6:38Sabe ler, escrever e perguntar?

A jornalista e chapa Melissa Bergonsi enviou recado e texto a respeito do fim da exigência do diploma de jornalista para se exercer a profissão. Acompanhem:
 
O STF conseguiu realizar a proeza de derrubar a exigência do diploma para que você possa ser jornalista. É isso mesmo. Não precisa de faculdade pra ser jornalista. É como ir à feira. É um salve-se-quem-puder. Segue texto meu, historinha do cotidiano para provocar reflexão geral. Tirem suas próprias conclusões. Eu já tenho a minha. Mas preservo o direito à liberdade para garantir a efervescência do debate. 

Entrevista de emprego: para que diploma?

Sabe ler e escrever?
– Sei sim senhor. Terminei o segundo grau. Mando bem, modéstia parte.

Sabe perguntar?
-Melhor do que ninguém. Trabalho no calçadão da XV com pesquisas de mercado.

Hmmm….ótimo. E o que o senhor acha da política brasileira?
– Todos ladrões. Merecem a execração pública.

Muito bom. O senhor entende bem de futebol?
– Melhor do que sei ler.

Conhece os problemas da cidade?
– Tá de brincadeira? Ônibus lotado, alta do combustível, falta antipó onde há estrada e falta asfalto onde nem há mais antipó. Fedor insuportável nos bueiros do centro da cidade, porta de ligeirinho que abre matando gente, bandido te esperando na porta de casa, greve no INSS. Vamos passar a tarde toda aqui.

Impressionante… e qual sua opinião sobre reportagens pagas?
– Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Nome?
– Jhonas Junior Brito.

Hmmm. Jota Jota Brito pode ser?
– Como o senhor preferir.

Sabe costurar?
– O suficiente.

Cozinhar?
– Muito bem.

Ótimo. O senhor começa amanhã. Já tem nome de repórter.

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6 ideias sobre “Sabe ler, escrever e perguntar?

  1. Osdrovaldo

    Faltou perguntar se concorda em não falar mal de quem arranja uma vaguinha no serviço público para uma filha, um filho, um irmão, uma namorada do dono do jornal, rádio, TV etc…

  2. Monte Castelo

    Desculpem aí Melissa e Zé, mas profissionais com esse perfil são os que atualmente ocupam a maioria das cadeiras nas redações em todo país só que por possuírem um “papelinho” chamado diploma, têm passaporte para se imiscuirem dentro os “bons” e não se questiona a sua qualidade. A guerra estabelecida pela categoria limitou-se a um horizonte muito próximo: tem diploma tá dentro, num tem, vai procurar. Não importando a qualidade do que se articula. Só para epigrafar, Boris Casoy não tem diploma, mas Marcelo Rezente tem.

  3. Melissa Bergonsi

    Monte Castelo
    Você pegou o “espirto” do texto.
    Será que essa já não é uma realidade mesmo com os diplomados?? Infelizmente, é sim. Tem gente que passa pela faculdade e sai de lá sem saber qual planeta que habita. Sou a favor do diploma sim. Mas cabe muita discussão dentro da minha opinião.
    abs
    Melissa.

  4. Monte Castelo

    Querida Melissa

    A corrida (discussão) deve ser pelo bom (qualificado) jornalismo e não pelo bonzinho (apaziguado) jornalismo, é isso que eu vejo.
    O “papelinho” não deve ser esquecido, mas sim elencado, fator qualificador e não preponderante.
    Existem pedreiros que entendem muito mais que engenheiros, mas isso não é a regra e sim a exceção que a confirma, no caso dos jornalistas então seria preciso que os setoristas fossem catedráticos naquilo que escrevem? Não! Mas também não podem ser somente curiosos, como eu. O meu compromisso como consumidor de informação é entender, aceitar ou refutar, o de vocês não é agradar é informar, apontar, discutir, trazer as luzes e dar voz aos turvos e oprimidos. Jornalismo não se faz só com texto, se faz com estomago, civismo e cara de pau. Achar o meio disso tudo é a virtude.

    Melissa, boa briga, mas não deixe isso virar maniqueismo entre ter ou não “papelinho”. É o momento para o expurgo que vocês devem fazer, acho que a palavra certa é catarse.

    Bjs.

    P.S.: Outro dia vi um concurso desses temporários que o governo Requião anda fazendo para quando for embora deixar o seu sucessor sem ninguém na administração estadual, mas esse concurso era para médicos de várias especialidades para o Hospital Regional de Paranaguá. Bem a classificatória era de até 5 pontos da seguinte forma: DIPLOMA 2 PONTOS – ESPECIALIZAÇÃO 1,5 PONTOS – TEMPO EXERCIDO de 0,5 a 1,5 PONTOS.
    Ai eu pergunto: PORRA!!! Diploma? Pode? Dá para entender cardiologista sem diploma ou especialização? Então que porcaria de classificação é essa?
    Isso foi só para ilustrar. Tchau!

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