9:40Vamos comunicar que o Supremo garante

por Maérlio “Ceará”

Ufa!!! Até que enfim uma luz vem do Supremo Tribunal Federal.

Glórias mil! Caiu a obrigatoriedade da exigência do diploma de jornalismo para quem pretende exercer essa maravilhosa profissão.

Isto não quer dizer que as pessoas não devam cursar uma faculdade que lhes dê melhores condições técnicas de comunicar. Alguns precisam, outros não.

Jornalismo antes de tudo é a arte de informar. E quando se trata de arte, a única coisa que não pode faltar é o talento, e talento faculdade alguma dá.

Isto me lembra um pouco a discussão que houve em 1980, quando fizemos a última Reforma Constitucional. Houve quem pedisse a exigência do diploma de músico para todos que quisessem ter uma música registrada. Numa tacada só os “sábios” iam caçar o título de compositor de mais de 90% dos nossos talentosos produtores musicais.

Voltando à pauta, no Brasil a exigência do diploma foi implantada pela ditadura militar para manter controle absoluto dos meios de comunicação, mandando para a clandestinidade toda imprensa nanica livre que lhe incomodava, além de muita gente boa que escrevia, ficando apenas, em sua maioria, a grande imprensa comprometida com o regime militar.

Agora estamos juntos com Argentina, Áustria, Bélgica, Chile, Costa Rica, Holanda, Irlanda, Estados Unidos, Irlanda, Hungria, Espanha, Finlândia, Suíça, Dinamarca, Itália, Grécia, Japão e muitos outros países onde se respeita o direito de qualquer cidadão opinar e levar a público suas opiniões, sem restrições, mas que nem por isto têm um péssimo jornalismo.

O que faz um péssimo jornalista é a falta de talento e de caráter. É a mediocridade demonstrada no dia-a-dia. O bom jornalista tem formação cultural sólida e cultiva o hábito da leitura e da escrita, coisa que não se aprende na faculdade.

Por favor, não sou contra o jornalismo nem tampouco contra o diploma de jornalista. Não posso é aceitar que se tire do cidadão a liberdade de comunicação e manifestação. Agora os pequenos jornais vão ter vez. Qualquer cidadão pode fundar um jornal com poucos recursos e a partir do seu bairro, sua vila, sua favela.

Traçando um paralelo: já pensou se a idéia da exigência de diploma de músico pegasse? A maioria dos nossos compositores ficaria na clandestinidade ou pararia de compor, ou ainda, comporia e venderia suas obras para os diplomados desprovidos de talento. Horrível, né? Na escrita é a mesma coisa.

Agora, quem sabe, com a possibilidade da democratização da arte de comunicar a gente veja nascer em nosso país uma legião de bons escritores e comunicadores.

Muito obrigado Ministro Gilmar Mendes.

 

Curitiba, 16 de junho de 2009

 

Maérlio/Ceará

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8 ideias sobre “Vamos comunicar que o Supremo garante

  1. Epifanio

    Zé Beto

    Sou mais este artigo
    O fim da exigência de diploma para o exercício do jornalismo
    Publicado em 18/06/2009 | TOMÁS BARREIROS
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    O destino de dezenas de milhares de brasileiros portadores de diploma superior de Jornalismo foi afetado ontem por um julgamento levado a cabo por ministros que pareciam não saber o que estavam julgando.

    Estava em análise a obrigatoriedade ou não do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão. Mas muitas falas dos ministros indicavam que eles estavam analisando outro conceito. Eles falavam do direito à livre expressão do pensamento. Uma coisa, completamente diferente.

    Será que os ministros do STF acreditam mesmo que os proprietários de veículos de comunicação que defendiam o fim do diploma estavam interessados apenas em defender a liberdade de expressão?

    A exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista tem tanto a ver com o direito à livre expressão do pensamento quanto a exigência de Carteira Nacional de Habilitação com o direito constitucional de ir e vir.

    Pela lógica dos ministros do Supremo, qualquer cidadão poderia dirigir – caso contrário, estaria tolhido na sua liberdade de ir e vir. Pela mesma lógica, os cidadãos poderão prescindir do trabalho dos advogados, em qualquer circunstância, em nome do direito constitucional à ampla defesa.

    Como se vê, parecem absurdos – assim como é absurdo relacionar a exigência do diploma com a limitação à livre expressão do pensamento.

    Os ministros do STF mostraram ter uma ideia completamente romântica e ultrapassada do jornalismo, como se estivessem parados no século 19 ou no início do século 20. A julgar por sua argumentação, demonstram acreditar que ser jornalista e trabalhar num veículo de comunicação significa expressar livremente o pensamento. Ou seja, parecem não ter noção clara do que é o trabalho do jornalista. Acham que o jornalista tem como função manifestar seu pensamento – o que todos nós, profissionais, sabemos que não pode ser feito pelo jornalista, a não ser em casos excepcionais ou muito específicos, como na redação de artigos e crônicas, gêneros, aliás, abertos a qualquer pessoa, com ou sem diploma.

    O fim do diploma tem vários subsignificados muito tristes. Primeiro, a demonstração de um possível despreparo do Judiciário para julgar uma matéria que exigiria conhecimento mais profundo do tema tratado. Outros significados são a incapacidade da classe dos jornalistas de se articular com força contra os empresários da mídia e a facilidade imensa que têm o poder do capital contra a fraqueza dos trabalhadores nas instâncias de poder.

    Esperemos agora as possíveis consequências do fato. A desvalorização da profissão. O achatamento dos salários. A ideologização cada vez maior das redações. O povoamento delas com estagiários de vários cursos.

    Tomás Barreiros é jornalista diplomado, professor universitário na Facinter e na Opet, diretor regional Sul do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo e presidente do Instituto Cultural de Jornalistas do Paraná.

    http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=897262&tit=O-fim-da-exigencia-de-diploma-para-o-exercicio-do-jornalismo

  2. SANDERSON

    EXISTE UMA DIFERENÇA GRITANTE ENTRE JORNALISTA FORMADO E AQUELE QUE DETÉM A EXPERIÊNCIA, A PRÁTICA.
    ESTE JORNALISMO É EXERCIDO POR AQUELES QUE COMEÇARAM A TRABALHAR ANTES DE 1990, QUANDO AS FACULDADES ERAM POUCAS, OS FINANCIAMENTOS ESTUDANTIS NÃO EXISTIAM E O MERCADO ERA BEM MENOR. PORQUE AO INVÉS DE DEBATER A OBRIGATORIEDADE, NÃO SE FAZ UM EXAME, UMA AVALIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS QUE ATUAM COMO JORNALISTAS MAS NÃO SE IDENTIFICAM COMO TAL, PARA LEGALIZAR A SITUAÇÃO. ANTES DE MAIS NADA, JORNALISMO É DOM. A PRÁTICA É A MELHOR AULA, O MELHOR CAMINHO. NÃO EXISTE DISPUTA DE ESPAÇO ENTRE OS PROFISSIONAIS FORMADOS OU NÃO, O QUE HÁ NA VERDADE, É A FALTA DE MERCADO PARA TODOS. SE FOR EXIGIR FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA O QUE SERÁ DOS RADIALISTAS, DOS COMENTARISTAS ESPORTIVOS, NARRADORES, ETC.

  3. Dary Jr.

    Tomás Barreiros definiu a questão. Como são favas contadas, proponho o fim da exigência do diploma para advogados e médicos, afinal, rábulas e açougueiros também precisam ter vez.

  4. jango

    No meu entendimento colocaram tudo na vala comum da liberdade de expressão. Por certo não tinham os Ministros do STF outra alternativa em face do vetusto decreto-lei. Todavia, restará candente a manifestação do Ministro Marco Aurélio, em voto dissidente, que alertou para a necessidade de qualificação da atividade. Esta semana mesmo vimos um jornalista permitir a um vereador enunciar pornografia durante uma entrevista de rádio, algo totalmente desnecessário sobre a discussão do tema objeto da entrevista. Entendo ainda que a profissão de jornalista (é profissão ou meio de vida ?) pode sofrer reveses indesejáveis e nós – a sociedade – precisamos demais de jornalistas que possam com dignidade profissional, competência e qualificação profissional exercer este seu “quarto poder” em benefício da sociedade. A eles, no entanto, caberá decidirem se a decisão foi boa ou nem tanto e então não parar por aí se não derem um passo a frente da situação atual. Por certo seria uma incongruência exigir “diploma de artista”, mas com quantos Grauber Rocha com “uma câmara na mão e uma idéia na cabeça” poderíamos contar no dia a dia …

  5. Frik

    Isto tudo é pura falácia e sofismagem… A obrigatoriedade neste caso É sim deletéria – pena que agora alguém que se rpoponah aempreender um jornalzinho de airro não precise mais ter um “jornalista responsável”, pena que a máfia não possa mais barrar os talentos…

  6. Valdemar Poletto

    Estou abrindo um jornal morde-morde e vou contratar o Leão Brasil, aquele chato que fica falando na rua. E o editor chefe vai ser o Jacaré, aquele imbecil que anda com bicicleta cheia de penduricalhos. E o patrono vai ser o jagunço Gilmar Mendes.

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