10:08A ressurreição de Pipoca

História curitibana contada pela jornalista Vania Mara Welte: 

Nesta sexta-feira, 13, das 13h30 até quase 22 horas, “Pipoca”, uma cadelinha branca, da raça labradora, foi submetida a uma cirurgia inédita no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná. Pipoca teve a segunda vértebra, da coluna Cervical, praticamente despedaçada ao ser atropelada por um carro, dirigido por um “celerado” na Antiga Rodovia do Cerne. Exatamente no trecho povoado por muitas chácaras, onde vivem crianças, adultos e idosos.  Pipoca ainda teve o corpo arrastado por mais 10 metros, para em seguida ser abandonada, sem qualquer socorro do agressor.  Recolhida pelas pessoas que a abrigam, ela foi trazida para Curitiba em estado grave.   

Para operá-la, os doutores e professores Alexandre Schemedek e Ricardo Vilani, mais o residente, médico veterinário, André Jair Casagrande, tiveram o acompanhamento de outros 20 residentes e estagiários. Na delicada cirurgia, de “Osteossíntese de Coluna Cervical, foi necessário o uso de um microscópico cirúrgico, alugado do próprio Hospital das Clínicas, a colocação de placas e parafusos, aliados à competência, ousadia e dedicação de toda a equipe para restaurar os movimentos do bichinho.

Sem contar, ainda, o longo período de anestesia, quando o cirurgião segura nas mãos a vida, em um pacto secreto com o próprio Deus. Pela manhã, a notícia: Pipoca resistiu, se recupera e até já comeu. “Acreditamos que ela voltará a andar”, disse Casagrande. 

Em tempo: Pipoca foi a 11ª vítima, naquele trecho da Rodovia do Cerne, em menos de dois meses. A única que sobreviveu. A cadelinha escapou para a estrada, após se banhar nas águas do rio que margeia um bosque, dentro da propriedade em que vive.

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Uma ideia sobre “A ressurreição de Pipoca

  1. Marcelo Amorim

    Moro há 3 anos em uma área rural de São José dos Pinhais, no início da Serra do Mar. As estradinhas de chão de lá levam para chácaras simples, algumas “de final de semana”, mas muitas servem como moradia mesmo. Impressiona como essa região, e certamente outras tantas do entorno de Curitiba, são tratadas como “terra de ninguém”. Crimes ecológicos acontecem a granel e convivem com outros de toda sorte: derrubada de árvores centenárias, caça indiscriminada de espécies silvestres, imprudência de motoristas causando acidentes estúpidos e atropelamento de animais domésticos e silvestres, contaminação de lençóis freáticos, abandono de ninhadas de cães em lixeiras coletivas, sem falar nos casos de abuso dos que alugam chácaras para festas e que não estão nem aí para as regras de civilidade, menos ainda para o respeito à natureza. E nada de fiscalização, nada de proteção ambiental, nada de polícia, nada de nada. A maior parte das pessoas deve desconhecer o abandono em que se encontram nossas áreas ainda rurais. Mas a verdade é que a qualidade de vida de Curitiba está sendo comida pelas beiradas.

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