7:37Horóscopo

por Osman Gadoso

Capricórnio

Sempre via o rosto da sua cidade, apesar de gostar da música que falava da esquina famosa. Há décadas tinha partido, mas tinha ficado porque a cada inspiração ela entrava na mente feito o ar que alimenta. Em forma de milhões de rostos corações e mentes. Em forma de prédios antigos do Centro Velho, ruas ladeiras e ônibus que sempre o levaram para o filme real através das janelas. E a vila? Ah, aquela vila onde nasceu, brincou, estudou e foi embora rompendo apenas o gueto da pobreza do conhecimento, mas sempre feliz por ser preso pelo amor da felicidade e dos dias em que viveu sob a proteção dos pais. Nunca se desligou dos amigos, dos vizinhos, de algumas cenas marcadas a fogo na memória. Descobriu então, depois de décadas, que só as coisas boas ficaram. E por que era feliz e por que seu trem descarrilou por algum tempo exatamente após o período que voou para longe. Por isso, voltava sempre, para andar pelas ruas que tinha andado, pelas histórias que tinha vivido e descobriu toda a importância e dimensão do recordar é viver.

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