18:12HORÓSCOPO

por Osman Gadoso

Aquário

Mergulhou no mergulho que a foto resgatada num baú empoeirado embaixo da cama lhe mostrou. Olhou para frente e não viu azul de mar, de céu, nem nuvens. O que se passa no hoje? Não é tão importante que remete ao salto para o passado, a cabeça a procurar alguma coisa na imensidão com pouca visibilidade? Um dia estava no planador e toda vez que a aeronave de asas imensas entrava numa corrente termal, sentia um soco por baixo e o vôo tranformava tudo no deslizar do urubu com regência de Tom Jobim. Lá de cima viu os prédios da cidade grande há quarenta quilômetros – e isso lhe lembrou um cemitério à beira-mar perto Cabo Frio. Seriam sinais de morte ou de vida? No real, produzia algo, recebia por isso, estava satisfeito. Satisfeito? Passara tanto tempo sem se questionar, e tudo surgiu de novo. No mergulho de Porto Belo. No vôo em São Luis do Purunã. No feixe de carne, nervos e ossos irrrigados por sangue e movido a ar. Seu corpo, que sustenta a mente, alma, Deus e o Diabo na tarde de um sádado qualquer.

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