Prefeitura, Sebrae e Fecomércio anunciam projeto para “revitalizar” as ruas Riachuelo e São Francisco, no Centro de Curitiba. Hummmmmmm. Para quem tem memória curta, é bom lembrar que há muitos anos tentou-se fazer ali o que deu certo em parte do Pelourinho, em Salvador. A Fundação Roberto Marinho estava na jogada. Para inauguração, Roberto Marinho veio em pessoa. Na verdade, pintaram alguns prédios antigos, fizeram o festerê e tchau e benção. O pedaço foi se degradadando cada vez mais, virando cartão postal da cracolândia local. A Rua Riachuelo foi a mais importante da cidade em boa parte dos anos 90 do século passado. O “progréssio” detonou-a. As lojas tradicionais fecharam, restando apenas a alfaiataria e loja de artigos militares e uma relojoaria. O comércio de móveis usados tomou conta. Há prédios centenários caindo aos pedaços e hotéis para prostituição. Uma “revitalização” de fato começaria com a retirada dos ônibus que trafegam por ali e ajudam, com a trepidação, na demolição lenta do que resta. Também seria bom que a área deixasse de ser “protegida” para exploração sórdida daqueles que deveriam trabalhar para a segurança dos moradores e comerciantes do local. A conferir.
nestas alturas já é século “retrasado” ( os 1800s); no século passado (os 1900) a região já era decadente – depois de várias fases, tirar os ônibus da Riachuelo serviu para incrementar um tipo de comércio popular que também tem a sua razão de ser, que está dentro da realidade do país – móveis usados, roupas usadas etc. Assim os proprietários semi-arruinados podem subsistir e talvez até comprar alguns móveis e roupas novas no crediário…
Porque não fazer da Riachuelo um CALÇADÃO intergrado com a Rua XV ?
Desde a década de 60 que ouço falar em revitalização da Riachuelo (antiga Rua da Carioca de Baixo) e da São Francisco (antiga Rua do Fogo).
Até agora, muito blá-blá-blá, muitas entrevistas, muitos flashs e mais nada.
É claro que sou a favor da revitalização, que poderia copiar o exemplo da Rua Mem de Sá, no RJ, transformando a região num centro efervescente de galerias de arte, restaurantes, botecos, teatros, etc.
Emílio de Menezes, o grande poeta, adoraria ver a vida voltando a pulsar na esquina que ele tanto frequentava…
Há décadas passadas a região integrada pelas ruas Riachuelo e São Francisco foi reduto e “point” da boemia média-baixa, com seus botecos onde intelectuais, poetas, artistas, jornalistas se reuniam ao redor de mesas, se misturando democraticamente com prostitutas, tomando “cuba libre” e cevas, falando de política, arte, futebol, incluindo banalidades. Faziam parte do cotidiano curitibano.
O tempo foi passando, e aquele centro histórico foi se deteriorando. Agora, com a restauração do Paço Municipal e seu entorno, Beto Richa vai cumprir mais uma promessa feita ao comércio que integra o “Centro Vivo”. A parceria com a Fecomércio e Sebrae é garantia de execução e sucesso.
Ze Beto – você tem razão. Sei por experiência de parentes o que significa manter um imóvel naquela região. A rigor não há nada ou quase nada a preservar ali em termos arquiteturais. ou históricos. Tudo já foi está deteriorado. Se algum proprietário quiser investir, fazer um novo prédio ou reformar, não pode porque tem que “preservar a fachada”. Um absurdo. O estado do comércio ali está fraco por causa dessa “política urbanística” equivocada. Então, não passe à noite por ali que a prostituição e a bandidagem anda solta. Quem ali ainda mora que se esconda ou fique em casa, bem trancado. E os Prefeitos, e os urbanistas da prefeitura viajam ao exterior, e viajam, e viajam, e nós pagamos seus salários, e pagamos, e o nosso centro “histórico”, fora algumas “perfumarias urbanísticas” é uma lástima. Ou não ? É crack, amigos …