5:51Vai querer a nota fiscal de quanto?

por Marcelo Urbaneja*

 Toda vez que você é colocado diante desta proposta ilegal, mas feita com a naturalidade dos que estão acostumados ao crime fiscal, significa que todos nós sobrevivemos em um Estado fraco, com serviços públicos sucateados e que desrespeita, sistematicamente, a principal interface do Estado com seus cidadãos, que são os servidores públicos dos três níveis (do município, do estado e da União).

Muita gente ainda se recorda da qualidade das escolas estaduais e municipais, que aos poucos foram sendo prejudicadas pela falta de investimento, de motivação dos professores até chegar á lamentável situação que transforma nossos filhos em vítimas de um sistema obsoleto.Nossos filhos passam anos freqüentando escolas sem estrutura e professores-servidores motivados e preparados para educá-los,e saem da  escola sem qualquer preparação seja pessoal ou profissional.

O mesmo foi feito com a Saúde, com a Segurança Pública. O ataque de cupim que foi feito às instituições públicas se deu no seu elo mais fraco: os servidores públicos. Eles tiveram seus salários achatados, foram desmotivados a fazer carreira pública e obrigados a conviver, a cada troca de governo, com os cargos comissionados, nomeados pelos políticos eleitos.

Mas ainda sobraram algumas ilhas de excelência e a partir delas devemos recriar os horizontes para reconstruir o Estado brasileiro e voltar a estimular os servidores públicos a prestar um serviço de qualidade a todos os cidadãos. A Petrobrás, os Correios, a Embrapa, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES entre outras  que com muita determinação ainda conseguem escapar da má influência dos cargos comissionados.

É para ampliar essa excelência para todos os serviços públicos para os quais já recolhemos impostos, que a UGT Paraná está em campanha. Aqui no Paraná temos 399 municípios. Em todos eles, existem servidores dispostos a trabalhar com qualidade a favor do município, estado e Brasil. Precisam apenas serem motivados e respeitados na sua função constitucional.

Se todos nós cidadãos e trabalhadores brasileiros nos organizarmos para valorizar o serviço público e os servidores, conseguiremos ver a curto prazo o retorno dos impostos que já recolhemos. E em vez de tratarmos com naturalidade as ofertas imorais de notas fiscais corruptas, vamos insistir para que todos contribuam para tornar o Estado brasileiro cada vez mais eficiente. Eficiência que já tem nos atuais servidores e na estrutura do Estado brasileiro as condições prontas para serem imediatamente acionadas a favor do Brasil.

Temos que manter sempre em mente que na última década muitos setores econômicos (que hoje vivem se lamentando da crise financeira mundial) apostaram na idéia do Estado mínimo. Aproveitaram a deixa e se apropriaram, via privatizações, dos bens públicos. Agora, na hora da crise provocada pelo setor privado e seus especuladores de plantão, buscam desesperado o Estado, atrás do financiamento público. Sem se comprometer sequer com as contrapartidas sociais a favor da manutenção dos empregos e dos salários.

Mas a UGT Paraná, quer muito mais. Queremos que o Estado brasileiro, em todos os níveis, seja eficiente para todos os cidadãos. E essa excelência só será conseguida através do preparo, respeito e estímulo aos servidores públicos. E com um basta sistemático contra todas as formas de corrupção, inclusive as mais simples como uma emissão adulterada de uma nota fiscal! 

* Marcelo Urbaneja é presidente da UGT Paraná

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3 ideias sobre “Vai querer a nota fiscal de quanto?

  1. jeremias bueno

    A classe média hipócrita foi conivente com essa deterioração dos serviços públicos, aos quais agora ela tem que recorrer mas se espanta com a baixa qualidade.

    Quando o governo sucateou a educação pública (década de 70) a classe média deu de ombros, pois “podia pagar” colégio particular para os seus pimpolhos. Colégio público era coisa de pobre.

    Quando houve o sucateamento da saúde (década de 80) a classe média também nem se lixou pois “podia pagar” planos de saúde privados. INPS ou INSS era coisa para pobre.

    Quando a segurança pública foi pro beleléu (década de 90) a classe média de novo não estava nem aí, pois tinha cercas eletrificadas, pit bull, e pagava segurança privada às centrônics da vida. Polícia e delegacia era coisa da pobreza.

    E hoje a coisa está sim: paga-se duplamente pelos itens acima (uma das vezes através de impostos) além de que paga-se muito caro por TV a cabo, por telefonia, por internet, etc., despesas que há pouco tempo não existiam ou eram pouco significativas (caso da telefonia).

    A sorte dessa classe média (que alguns chamam “mérdia”) é que o País finalmente vive um momento econômico punjante com um governo que investe pesado na redistribuição de renda e nas garantias sociais, apesar dos cacetes que leva da imprensa por aqueles que se locupletavam na ordem econômica anterior.

    Mas isso é outro papo, que a classe média ainda não entende direito…

  2. jango

    Com razão o articulista sobre a capitis diminutio imposta aos servidores públicos pela série de governos em todos os cantos do país trocando-os pelos nepotes, comissionados e terceirizados de toda sorte, que depois das eleições mudam de paragens deixando o rastro de prejuízos às administrações públicas. Portanto, quando o Supremo Tribunal diz que a Constituição não admite nepotismo, que os principios da administração pública – moralidade, impessoalidade, legalidade – não são palavras vãs mas cheias de valor e aplicação é para valer. Os governantes que assumindo cargos e jurando, nas suas posses, alto e bom som, cumprir as leis e a Constituição não estão fazendo discurso, estão colocando seus mandatos sob o crivo do Estado de Direito e sujeitos à responsabilização se não cumprirem seus juramentos. Agora, lamentavelmente, a Petrobrás, os Correios, a Embrapa, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES tem servido de “garotos-propaganda” dos governos de ocasião, utilizando milhões em patrocínio inútil (porque nenhuma destas entidades tem concorrente na sua área), contratação de entidades terceirizadas (ong’s, oscip’s), e financiamento externo (como o BNDES). Aí vai o dinheiro público que falta à profissionalização do serviço público. Esta anomalia deve ser extirpada, é uma válvula de corrupção e malversação de dinheiro público.

  3. Jeferson

    Ah tá! Agora você vai me dizer o que fazer com o meu dinheiro. Jeremias bueno ainda bem que você é comentarista de blog. Graças a Deus!

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