14:31PM “manda bala” em blog de Campo Mourão

Do filósofo das Mercês:

Estava dando uma olhada em alguns blogs do interior quando parei no Boca Santa, de Campo Mourão. Segue o comentário de um policial militar, que responde às queixas dos internautas sobre falta de segurança naquela cidade famosa pelo carneiro no buraco.  
 
Policial responde
Em resposta a internauta que disse que a polícia demorou muito pra atender a ocorrência de assalto que envolveu seu familiares, gostaria de perguntar a mesma se tem conhecimento que Campo Mourão (com a média de 85 mil habitantes) conta com apenas duas viaturas e que, às vezes, por pedido judicial de escolta, guarda de preso em hospital ou até mesmo que uma das viaturas encontra-se em outra ocorrência e, que, a única viatura que sobra pode estar do outro lado da cidade, no Cohapar por exemplo.

Infelizmente esta pessoa não deve saber que as viaturas de nossa cidade estão precárias e não trafegam com motor de avião e certamente se estiver do outro lado da cidade vai demorar muito pra chegar ao local da ocorrência. Até entendo o lado da escritora, que é familiar das vítimas… mas aí querer criticar o trabalho de pessoas que se dedicam a melhorar a segurança de nossa cidade é absurdo.

Será que a escritora já participou ao menos de alguma reunião que tratasse de segurança pra ter a mínima noção do que estamos vivendo em nossa cidade e no restante do nosso estado? Por vezes deslocamos para atender ocorrências onde somos tratados como os bandidos, somos desrespeitados, somos acusados de sermos os autores da violência que assola nossa cidade. Por vezes também somos vistos como os empregados do povo que se intitulam os pagadores de nossos salários (os nossos chefes).

E os impostos que eu também pago, vão pra onde? Não seria para também pagar o meu ‘nobre salário’? Me revolto com tanto repúdio ao nosso trabalho, onde deixamos nossas famílias em casa na esperança de que iremos retornar, mas pode ser que isso não aconteça, onde corremos tanto risco por uma sociedade que nunca faz uma crítica construtiva e destroem todo nosso empenho com palavras e dizeres infelizes ao nosso respeito. Eu sei, foi a profissão que escolhi…

E tenho honrado a grande PMPR, me considero um policial competente e justo, faço o que posso e o que não posso na tentativa de ajudar as pessoas que depois vão me chamar incompetente e de covarde como chamaram-nos no sábado passado em ocorrência que atendemos no conjunto Montes Claros. Gostaria de deixar claro que covardes são aqueles que ligam ao 190 para pedir socorro porque tem alguém em seu quintal, quando na verdade foi apenas um gato que passou pelo seu telhado.

Covardes são aqueles que preferem nos atirar pedras em vez de denunciar e apontar certas pessoas porque dizem ter medo de represálias. Não somos covardes, somos sim homens e mulheres de muita coragem que passam noites velando pelo seu sono e cuidando para que tenhas uma noite tranqüila, somos aqueles que encostam a viatura em sua casa apenas para perguntar se está tudo bem, se está tudo normal.

Somos aqueles a quem vocês dizem ‘seus m…, seus porcos’, quando precisarem vão discar 190 e deve ser difícil precisar de alguém que você já criticou tanto. Mas é isso… Este é meu desabafo, um profissional frustrado que vai continuar na luta, tentando garantir a segurança de vocês e tentando fazer com tenham um dia melhor e uma noite boa.

Somos a Polícia Militar e eu, particularmente, amo a minha profissão e vou continuar na esperança de que algum dia a sociedade abra os olhos e parem de fazer criticas e venham trabalhar conosco. Assinado: Um (a) policial militar que, apesar de tudo, e de, às vezes, arrepender–se, ainda honra a farda que veste.

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3 ideias sobre “PM “manda bala” em blog de Campo Mourão

  1. Edmond Dantes

    Infelizmente este PM falou muita verdade. Conheço muito policial que desvia ocorrência e não tá nem aí se o cidadão precisa do auxílio da polícia. A sociedade não respeita o seu trabalho e ele não respeita a sociedade. É a prática do princípio da reciprocidade que, a cada dia, mais policiais passam a adotá-lo. Certa vez conversando com um policial de meu relacionamento ele afirmou categoricamente: “Só sou policial para atender à minha família e a meus amigos. Não arrisco minha vida para atender estranhos.”

  2. Olhar de Lince

    Um absurdo senhor policial é o cidadão ter que pagar impostos, abusivos, diga-se de passagem, e quando precisa da autoridade policial, não a tem. Ou se tem, muito precariamente.
    Todo o seu argumento não justifica. O cidadão tem o direito do atendimento. É constitucional.
    Se os investimentos são insuficientes para melhorar o aparelho policial, é um problema administrativo e de competência do Estado. Recursos financeiros existem. Onde é aplicado, é outra história.
    E se, eventualmente, não existirem tais recursos, deve ser alocado de outras rubricas. Afinal, segurança e educação são fundamentais no estado democrático de direito. Pelo menos isso, você não acha?

  3. Fernanda

    A população tem sim o direito do atendimento policial, de segurança pública. Mas o problema é que falta condições para isso, a PM está trabalhando em situaçãoes de limite, sem material de qualidade, sem assistência médica hospitalar, sem salários justos, etc.

    Realmente a segurança está precária, mas não é culpa do PM e sim do nosso Governador! Então vamos cobrar dele e não dos policiais que não tem o poder de mudar tais situações.

    Que o Requião pare de falar por aí que a nossa PM é a melhor do país e comece a trabalhar para que um dia ela realmente se torne a melhor, disponibilizando segurança à população, com qualidade …

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