. O veículo em que estava o deputado não foi registrado pelos radares da rua em que aconteceu o acidente.

A ausência do Passat preto de Carli Filho nos registros da Urbanização de Curitiba (Urbs) não seria um caso único. Segundo Rosangela Battistella, diretora de Trânsito da Urbs, existe a possibilidade de um veículo não ser registrado pelos equipamentos. ”Depende das condições do local, de como ele trafegou na via e de outras variáveis”, explica.

Entre as situações em que a falha pode ocorrer Rosangela aponta o trânsito de veículo entre faixas ou a passagem de dois veículos ao mesmo tempo nos sensores do equipamento. Procurado pela reportagem da FOLHA, o diretor comercial da Consilux, responsável pelos 110 radares instalados em Curitiba, admitiu que o problema existe. ”Não sei se deve ou se pode ser divulgado isso”, declarou.

A falha nos equipamentos da Urbs foi apontada pelo perito Walter Kauffmann, contratado pela família de Gilmar Rafael Yared – que morreu no acidente – para investigar as condições da colisão. Segundo Kauffmann, os registros apresentados pela Urbs mostram que há veículos que desaparecem da via. ”O carro é registrado pelo primeiro e pelo terceiro radar, mas passa incógnito pelo segundo”, explica.

A falha aconteceria tanto com veículos que estão dentro do limite de velocidade quanto com os que ultrapassam a velocidade da via. Isso porque os radares instalados em Curitiba contam com um sistema que além de documentar os carros que estão acima do limite de velocidade, também possuem um sistema de registro da placa de outros veículos que transitam pela via.

Outro limitador da ação do radar seria a faixa de leitura do equipamento. Segundo a portaria do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) de registro dos equipamentos utilizados em Curitiba, da empresa Consilux, a faixa de leitura dos radares vai de 1 a 250 km/h.

”Todo equipamento desse gênero é submetido a ensaios que determinam as condições de uso e os parâmetros de atuação dele”, explica Eduardo Oliveira, chefe da Divisão de Instrumentos de Medição de Comprimento e Força do Inmetro. Antes de serem liberados para comercialização, os radares precisam ser analisados pela instituição, que emite uma portaria contendo todos as informações sobre o protótipo.

Segundo Oliveira, em geral a faixa de leitura dos radares aprovados pelo Inmetro supera os 300 km/h. ”O comum é estar acima disso, o que atende as necessidades da fiscalização de velocidade em áreas urbanas”, aponta.

A faixa de leitura do equipamento só é testada na aprovação do modelo pelo Inmetro. Depois de certificado, os radares precisam ser submetidos a verificações anuais pelo Instituto de Pesos e Medidas do Paraná (Ipem).

Em Curitiba, os radares jamais registraram o trânsito de veículos acima de 200 km/h. ”Nós já flagramos motoristas a 180, 170 km/h na Avenida das Torres. Mas não houve registro acima disso”, informa Rosangela.

A hipótese do Passat de Carli Filho ter superado o limite do equipamento de fiscalização eletrônica é descartada pelo perito do Instituto de Criminalística, Marco Aurélio Pimpão. ”Mesmo que o carro tenha sido alterado dificilmente chegaria a uma velocidade superior a 240 km/h”, diz.

”Estamos analisando o veículo para determinar se houve alteração no motor, mas também estamos trabalhando nos dados da Urbs para verificar se houve falha no sistema de registro”, explica Kauffmann. Ele espera concluir os trabalhos de perícia nos próximos dez dias.

Rosiane Correia de Freitas
Equipe da Folha

22/06/2009
Carros somem do radar, diz perito
Curitiba – A perícia particular contratada pela família de Gilmar Rafael Yared, morto dia 7 de maio em acidente que envolveu o ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho, ainda nem começou o trabalho de analisar os dados coletados pelos radares de velocidade da Urbanização de Curitiba (Urbs) mas já encontrou problemas.

Segundo o perito Walter Kauffmann, até o momento apenas as listas de carros registrados pelo sistema chegaram até a mão dos técnicos, que descobriram indícios de mau funcionamento nos registros da Urbs. ”Há carros que simplesmente somem da via”, conta Kauffmann.

Os radares implantados pela Urbs em Curitiba possuem um sistema de reconhecimento das placas que registra todos os veículos que circularam na via, mesmo que dentro da faixa de velocidade aceita no trecho.

O problema identificado pelos peritos é que numa rua em que há mais de dois radares em seguida, há carros que deixam de ser identificados por pelo menos um deles. ”O carro aparece no primeiro radar e no terceiro, mas não no segundo”, aponta.

Kauffmann diz que trabalha com fatos e provas e não quis adiantar conclusões. ”O que sabemos até agora é que existem falhas, provavelmente não nos radares, mas no sistema que armazena essas informações”, analisa. A extensão exata do problema os peritos só devem ter quando concluirem os trabalhos.

A análise dos dados colhidos pelos radares da Urbs foi solicitada pelo advogado Elias Mattar Assad, que representa a família Yared, porque o sistema não registrou o carro de Carli Filho na noite do acidente. Nenhum radar da rua Ivo Zanlorenzi, via na qual aconteceu a colisão, apontou a passagem do Volkswagen Passat Variant do ex-deputado.

Há um radar na via na esquina com a rua Grã Nicco, há 600 metros do ponto onde aconteceu a colisão. Outra hipótese é que o ex-parlamentar tenha acessado a Ivo Zanlorenzi pela rua Francisco Lipka, que fica a 500 metros do local do acidente. A reportagem entrou em contato com a Prefeitura ontem, mas não obteve resposta.

No limite

Segundo dados da perícia realizada por Kauffmann nos vídeos de segurança que registraram o acidente, o carro de Carli Filho atingiu o Honda Fit em que estava Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida a 191 km/h.

A Volkswagen, fabricante do Passat do ex-parlamentar, informa que o veículo tem velocidade máxima de 210 km/h. ”Estamos analisando se o motor do carro foi alterado”, adianta.

Uma possível adulteração do carro explicaria, por exemplo, como o Passat teria saído da esquina das ruas Ivo Zanlorenzi com Francisco Lipka, numa velocidade possivelmente próxima aos limites da via (60 km/h) e chegado no local da colisão a 191 km/h. Nesta segunda-feira será realizada reconstituição do acidente.

Rosiane Correia de Freitas
Equipe da Folha

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4 ideias sobre “Radares escancarados

  1. Orlando

    Zé, toda a história precisa ser bem esclarecida. Aí tem. Só os donos de fusquinhas, chevetes e opalas é que são multados pelos radares 60%. Brincadeira. O Beto Richa precisa explicar muita coisa, mas muita coisa mesmo.

  2. Leomar

    Pra multar “cidadão comum”, a Urbs serve. Pra mostrar o que o deputado fez, a Urbs não serve. Não fosse tão bunda-mole, e o curitibano já teria começado uma campanha de DESOBEDIÊNCIA CIVIL e não pagaria mais multas. Mas, fazer o que, se do Rio Atuba pra cá só tem CAVALO VESTIDO?

  3. CLEUZA

    CLARO QUE TEM!!!!!!
    O QUE TANTO ESCONDEM?
    QUE VERGONHA!
    DÁ VONTADE DE MUDAR DE PAÍS!

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