18:06A versão da polícia sobre os assassinatos dos neonazistas

D Agência Estadual de Notícias:

A Polícia Civil do Paraná desvendou um esquema criminoso armado por integrantes do movimento neonazista do Brasil e que assassinou um casal na Região Metropolitana de Curitiba, por disputa de poder dentro do grupo. O esquema foi descoberto por policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) do Paraná, que prenderam na manhã desta sexta-feira (1º), em São Paulo, apontado como líder do movimento neonazista no Brasil, Ricardo Barollo, 34, acusado de ser o mandante da morte do casal Bernardo Dayrell Pedroso, 24 anos e Renata Waeschter Ferreira, 21. Outras cinco pessoas foram presas. Dezesseis mandados de busca e apreensão foram cumpridos. A operação policial se estendeu por São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – onde a arma do crime foi encontrada na noite desta sexta-feira (1º).

“Eles assassinaram premeditadamente e friamente dois jovens por motivos incrivelmente banais. Esta não é a primeira vez que a polícia do Paraná se depara com criminosos envolvidos com movimentos violentos e discriminatórios. Mais uma vez tudo foi investigado com muito profissionalismo para mostrar para estes grupos que não existe impunidade para ações torpes como as que eles apregoam”, disse o secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari.

Além de Barollo, foram presas outras cinco pessoas integrantes do movimento e acusadas de participarem direta e indiretamente da morte dos jovens. Um vasto material de apologia ao nazismo foi encontrado e apreendido pelos policiais.

O crime aconteceu na madrugada do dia 21 de abril, na BR-476, em Quatro Barras. Também foram presos pela polícia Jairo Maciel Fischer, 21; Rodrigo Mota, 19 anos; Gustavo Wendler, 21; Rosana Almeida, 22; e João Guilherme Correa; 18. A ação policial começou nesta quinta-feira (30) e contou com cerca de 40 policiais, além do apoio do Grupo Garra de São Paulo, da Polícia Civil de Joinville (SC), Laguna (SC) e da Polícia Civil do Rio Grande do Sul. Também foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão. Em alguns destes locais, a polícia encontrou material de apologia ao nazismo.

Na quinta-feira (30) foram presos em suas residências em Curitiba, Rodrigo Mota, Gustavo Wendler e Rosana Almeida. João Guilherme Correa é militar e foi preso no quartel do Exército do Tarumã. Foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão em Ponta Grossa (PR), Mandirituba(PR), Laguna (SC), Joinville (SC) e Curitiba. Nas buscas, foram apreendidos alguns objetos de apologia ao neonazismo como livros, roupas e fotos.

Na manhã desta sexta-feira a polícia cumpriu um mandado de busca em Teotônia (RS) e um mandado de prisão temporária contra Jairo Maciel Fischer, acusado de ter matado Bernardo Dayrell. Em São Paulo, a polícia prendeu Ricardo Barollo, apontado pelos demais integrantes do grupo como sendo o líder do movimento neonazista no Brasil. Também foram cumpridos três mandados de busca bairro Moema, um no apartamento de luxo de Barollo e outros dois nas residências de integrantes do grupo. Nestes locais a polícia apreendeu computadores, fotos, pen drives e máquinas fotográficas com conteúdos nazistas.

Na noite desta sexta-feira (1º) a polícia encontrou uma das armas, apontada pelos integrantes do grupo preso, como sendo a utilizada por Jairo Maciel Fischer para matar Bernardo, um pistola Hi Power calibre 9 milímetros, com o registro da Polícia Federal argentina. A arma foi encontrada em Teotônia. “Ainda tentando localizar a outra arma, que foi a utilizada por João Guilherme Correa para matar Renata”, disse o delegado chefe do Cope, Miguel Stadler.

Segundo Stadler, a morte do casal está vinculada a uma disputa da liderança do movimento dos neonazistas no Brasil, que tem como fundamento a segregação e discriminação de raças tidas por eles como inferiores. “Bernardo era líder do movimento no Paraná. Ele e Renata foram assassinados por pessoas que faziam parte do mesmo grupo e divergiam especialmente de Bernardo em algumas questões, e não os queriam mais no poder”, afirmou o delegado.

A morte do casal teria sido planejada pelos seis detidos. “Barollo seria a mandante do crime, já que em 2007, Bernardo se separou do movimento liderado por Barollo em todo o Brasil por conta de desentendimentos e agora Barollo queria colocar um novo líder no Paraná para retomar o controle. A festa, marcada para o dia 20 de abril, em comemoração ao aniversário de Hitler, seria uma oportunidade para que isto acontecesse”, explicou o delegado Francisco Caricati.

De acordo com a investigação da polícia, um grupo de aproximadamente 20 pessoas de vários Estados – pelo menos Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e Distrito Federal – que são adeptas do movimento, teria se reunido em uma festa organizada pelas vítimas para comemorar os 120 anos de Adolf Hitler, ícone nazista. O encontro foi realizado no dia 20 de abril, em uma chácara em Campina Grande do Sul.

O CRIME – Por volta das 2h30 do dia 21, Bernardo e Renata teriam saído da festa na companhia de Rosana para ir até Curitiba comprar cerveja e encontrar com o namorado dela, Gustavo, que estava trabalhando até então e iria voltar para a festa com eles. No decorrer dos fatos, Rosana e Gustavo teriam brigado e as vítimas deixaram a menina em sua casa e seguiram apenas com Gustavo.

“Na verdade, a briga foi falsa e tudo já estava planejado. O papel de Rosana no crime era ir até a festa com as vítimas para identificar o carro em que estavam, atraí-los para fora da festa de madrugada e fingir que brigava com seu namorado para ficar em casa e ele seguir sozinho. Enquanto isso, desde que saíram para ir até a festa, Bernardo e Renata estavam sendo seguidos por Rodrigo, João Guilherme e uma terceira pessoa, que se comunicavam com Rosana e Gustavo a todo instante”, contou Caricati.

Após deixar Rosana em casa, as vítimas foram para um mercado com Gustavo, onde pararam para comprar cerveja. Em seguida, eles pegaram o caminho para retornar ao evento. Em determinado momento, já na BR-476, Gustavo foi acionado pelos comparsas para que ele arranjasse uma desculpa e pedisse que as vítimas parassem o carro. Assim que isso foi feito, Rodrigo, João Guilherme e a terceira pessoa também pararam o veículo em que estavam e abordaram Bernardo e Renata.

Segundo a polícia, eles estavam encapuzados, portavam armas e se passaram por policiais. “Nesse momento eles pediram que as vítimas saíssem do carro com as mãos para cima. Bernardo saiu e levou um tiro na cabeça e Renata, que não saiu do veículo, também foi atingida”, afirmou o delegado. Em seguida os quatro voltaram para Curitiba e se dispersaram.

De acordo com a polícia, todos os presos vão responder por homicídio qualificado e por formação de quadrilha e podem ser condenados a até 72 anos de reclusão. A polícia ainda investiga a participação deles em crimes de racismo e apologia ao crime.

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3 ideias sobre “A versão da polícia sobre os assassinatos dos neonazistas

  1. Frik

    Mas as operações deveriam ir mais fundo, para descobrir quem financia e quem insufla… Outros interesses estão por trás destes movimentos, a retaguarda financeira, logística, aqueles vampiros de almas que seduzem os adolescentes com estes ritos e símbolos odiosos, para que eles ajam como peões de alguma causa alienígena deletéria – o ódio de sempre, as vítimas de sempre – e sangue novo para as ações –

  2. Dora

    Lamentável uma notícia envolvendo estudantes universitários e pessoas de alto poder aquisitivo, pessoas que tiveram a oportunidade de trilhar caminhos grandiosos agora conhecerão o inferno que são os presídeos no Brasil. Parabéns aos que desvendaram este mistério(policiais) e que sirva de exemplo aos jovens que por algum momento pensem em seguir esta seita, pois o fim é certo: cadeia e morte. Afinal, como são tratados os neonazistas nas cadeias? Deviam ser tratados como os estupradores… essa é a pena de morte do Brasil.

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