18:32Imperdível! Hermeto Pascoal no Calamengau

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Hermeto Pascoal e Aline Morena, hoje, no Calamengau

Um dia escrevi que Hermeto Pascoal nasceu com os olhos virados para o centro e isso ajudou-o a enxergar mais a alma. E ele me disse, durante uma longa conversa que tivemos e foi transformada em matéria de página inteira da Folha de Londrina, que já nasceu fazendo som e ouvindo todos, principalmente o da água que estavam colocando na bacia para o primeiro banho na vida. Estávamos no camarim do Calamengau, para onde ele retorna hoje em mais um show. Pascoal nasceu em Lagoa das Canoas, municipio de Arapiraca, a 40 quilômetros de Palmeira dos Indios, origem de toda a família deste que vos escreve. Tocou lá ainda menino. Depois foi para o mundo mostrar que é possível tirar som de tudo, fazer som de tudo por uma questão de amor. E ele, já há um tempo, está de amor novo, essa gaúcha Aline, que conheceu em Maringá, e ficou ainda mais encantado, tanto que muita gente reclama que ele até esqueceu um pouco sua música, para dar força à companheira. Mas este menino albino pode tudo, mesmo que suba num palco para tocar uma musiquinha só, o que não é o caso de hoje. Por ser bruxo do bem, por deixar Miles Davis de boca aberta, por ensandecer uma platéia gigantesca no Japão começar a tocar uma bacia dos camarins, por escrever e publicar um livro com 366 canções, uma para cada dia do ano, por ser um forrozeiro absurdo. Neste aniversário da Calamengau, do grande companheiro Maérlio Ceará, a quem acompanho desde os tempos do boteco perto da Universidade Federal do Paraná e do primeiro forró, no bar que tinha próximo ao estádio Couto Pereira, com certeza ele vai empunhar sua “oito baixos” e fazer o mundo parar, a vida se iluminar, e os pés e a alma serem arrastados pelo mais incrível som que o signatário aqui já ouviu. Pois no acompanhamento da carreira deste conterrâneo, não lembrava tê-lo visto empunhando a sanfona. Sim, tinha ouvido e ficado extasiado no disco “Eu e eles”, gravado nos estúdios da Rádio MEC, no Rio de Janeiro, onde ele toca tira som de todos os instrumentos e até da roupa, sem falar no próprio corpo. Um dia surgiu a notícia de uma semana de sanfoneiros no Centro Cultural Banco do Brasil, também lá no Rio. E ele iria fazer o show ao lado de Sivuca, saudoso Sivuca, outro sanfoneiro nordestino e universal. Aconteceu numa segunda-feira. Fui, ouvi, gravei entrevistas, fotografei o último encontro entre os dois albinos e nunca mais o som da sanfona do alagoano me saiu da alma, mesmo porque a do outro já tinha entrado num show divino que fez no Paiol, onde fez todo o povo sair para fora do teatro acompanhando-o e dançando frevo. Pois então, amigos leitores, Hermeto Pascoal está aí. O ingresso custa baratinho (vintão) e o astral do Calamengau é de pura energia. Ainda dá tempo.

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2 ideias sobre “Imperdível! Hermeto Pascoal no Calamengau

  1. Geraldo Serathiuk

    Parabens ao Ceara. O show foi maravilhoso. O doido do Hermeto como dizia o Sivuca ergueu o publico até as 3 da madruga. Encheu o pote de vinho e com os 2 acordeons acompanhando tocou até Piazolla. Quando pegou o 8 baixos então….Sem contar a Aline cantando com o Ceara. Valeu.. Inclusive assistir e dançar no mesmo salão com o Zé Beto….

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