Fotos de Ricardo Silva

Pouca gente fala dele, talvez porque fica em silêncio ali no bairro dos polacos, no bairro do poeta Leminsnki – e este é o seu maior atrativo: a quietude, a paz condensada no meio das árvores, espalhada nos lagos, iluminada de forma exuberante pelo sol, cujos feixes sempre banham aquela folha que só alguns conseguem enxergar. Um parque, público, mas não muito visitado por ser longe para os padrões de Curitiba, ou seja, para quem entende que nove quilômetros a partir do Centro da cidade é uma distância tão grande quanto uma ida e volta à lua. O terreno é em declive e deixar-se levar ladeira abaixo na via principal é como subir ao santuário para agradecer a Deus pela graça ali preservada. No mundo real, o Parque da Barreirinha foi criado em 1959, mas só implantado em 1972 pelo então prefeito Jaime Lerner. Para quem gosta de números: são 275 mil metros quadrados de área onde podem ser encontradas araucárias, aroeiras, manjeronas, canelas, bracatingas, pés de erva-mate e outras espécies nativas. Entre eles, com um tico de paciência, olha lá a garça-branca-gigante, o socó, o biguá, a coleirinha, a coruja, o pica-pau, o beija-flor, asabiá, o siriri, pato, marreco, ganso, galinha-de-angola, preá e gambá. Parece pouco, mas para quem sai uns dez metros da movimentada avenida Anita Garibaldi (número 6010) … Num terreno anexo, 125.380 metros quadrados, segundo a informação oficial, como uma fonte incansável de combate à aridez, à poluição em todos os sentidos, o Horto Municipal, que também leva o nome do bairro, aquele, do famoso time da suburbana de nome e fama significativos, o Combate Barreirinha, é responsável pela pesquisa e produção anual de cerca de 100 mil mudas de árvores de uma centena de espécies, em sua maioria nativas. Um dia alguém passou em frente e pensou ser aquilo tudo um clube privado. Pouca gente o conhece. Mas quem vai, volta, porque ali a paz está materializada.