6:36Scalco na fogueira

A pancadaria continua. Agora colocaram o ex-ministro Euclides Scalco na fogueira, ele que foi coordenador da campanha de reeleição do prefeito Beto Richa (PSDB). Reportagem de Karlos Kohlbach publicada hoje na Gazeta do Povo (ver abaixo), onde, baseado em documentos entregues anteontem por Rodrigo Oriente, aquele, à Justiça Eleitoral, “sugere-se” que José Richa Filho, irmão do prefeito Beto Richa, atual secretário municipal da Administração, sabia que a coordenação da campanha tucana repassou dinheiro para o comitê do PRTB do B, Scalco teria participado da reunião onde foi decidido o montante do repasse (R$ 136 mil), incluído aí R$ 56 mil para “ajuda financeira aos ex-candidatos”, quantia que, segundo deduz a reportagem, seria exatamente o valor distribuído aos 35 dissidentes. Scalco, que está nos Estados Unidos visitando uma filha que lá mora, respondeu, através da assessoria, que não tem nada com isso. Interessante nessa história também é a movimentação de Oriente, ex-funcionário da prefeitura, que teve participação direta nas filmagens, depois foi protagonista do vídeo apresentado por Fernando Ghignone e Ivan Bonilha, coordenadores financeiro e jurídico da campanha, onde afirma que tudo era uma armação contra o prefeito. Isso é política! Isso é campanha.

Documentos sugerem que Richa Filho sabia de repasses a comitê

Material entregue à Procuradoria Eleitoral indica que irmão do prefeito tinha conhecimento de que o PSDB financiou as atividades dos dissidentes do PRTB

por Karlos Kohlbach  

Documentos entregues à Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná sugerem que o secretário da Administração de Curitiba, José Richa Filho, irmão do prefeito Beto Richa, sabia que a coordenação eleitoral do PSDB repassou dinheiro para o comitê de dissidentes do PRTB. Os dissidentes trabalharam na campanha tucana do ano passado. O material foi protocolado na procuradoria pelo ex-servidor municipal Rodrigo Oriente, que trabalhou no Comitê Lealdade, formado pelos dissidentes do PRTB. A procuradoria já abriu uma investigação para apurar o caso.
A documentação ainda indica que Richa Filho teria recebido uma prestação de contas interna dos gastos do comitê de dissidentes que trabalharam na campanha de reeleição do prefeito. Ao menos parte dessas despesas, segundo levantamento da reportagem feito no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não constam da prestação de contas de Beto Richa à Justiça Eleitoral, o que pode caracterizar caixa 2.
Rodrigo Oriente também entregou à procuradoria documentos que revelariam que o coordenador-geral da campanha de Beto, Euclides Scalco, participou de uma reunião em que foi decidido o orçamento de despesas para o “funcionamento do comitê (Lealdade) e o incentivo para que os candidatos (dissidentes do PRTB) desistissem da candidatura”.
Segundo o documento, nessa reunião com Scalco teria sido decidido que o orçamento seria de R$ 136.000, sendo R$ 10.000 para despesas gerais, R$ 30.000 para eventos, R$ 32.000 para combustível, R$ 8.000 para locação de veículos e R$ 56.000 para “ajuda financeira aos ex-candidatos”.
Chama a atenção os últimos R$ 56.000 destinados aos candidatos desistentes. No total, 35 ex-integrantes do PRTB desistiram de se candidatar no ano passado. E o vídeo que trouxe o caso a público mostra justamente parte dos desistentes recebendo a segunda parcela de um valor total de R$ 1.600. Se cada um dos 35 desistentes efetivamente tiver recebido R$ 1.600, o valor total gasto seria exatamente os R$ 56.000 que aparecem no documento.
A documentação entregue na procuradoria também aponta que, em uma reunião com Richa Filho, ficou estabelecido um cronograma de repasses para o Comitê Lealdade: R$ 25.000 em 14 de agosto de 2008; R$ 10.000 em 30 de agosto; R$ 25.000 em 11 de setembro; R$ 20.000 em 13 de setembro; R$ 10.000 em 22 de setembro; além de vales combustível pagos semalmente no valor de R$ 32.000. Os documentos mostram que, ao final da prestação de contas, o Comitê Lealdade gastou R$ 2.139,64 a mais que o orçamento previsto.
Toda a documentação foi protocolada anteontem por Rodrigo Oriente na procuradoria. Na ocasião, Oriente também prestou depoimento e reafirmou as acusações contra Richa Filho.
A prestação de contas dos gastos dos dissidentes do PRTB na campanha, segundo os documentos e o depoimento, foi elaborada por Alexandre Gardolinksi, que na época da eleição era coordenador do Comitê Lealdade e que ocupava o cargo de gestor da Secretaria Municipal do Trabalho até a última quinta-feira, quando foi demitido devido ao escândalo.
Gardolinski, segundo a acusação, teria sido quem informou Richa Filho sobre as despesas detalhadas feitas pelos dissidentes com dinheiro tucano. Na ocasião, Richa Filho era um dos coordenadores da campanha do irmão. No depoimento na procuradoria, Oriente afirmou que Gardolinski “produziu e mencionou ter entregue ao Sr. Carlos Alberto Richa e José Richa Filho a prestação de contas contendo a arrecadação e gastos do Comitê Lealdade”. “A decisão de contabilizar ou não estes recursos teria ficado a cargo do candidato e seu coordenador de campanha”, diz Oriente em um trecho do depoimento de nove páginas ao qual a reportagem teve acesso, juntamente com os documentos.

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Coordenador da campanha diz desconhecer prestação de contas

O secretário municipal de Administração, José Richa Filho, foi procurado ontem pela reportagem da Gazeta do Povo. A assessoria de imprensa da prefeitura de Curitiba informou que qualquer assunto relacionado à disputa eleitoral pela prefeitura de Curitiba em 2008 está sendo tratado pelos coordenadores da campanha do PSDB.

A reportagem, então, procurou Fernando Ghignone, que presidiu o comitê financeiro de Beto Richa. Questionado sobre a prestação de contas do comitê de dissidentes do PRTB, disse por telefone que nunca recebeu esse documento e que não tem conhecimento sobre a existência dele. Afirmou ainda que todos os documentos referentes à campanha de Beto Richa foram entregues à Justiça Eleitoral.

A reportagem também tentou entrar em contato com o procurador-geral do município, Ivan Bonilha, que coordenou o comitê jurídico da campanha tucana. Por meio da assessoria de imprensa da prefeitura, Bonilha disse que “todos os documentos estão anexados no processo de investigação e todas as respostas serão dadas no momento oportuno ao Ministério Público”. Bonilha ainda disse que vai “aguardar a conclusão das investigações”.

Citado em um documento supostamente elaborado por Alexandre Gardolinski, Euclídes Scalco respondeu por e-mail, enviado por sua assessoria, que não teve participação na criação do comitê fundado por dissidentes do PRTB. “Depois que a dissidência ocorreu, recebi no comitê da campanha o Manassés (Oliveira, ex-secretário municipal de Assuntos Metropolitanos) e o (Alexandre) Gardolinski, que foram reivindicar recursos para a formação desse comitê (Lealdade). Como eles não faziam parte da coligação que apoiava nosso candidato, solicitei a eles que procurassem o comitê encarregado de fornecer material e apoio. Nada mais. Isso ocorreu na presença do ex-deputado José Tavares, que me acompanhou e me auxiliou na coordenação durante toda a campanha”, afirmou. A resposta de Scalco se deu por e-mail porque ele está nos Estados Unidos.

Alexandre Gardolinski, que coordenou o comitê e é apontado como o autor da prestação de contas, disse por telefone que não iria se manifestar sobre o assunto.

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4 ideias sobre “Scalco na fogueira

  1. jeremias bueno

    Estou confiante em que o Ministério Público, a Polícia Federal e a Justiça Eleitoral encaminharão a questão com correção.

  2. marcelo ribeiro

    é ze beto o jornalão está a serviço de quem com esta manchete “sugere que doc…” coisa feia parece jornal partidário.

  3. Pingo no "i"

    Tá bom.Os tais “documentos” que “sugerem” isto ou aquilo por acaso contém alguma assinatura? Seus escritos foram produzidos por quem? Existem testemunhas? O conteúdo dos supostos acertos também foram testemunhados? Fácil, muito fácil jogar m… no ventilador. A matéria é um primor de desinformação e superficialidade.

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