12:36Gleisi Hoffmann analisa a entrevista de Tadeu Veneri

Recebemos de Gleisi Hoffmann, presidente do PT do Paraná, as seguintes considerações a respeito da entrevista do deputado estadual Tadeu Veneri publicada na Gazeta do Povo e aqui reproduzida:

 
De maneira geral, o deputado Tadeu expressa um sentimento que vem crescendo no PT: descontentamento com a forma desrespeitosa e antidemocrática com que nos trata o PMDB, em especial o líder do governo na Assembléia.
 

É normal que haja divergências entre partidos, mas não dá para abrir mão do respeito no tratamento diário. Particularmente, considero que as grosserias que ouvimos são características do temperamento daquele parlamentar, aumentadas pelo empenho visivel que ele faz para levar o PMDB a apoiar o PSDB nas eleições de 2010.
 
Mas não dá para o Tadeu ficar pedindo que a direção do PT os acuda para debater com o deputado. Quem tem que enfrentar esse debate são os nossos deputados, que estão na Assembléia, na mesma arena dele, e acompanham isso no dia-a-dia. A direção, muitas vezes, fica sabendo depois que sai na mídia.
 

Na direção do partido não somos babá de deputado para ficar correndo em socorro deles a cada episódio. Nossa bancada tem que rebater cada ataque que o partido sofra, na hora.
 
Por exemplo, a nossa participação no governo. Temos secretários e assessores no governo porque fomos convidados pelo governador. Acho que estão ajudando. Agora, se o governador pensa diferente, que demita a todos! Mas não vai ser um deputado, com as suas provocações, que vai abalar a nossa relação.
 
Tadeu tem uma luta correta contra a aposentadoria dos deputados, mas faz uma crítica injusta à direção, até porque já havia posição firmada nesse sentido, há muito tempo. E, mais uma vez, quem tem que travar essa luta são os parlamentares.
 
Em relação ao nepotismo, o deputado também tem razão, sob minha ótica. No final do ano passado a direção do PT retomou essa discussão para defender a posição do STF. Em uma reunião na Assembléia, com a bancada e com representantes da bancada federal, a maiorira avaliou que seria algo ruim para a relação com o governo e que deveríamos parar de falar no assunto. Cmo presidente do partido, acatei a posição da maioria.   
 
 Já no episódio do reajuste do funcionalismo, Tadeu não tem razão. Se estamos no governo, é preciso apoiar o governo. Essa votação não envolvia questões de princípio, era apenas um caso de fazer as contas. Eu tentei ajudar, falando com o secretário Ênio Verri e com a secretária Marta Lunardon, mas não conseguimos avançar.
 
Daí, respeito a posição do Tadeu e do Professor Lemos, que tem grandes vinculações com os sindicatos de servidores, mas não dá para arrastar o partido numa posição corporativista. O diálogo com as entidades dos servidores é fundamental, mas temos responsabilidade de ser governo.
 
Finalmente, como presidente do PT, não bato o pé apenas nas posições em que acredito, procuro expressar posições que reflitam o conjunto do partido.

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2 ideias sobre “Gleisi Hoffmann analisa a entrevista de Tadeu Veneri

  1. Venerando

    As criticas de Tadeu Veneri são justas. Quem tem o dever politico de romper e tomar a iniciativa é a direção do Partido – que é fraca ou tem outros interesses. Esse debate é importante por que mostra que no momento em que se tem que tomar uma atitude de verdade – muitos desses dirigentes são uns fracotes – ou seja – não tem estatura para tal. Vejam que a presidente diz “temos responsabilidade de ser governo….” – Pergunta: Que Responsabildiade se vc é achincalhado dia e noite? Que (des) governo é esse de Requiao? Ora – a luta que a sra presidente diz que “deve ser traavada por parlamentares é falsa” – ambos tem responsabilidade politica nisso e a relação entre partido e bancada deve ser de duas mãos….o que nunca houve até hoje por absoluta incompetencia, incpácidade ou por que era pra ficar assim mesmo pra facilitar acordos espurios….

  2. Pelópidas

    A entrevista do TAdeu Veneri é o fato político mais importante no PT paranaense nos últimos meses: ele coloca o dedo na ferida e expõe as contradições do partido na sua relação com o Requião.
    A resposta da Gleici é feliz num único ponto: o reajuste do funcionalismo. Não se trata de questão de princípio e, se o PT está na base de apoio do governo, tem que endossar a proposta do palácio. O Requião é louco, mas não muito: sabe que o governo precisa ter algum tipo de responsabilidade fiscal e não tem condições de esbanjar os recuros para atender a demandas corporativas (a oposição fez a demagogia de praxe, mas o índice proposto pelo Estado, de 6%, é o mesmo adotado pelo Beto Richa na Prefeitura de Curitiba).
    Mas a Gleici erra ao dizer que a direção petista não é babá de deputado. O que o Tadeu disse foi aquilo que todo mundo sabe: que o governo trata o PT a pontapés, como aliado de quinta categoria.
    O pano de fundo desta polêmica exposta pelo TAdeu é a sucessão presidencial: no afã de priorizar o projeto da candidatura presidencial, o PT paranaense atropela alguns princípios, joga para escanteio a hipótese de candidatura própria no Estado (para apoiar Osmar Dias) e se sujeita às humilhações disparadas por Requião e seus deputados na Assembléia.

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