O menino Kleberson o beque aqui conhece, por dever de ofício. Sua convocação hoje para a seleção brasileira, mesmo sendo no lugar de Anderson, que vai sofrer cirurgia, é um prêmio à sua bela volta ao futebol pátrio, por coincidência com uma camisa rubro-negra, desta vez a do Flamengo. Kleberson foi revelção na Copa do Mundo de 2002 seis meses depois de ter sido convocado pela primeira vez. Era uma grande promessa no Atlético, virou ídolo, campeão mundial e depois foi tragado pelo terremoto causado na cabeça por tanta coisa junta. No time que o revelou, não jogou mais o que sabia. Foi vendido para o Manchester e penou reserva. Sumiu, enfim, até o retorno ao Brasil e ao Mengão, onde voltou a ser o jogador prático – marcador, que se apresenta em todos os espaços, e que avança para tentar o gol nos chutes que aprendeu a dar com os dois pés nas horas e horas de treinos em paredão, exigência do pai, lá em Uraí, terra natal. Aos 29 anos tem uma nova grande chance. Espera-se que, com a cabeça no lugar, a agarre com a mesma determinação do menino que, lá atrás, realizou o primeiro sonho de consumo comprando uma Pajero usada – e depois demonstrou estar afetado ao comprar mais uma, zero quilômetro. Boa sorte a ele e a Miranda, a quem só vi jogar poucas vezes com a camisa Coxa e muitas pelo São Paulo, onde demonstrou ser um jogador acima da média na posição.