por Osman Gadoso

Escorpião

A asa dura cortou por uma hora céu, nuvens e o trouxe de volta para o futuro. E ele tinha voado em busca do passado, que estava ali, a menos de uma hora. Cochilou no trajeto porque dormiu pouco de tanta ansiedade pelo retornar. Minha terra que é minha porque agora há muito mais tempo aqui do que no espaço de terra onde estreou no mundo há muito. É o lugar? São as pessoas? Ou seria minha alma neste lugar onde onde os filhos apareceram para provar que seria aqui? Isto ele pensava quando as rodas tocaram o asfalto que um dia João Paulo, o papa, beijou. Acordou. Olhou as montanhas ao longe quando desceu. E adentrou à cidade como aquele menino que um dia viajou pela Dutra ao lado do motorista de quepe da Viação Cometa e chegou à casinha tão deslumbrado em estar ali, de volta, que nunca mais esqueceu o cheiro, as cores, as pessoas ali naquela cozinha, no meio de uma noite qualquer. Era lá o lugar dele. Este mesmo que ele foi rever para voltar a este seu outro lugar. Porque a casa mesmo é a alma dentro do corpo.