É duro não acompanhar o avanço interneticológico. O Atlético Paranaense ganhou há pouco o 22º título de sua história, ao vencer o Cianorte por 2 a 0 no estádio Joaquim Américo, e ao abrir o site de um grande jornal do Paraná, cujas iniciais são Gazeta do Povo, no título alguém tascou lá para baixar o wallpaper. Ok, só um velhote poderia estranhar uma ordem como essa, mas é assim mesmo para quem passou a vida toda dentro de estádios de futebol trabalhando e se emocionou, por exemplo, ao ver o velho companheiro Sergio Sade fotografando, ele que é um dos melhores do país, ele que fez a foto da capa da Veja com Maradona beijando a Copa do Mundo conquistada no México, ele guru de tantas jornadas pela Placar, editor de fotografia da Veja, mestre da vida, atleticano até depois da morte. Não, para um atleticano não é importante baixar o wallpaper mas sim o santo neste dia de consquista. Sim, o time é ruim, não está a altura da paixão e devoção de sua grande torcida, mas ficou com a taça no ano do centenário do rival, ficou com a taça depois de levar uma sapatada na cara há uma semana, quando levou de 4 do Coritiba e passou a odiar o jornal Tribuna do Paraná por conta da manchete do dia seguinte, que mereceu até panfleto de campanha em papel couchê, distribuído antes do jogo, conclamando aos pais a boicotarem o jornal e ensinar aos filhos que não presta. Ficou com a taça depois de um primeiro tempo milagroso contra o Corinthians no meio da semana, quando fez três gols, confirmando a mística do Caldeirão, depois tomou dois, mas ganhou do Timão do Ronaldo. Ficou com a taça hoje quando se arrastou em campo até o primeiro gol, do menino Wesley, e depois sacramentou na cobrança de pênalti onde Rafael Moura, o artilheiro do campeonato, o H-Man, teve de dar duas paradinhas para não errar de novo como aconteceu recentemente. Ah, Atlético, por este time campeão só se baixa o santo, e os deuses dos estádios que canonizaram São Geninho, um técnico baixinho que já foi goleiro e agora conquista título, tira o time do rebaixamento, sem que o tal do grupo não se encaixe, não jogue como deveria, como fazia o time que ele comandou em 2001 na conquista do título Brasileiro. E no meio da festa estava lá o grande Nilson Borges, o Bocão, ele que provavelmente não sabe o que é wallpaper, mas sabe o que é uma bola, porque jogou neste time e nunca mais saiu da Baixada, e sabe o que significa uma conquista, mesmo diante de um Cianorte e num campeonato de fórmula absurda, depois de tantas outras absurdas. E aconteceu uma coisa linda, notada por quem conhece a história deste time. Na comemoração dos jogadores, alguns deles foram até a torcida e receberam grandes  bandeiras para comemorar no estádio. Uma delas era branca e com a imagem do goleiro Caju, o mitológico Alfredo Gottardi. Caju numa foto em preto e branco sorrindo e desfilando diante da torcida, com pose de galã de cinema, ele goleiro que nunca saiu do time e teve um irmão e um filho jogadores. Caju que ajudou a construir com as próprias mãos parte do estádio. Ele estava ali, para acompanhar tudo de perto, assim como outra grande figura atleticana, cujas três sobrinhas e irmã vibraram na arquibancada –  a grande jornalista Sonia Nassar, a primeira repórter esportiva do Brasil. Pois foi assim. O Atlético baixou, chorou de emoção, saravou e registrou para sempre na história esta conquista.