7:17Francisco Cunha Pereira, adeus

Do site da Rede Paranaense de Comunicação (RPC):

Morreu, vítima de parada cardiorrespiratória, na noite de 18 de março, às 23h55, o jornalista Francisco Cunha Pereira Filho, diretor-presidente da Rede Paranaense de Comunicação (RPC). O velório será realizado no salão principal da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com a realização da missa às 15h30. O enterro ocorrerá no final da tarde desta quinta-feira (19), no Cemitério Municipal. Horário ainda será confirmado.

Francisco Cunha Pereira Filho estava com 82 anos. Nascido a 7 de dezembro de 1926, era filho do desembargador Francisco Cunha Pereira e de Julinda. Foi casado com Terezinha Döring Cunha Pereira e pai dos filhos Francisco Cunha Pereira Neto, Guilherme Döring Cunha Pereira, Ana Amélia Cunha Pereira Filizola e Cristina Cunha Pereira.

Advogado e jornalista, formou-se em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), no ano de 1949. Foi professor da própria Faculdade de Direito da Federal e atuou como advogado.

De acordo com minibiografia veiculada pela Academia Paranaense de Letras – da qual é membro – lecionou na Universidade do Paraná como catedrático interino, nas cadeiras de Ciências das Finanças, Direito Internacional privado e Previdência Social, entre outros. Atuou no Tribunal do Júri e fez carreira como criminalista.

Ainda no campo do Direito, militou na OAB, seccional do Paraná, tendo sido presidente do Instituto dos Advogados do Paraná.

Em 1962, assumiu a direção do jornal Gazeta do Povo e, tempos depois, da TV Paranaense, canal 12, firmando-se como empresário do campo das comunicações.

“Um paranaense de nome Francisco”

A Gazeta do Povo apresenta nesta quinta-feira, 19 de março, o documento especial “Um paranaense de nome Francisco”. O especial transita pelos 60 anos de vida pública do advogado, empresário e jornalista Francisco Cunha Pereira Filho, morto neste dia 18 de março.

Em 1962, Cunha Pereira abandonou uma bem-sucedida carreira como criminalista para ingressar no jornalismo, em parceria com o sócio Edmundo Lemanski, com o qual compra a Gazeta do Povo – então um jornal com sérios problemas financeiros.

No mesmo ano, imprime seu estilo inconfundível: transforma as dependências da empresa num espaço de diálogo com as mais diversas lideranças paranaenses. Políticos, empresários, membros de associações e da toda sorte de iniciativas da sociedade organizada passaram a participar das célebres “visitas à redação”, nas quais apresentavam seus trabalhos e, comumente, empenhavam sua palavra em causas de interesse do estado.

Em paralelo, o próprio Cunha Pereira se tornou uma figura pública, participando semanalmente de inaugurações, congressos e eventos que, de alguma forma, colaborassem para a consolidação de uma sociedade de direito.

O imenso acervo de medalhas, diplomas e condecorações que recebeu o confirmam como cidadão em trânsito: foi reconhecido pela população de bairros empobrecidos, pelas irmandades da Santa Casa e pelos escalões do governo estadual e federal.

A maior marca de Cunha Pereira, no entanto, vai ser o lançamento de campanhas carimbadas com o selo da Gazeta do Povo e, logo em seguida, pelo Canal 12. Os temas passavam pelas grandes questões econômicas do Paraná – como a produção de energia elétrica, melhoria nos transportes e industrialização sustentável -, mas também por dilemas crônicos, como a pobreza, a violência e a fome.

Praticamente sem similares no jornalismo brasileiro, Cunha Pereira desenvolveu um jornalismo capaz de discutir, provocar e promover transformações profundas na vida brasileira. Feito um visionário, antecipou a crise energética, o colapso dos aeroportos e os riscos da monocultura. Seus editoriais – tornados célebres – alimentavam debates de longo alcance, abrindo mão do jornalismo sensacionalista, vazio de idéias e de propostas. No lugar, promoveu políticas públicas, quando essa expressão era privilégio de especialistas. Era um craque.

Além de catalogar pouco mais da metade das 30 campanhas de Cunha Pereira, o documento “Um paranaense de nome Francisco” mostra a rotina do homem que – quando as impressoras quebravam – vinha madrugada adentro, de roupão e pijama, dar apoio moral aos funcionários, para que o jornal chegasse às bancas no dia seguinte.

Quando não, era ele mesmo a visitar as bancas, para saber in loco como iam as vendas e o que diziam os leitores. Tinha estilo – um estilo reverenciado por seus colaboradores.

Nesta edição, impressores, jornalistas, técnicos – e até o humilde Zelão, que um dia lhe engraxou os sapatos e conseguiu um emprego – falam da convivência com o cidadão comum que “era dono da Gazeta do Povo”. Havia quem duvidasse ao vê-lo até empurrando um carro que não pegava, como conta seu barbeiro. Mais – o marido de Terezinha Döring fazia pipas para os filhos e rezava com eles ao Anjo da Guarda antes de dormir.

Era um prazer conhecê-lo. E é um prazer ainda maior saber que sua vida mudou os rumos da História do Paraná. Serviu de exemplo. Sua alma, sua palma.

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4 ideias sobre “Francisco Cunha Pereira, adeus

  1. Laura S.

    Parabéns a Vania (Mara Welte) pela entrevista com o jornalista, publicada no caderno especial da Gazeta.

  2. Zé Mané

    Grande homem, grande paranaense. Deixa uma lacuna dificil de ser preenchida. Esteja com Deus!

  3. chik jeitoso

    Como fazer uma homenagem ao homen que revolucionou o Paraná , minha família chegou nessa terra por volta dos natais de 1977, e aqui estamos estabelicidos oriundos da Bahia, terra natal.

    Por 5 anos consecutivos gravei o Meu Paraná e durante esses 26 anos de tarologo tive sempre a honrra de no final do ano realizar minhas previsões para o ano futuro.

    hoje minha maior Previsão foi este guerreiro homen ter nacido, a sua família e funcionários , parceiros e demais desejo toda energia que ele depositou em quase um século de esxistencia.

    Como Bruxo deixo o Discurso de um outro guerreiro mundial que se compara ao Dr. Francisco Cunha Pereira Filho, e assim se comprovou com a vitória do Barack Obama, o inesqucivel Marthin Luther King.

    A sua Pessoa é um vitorioso Dr. Gram Mestre Francisco Cunha Pereira Filho e família.

    Tarologo Luiz Antonio
    Chik Jeitoso

    Minha Familia
    Meus 7 Filhos ti adimirou sempre.

    Vale a pena Lutar por uma causa, o Paraná e reconhecido mundialmente pelo futurista que lapidou esse paraná…………… Valeu Aguia Dourada. O Nosso Dr. Francisco se compara igual ou superior a luta americana que se realizou com a vitoria do primeiro negro Presidente, aqui no Brasil especificamente Paraná, só se pode falar do Paraná se o sobre nome for Francisco C.P.F.

    Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.

    Cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham murchados nas chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros.
    Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.
    Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação.
    Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram exilados em sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua vergonhosa condição.

    De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com “fundos insuficientes”.

    Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.

    Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo.
    Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia.
    Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial.
    Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.

    Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono de liberdade e igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que esperam que o Negro agora estará contente, terão um violento despertar se a nação votar aos negócios de sempre.

    Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.

    E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, “Quando vocês estarão satisfeitos?”

    Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.

    Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de você vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Você são o veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada. Não se deixe caiar no vale de desespero.

    Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

    Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença – nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.

    Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.

    Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.

    Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!

    Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

    Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.

    Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado.

    “Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.

    Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,

    De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!”

    E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.

    E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire.

    Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York.

    Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania.

    Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado.

    Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia.

    Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia.

    Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.

    Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi.

    Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade.

    E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:

    “Livre afinal, livre afinal.

    Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal.”

  4. jango

    Um homem de bem. Será sempre lembrado. O paranismo, abraçado e aplicado por ele com ética e espírito público, beneficou socialmente o povo do Paraná. Vale a pena ler o encarte da Gazeta do Povo de hoje sobre o Dr. Francisco. O Paraná não é isso que vemos no Executivo, Legislativo e Judiciário e Tribunal de Contas. Ainda bem.

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